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Anfavea: Indústria levará até quatro anos para se recuperar da crise

Números negativos refletem crise econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus: entrevistamos presidente da Anfavea que falou a respeito

Autos Carros|Marcos Camargo Jr

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Luiz Carlos Moraes, disse hoje em entrevista ao R7-Autos Carros que a indústria automobilística poderá levar de três a quatro anos para se recuperar da crise econômica imposta pela pandemia do novo coronavírus.

O executivo falou sobre os desafios do setor na retomada da economia ainda sob os reflexos do aumento do número de casos de COVID-19 no país. Em maio foram vendidos 56.705 veículos leves; 44.137 automóveis e 12.568 comerciais leves. Entre janeiro e maio, foram licenciados 642.453 veículos leves. A queda do mercado levou a associação a revisar a previsão de perdas para 40% neste ano.

"A perspectiva de produzirmos 1 milhão de veículos este ano mostra que iremos conviver com grande ociosidade. Considerando algumas premissas, como dólar alto, queda na confiança, vemos tudo com muita preocupação em termos de sobrevivência da indústria, da garantia de emprego e se confirmarmos esse número [de queda de 40%] a retomada será muito lenta, algo que levará de três a quatro anos", disse Moraes. Segundo o presidente da Anfavea a cadeia longa que envolve fornecedores de peças, desenvolvimento e chega ao consumo na ponta já foi duramente afetada.

Desemprego


Questionado pelo R7 sobre a previsão de desemprego no setor automotivo, Luiz Carlos Moraes comentou que "a MP 936 pode ser prorrogada, o que já está em análise pelo congresso que está atento às demandas da sociedade. Cada montadora definiu uma estratégia e o retorno às atividades foi feito em base desse mecanismo. Estoque e flexibilidade da MP 936 são alguns desses elementos. Cada fábrica é um caso e tem sindicatos diferentes. De maneira geral a garantia de emprego de emprego iria até outubro novembro mas não podemos trabalhar com esta ociosidade".

A Anfavea estima que as fábricas empreguem diretamente 1,2 milhão de pessoas. Uma das ações da associação é negociar com o governo condições de crédito que ofereçam solvência, sobretudo às pequenas empresas do setor automotivo. A Anfavea já pediu, por exemplo, desbloqueio de R$ 25 bilhões em créditos tributários para ajudar as empresas a se manterem ativas neste período agudo de crise. "Com uma ociosidade dessa grandeza as empresas estão fazendo o que é possível e nós como entidade temos que fazer esse exercício e discutir a manutenão do emprego o que vai depender da retomada da economia", completou.


Consumidor de volta às lojas: uma dúvida

Luiz Carlos Moraes disse que o momento de reabertura é crucial. Boa parte das montadoras já voltaram a produzir e segundo o executivo se nota o crescimento na demanda por motocicletas e comerciais leves, mas a demanda por automóveis é uma incógnita.


"Estavamos emplacando 11 a 12 mil carros por dia, só para dar uma dimensão dos números prévios da pademia. Agora vamos ver como será a retomada com a economia muito mais fraca. Um dos exemplos é que 1/3 da população economicamente ativa terá acesso ao auxílio emergencial então sabemos que o consumo estará muito reduzido", avalia.

Apesar disso, a volta das concessionárias e o atendimento do Detran (que em SP deve ser retomado até o final do mês de junho) podem reaquecer o comércio de automóveis.

DETRAN SP: atendimento será retomado até o final de junho
DETRAN SP: atendimento será retomado até o final de junho

"Mesmo com o otimismo dos investidores nesta semana onde se verificou alta na bolsa de volores e forte queda no dólar, o executivo disse que o momento é de cautela. "O PIB no trimestre caiu 1,5%, produção industrual caiu 18% em abril mas o consumidor não está nas lojas comprando. Maio ainda não fechou, junho não será forte e por outro lado o dolar acalmou um pouco. Vai ser um ano difícil", disse o presidente da Anfavea. "Temos que criar um mecanismo para isso [reduzir a recessão] Temos que 'achatar a curva da recessão'. Vai depender de quanto o governo estará disposto a trabalhar por isso", disse.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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