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Augusto Nunes

O Brasil esconde o tamanho real da epidemia

Nenhum país poderá vencer o vírus chinês sem se basear em estatísticas honestas

Augusto Nunes|Do R7

Devotos do isolamento eterno usam números absolutos para que ninguém saia de casa
Devotos do isolamento eterno usam números absolutos para que ninguém saia de casa

A apresentadora do telejornal da Globo não conseguiu disfarçar a animação ao noticiar outra façanha do exército de vírus chineses em ação por estas paragens: o Brasil acabara de ultrapassar a Bélgica no volume de infectados e de mortos pela covid-19. A jornalista não informou que o Brasil tem 210 milhões de habitantes e a Bélgica, 10 milhões. Duzentos milhões a menos.

Para os devotos do isolamento eterno, nada melhor que usar números absolutos para garantir que ou ninguém mais saí de casa ou o fim do mundo vai começar pelo Brasil. A falácia é desmentida pelo método adotado pelos especialistas sérios para avaliar a força da pandemia. Deve-se calcular o número de infectados e mortos por milhão de habitantes.

No Brasil, os casos confirmados vão chegando a 250 000, ou 1.100 por milhão. Os 60 000 infectados na Bélgica informam que lá a relação é 4.700 por milhão. Em números absolutos, o Brasil registrou nesta terça-feira 17 000 óbitos, ou 80 por milhão. Na Bélgica morreu menos gente: cerca de 9.000. Mas esse número representa 780 mortos em cada milhão de habitantes.

Nenhuma morte pode ser reduzida a um número. Mas nenhum país pode combater com sucesso a pandemia sem se basear em estatísticas honestas. As divulgadas pelas autoridades brasileiras não são.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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