[Avaliação] 600km a bordo do SUV elétrico BYD Tan com 517 cv
Conforto, acabamento premium e desempenho de esportivo são a marca do Tan que traz também uma certa dose de exagero nos detalhes
Autos Carros|Marcos Camargo Jr. e Marcos Camargo Jr.
A BYD vem silenciosamente atuando no país há anos. Tem uma fábrica de painel solares e outra de ônibus e comerciais elétricos mas só em 2021 resolveu entrar no segmento de automóveis começando pelo topo. Após o lançamento do SUV Tan, no fim de 2021, tivemos um contato mais longo com o Crossover elétrico.
BYD Tan: SUV elétrico com mais de 500cv que você não compra no Shopee ou no AliExpress. Veja o vídeo!
Foram 600km de estrada e também na cidade com a novidade que ainda não chegou às mãos dos clientes. Mas é certo que eles terão um modelo interessante nas mãos.
O Tan chama atenção por onde passa, seja pro porte ou pelo desenho arrojado. O estilo é assinado por ex-designers da Mercedes e Audi o que lhe traz uma certa mescla de referências. São 4,87m de comprimento, 2,82m de entre-eixos e 7 lugares com 230 litros ou 940 com 5 lugares (ao deixar os assentos da terceira fila ocultos sob o assoalho).
Bem aproveitado todo o espaço interno deixa o Tan apropriado para famílias grandes ainda que os assentos adicionais sejam curtos e em posição mais baixa. A janela vigia é diminuta e dá uma certa claustrofobia. Mas nada que nenhum dos SUVs de 7 lugares ofereça.
A bordo dele o desempenho impressiona em todos os sentidos. São dois motores elétricos sendo um com 245 cv e 33,7 kgfm de torque no eixo dianteiro enquanto o traseiro tem 272 cv e 35,7 kgfm. Na soma são 517 cv e 69,3 kgfm de torque, o suficiente para acelerar de 0-100km/h em 4,8s.
Acelera como um carro esportivo e de forma equilibrada sem adernar muito em curvas e com um bom trabalho de suspensão que neutraliza buracos e imperfeições das vias. No carro é possível usar dois modos de condução que mudam (e muito) o desempenho do veículo e o consumo de energia. Os pneus são aro 22 com rodas em preto brilhante e freios são Brembo com seis pistões nas quatro rodas.
Falando em energia a promessa é que o BYD Tan tenha autonomia máxima de 487km rodando na cidade e 395km na estrada. As baterias estão sob o assoalho e são fabricadas em lítio-ferro-fosfato, no formato “Batery Blade”, sistema próprio da BYD que usa uma construção em formato de lâminas que é mais resistente e seguro.
Recarregamos o BYD Tan em um wallbox doméstico da Volvo de 7kW em 13 horas no total. Também experimentamos o carregador rápido da Porsche instalado na oficina Stuttgart em Santo Amaro, zona sul da cidade, onde a carga foi de 30 a 67% em cerca de 20 minutos, ganhando mais de 100km de autonomia nesse curto intervalo.
Na prática o Tan entrega uma ótima resposta de desempenho e conforto. A direção elétrica é até comunicativa mas não chega a ser tão eficiente como os modelos premium que o BYD quer atacar em pé de igualdade. O mesmo se pode dizer do som assinado pela Dirac enquanto o acabamento sim traz nível premium em todos os quesitos.
A bordo das viagens feitas com o Tan se nota a preocupação com a qualidade e encaixes excelentes. Há alumínio, couro, plástico e outros elementos e a entrega de tecnologia e conectividade agrada. O painel é digital e a multimídia giratória, uma das marcas registradas do Tan, tem 15,6 polegadas. O sistema ainda não está pronto para o Brasil mas a BYD promete entregar o equipamento com Apple CarPlay e Android Auto além da tropicalização dos comandos.
Vendido em pacote único o Crossover elétrico tem itens esperados como farois em LED inteligentes, abertura do carro via smartphone, assistente de estacionamento automático, porta-malas elétrico, 6 câmeras com efeito 3D e câmera onboard interna e externa, piloto automático adaptativo e de tráfego cruzado, alerta de colisão com frenagem automática, assistente de faixa e de ponto cego (bem alto por sinal), teto solar panorâmico e bancos dianteiros com resfriamento e aquecimento.
A bordo do Tan notamos que tudo foi pensado para o conforto e para transmitir o posicionamento premium deste produto. Os bancos são largos, o volante é grande e a posição de dirigir bem elevada. Além da direção que é responsiva como esperado fica a sensação interna de “muita informação” com os emblemas BYD em todos os lugares, do tapete ao volante e inscrições em chinês. Os alertas de voz como o “fasten your seat belt for your Safety” (aperte o cinto de segurança para sua segurança) vem carregado de um sotaque oriental bem como os alertas soam um pouco exagerado e o “Build your dreams” (construa seus sonhos) presente na tampa do porta malas e na saída traseira de ar condicionado nem precisariam estar ali.
Mas o BYD Tan está no patamar de conforto e desempenho para impressionar seus compradores. Custa R$ 487 mil, um pouco abaixo em preço dos Crossovers elétricos premium como Audi e-Tron, Mercedes EQC e mais do que o Volvo XC40 e C40. A marca vai chegar a 35 concessionários até o fim do ano e vem nomeando grandes grupos comerciais para sua primeira fase de expansão. O BYD Tan sem dúvida é um legítimo representante desse início de uma ofensiva da marca que já está no país há sete anos.
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