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Onde foi parar o dinheiro que choveu?

Governadores e prefeitos pagaram outras contas com verbas federais destinadas ao combate à pandemia

Augusto Nunes|Do R7

Equipe médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica Casalpalocco, nos arredores de Roma, na Itália, atende os pacientes diagnosticados com a covid-19, nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2020. Funcionários do hospital estão cada vez mais alarmados com o crescente número de internações em terapia intensiva, enfatizando que os hospitais podem ter ventiladores suficientes nesta segunda onda do surto, mas não têm pessoal médico suficiente para operá-los
Equipe médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica Casalpalocco, nos arredores de Roma, na Itália, atende os pacientes diagnosticados com a covid-19, nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2020. Funcionários do hospital estão cada vez mais al... Equipe médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Clínica Casalpalocco, nos arredores de Roma, na Itália, atende os pacientes diagnosticados com a covid-19, nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2020. Funcionários do hospital estão cada vez mais alarmados com o crescente número de internações em terapia intensiva, enfatizando que os hospitais podem ter ventiladores suficientes nesta segunda onda do surto, mas não têm pessoal médico suficiente para operá-los

Em 2020, para financiar o combate ao coronavírus, o governo federal repassou R$ 33 bilhões aos 26 estados e ao Distrito Federal. Também beneficiadas pela suspensão dos pagamentos da dívida com a União, todas as unidades da federação foram poupadas de desembolsos que somariam outros R$ 33 bilhões. Como a distribuição do auxílio emergencial movimentou a economia dos municípios, a queda na arrecadação foi muito menor do que a prevista.

Essa conjugação de fatores fez com que os cofres estaduais tivessem dinheiro de sobra para reforçar sistemas de saúde acuados pelo vírus chinês. Isso não aconteceu por culpa dos governadores e prefeitos, prova um estudo da Rede de Pesquisa Solidária, divulgado pela Folha de S. Paulo na edição de 6 de março.

O jornal fez o possível para camuflar a descoberta. “Dinheiro repassado a estados parou em falta de coordenação", desconversa o título. Se estivesse interessado na verdade, o título seria outro. Por exemplo: “Governadores e prefeitos gastaram ilegalmente verbas federais destinadas à saúde”. E é preciso ler o texto com lupa para localizar informações essenciais.

Uma delas: “Os repasses de caráter emergencial se somaram às transferências que a União já faz habitualmente, por determinação da Constituição, para repartir recursos com estados e municípios. Eles permitiram que os estados tivessem à disposição, no ano passado, receitas 2,4% superiores aos de 2019”. Outra: “O aumento de gastos dos estados com saúde representou uma injeção de R$ 12 bilhões de reais no sistema público, equivalente a 27% dos R$ 45 bilhões em transferências recebidas de Brasília“. Ou seja: 73% do socorro federal saíram pelo ralo da irresponsabilidade oportunista. Os pesquisadores localizaram, entre outras estranhezas, “aumentos expressivos nos gastos dos estados com aposentadorias e pensões de servidores públicos de assistência social“.

São Paulo, por exemplo, recebeu R$ 7,8 bilhões em auxílios do governo federal. Mas as despesas com saúde cresceram apenas R$ 2 bilhões. Que fim levou o restante da dinheirama? Na maioria dos estados, o aumento de gastos com saúde foi inferior a metade do valor dos repasses emergenciais. Se governadores e prefeitos usassem R$ 35 bilhões do total remetido pelo Planalto na compra de um equipamento indispensável, o Brasil hoje teria 250 mil leitos de UTI. Como os que existem hoje não chegam a um terço disso, os governantes exigem que a União arranje mais dinheiro para bancar o combate à pandemia que recrudesceu. Primeiro deveriam ser obrigados a revelar onde torraram o dinheiro que choveu em 2020

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