[Avaliação] Renault Captur 1.3 empolga, mas mudanças vieram tarde demais
Motor 1.3 litro turbo de até 170 cv faz o SUV compacto ser ágil, porém, mudanças vieram tarde e lista de itens de série não acompanha concorrentes
Autos Carros|Do R7
No amplo universo dos crossovers esse tipo de veículo já representa pouco mais de 1/4 do nosso mercado. Só em março 134.904 crossovers foram vendidos, segundo a Fenabrave. E a Renault joga com a dupla Duster e Captur que ganharam uma importante mudança ao adotar o motor 1.3 TCe turbo.
JÁ ANDEI COM O NOVO CAPTUR TURBO 1.3 de 170cv! Veja o teste na cidade e na estrada: SURPRESA! Veja o vídeo!
Depois de quatro anos, em 2021, a marca resolveu atualizar o Captur, que ganhou uma leve alteração visual e um ímpeto extra com este propulsor. Contudo, a maior mudança foi no coração do modelo, que passou a ser equipado apenas com o novo motor 1.3 turbo, desenvolvido pela Mercedes-Benz em parceria com a Renault, que entrega até 170 cv com torque máximo de 27,5 kgfm. Com todo esse histórico, o R7 Autos Carros ficou uma semana com o Renault Caput para saber quais são as qualidades e limitações deste crossover compacto que disputa por uma concorrida fatia de mercado.
Motorização empolgante
O que é mais empolgante no novo Renault Captur é, sem dúvida, o motor de 1.3 litro 16V turboflex com injeção direta de combustível, que entrega 162 cv com gasolina e 170 cv com etanol. O torque máximo é de 27,5 kgfm para os dois combustíveis. A transmissão é automática do tipo CVT que simula oito velocidades.
Com esses atributos, o SUV compacto é ágil como um hatchback. Por isso, ao acelerar ele consegue sair da inércia sem nenhum sufoco, bem como não há problemas com a retomada mas com o câmbio que demora a entregar potência. Mas para um uso familiar ele surpreende especialmente na estrada trabalhando de forma “aliviada” com desempenho e baixo consumo. Desta forma, se você procura comprar um modelo que tenha agilidade para enfrentar o trânsito do cotidiano, certamente, o Captur é uma boa escolha.
Em relação ao consumo, o crossover, que foi abastecido apenas com etanol, cumpriu o que diz a etiqueta do Inmetro. Ou seja, faz 7,5 km/l na cidade e 8,3 km/l na estrada. Pode parecer um número bom, mas se olhar para outros veículos desse segmento, o Captur ficará bem distante do Chevrolet Tracker, que com etanol faz 8,2 km/l no trecho urbano e 9,6 km/l no trecho rodoviário. Inclusive, o crossover da GM é o mais econômico vendido por aqui, mas de longe não empolga como o Captur. O mesmo se pode dizer do Volkswagen Nivus e T-Cross 1.0 turbo, Nissan Kicks 1.6 (aspirado), Fiat Pulse 1.0 turbo e Hyundai Creta 1.0 TGi deixando o Captur em uma categoria superior mais alinhado ao novo Jeep Renegade 1.3 turbo, Hyundai Creta 2.0 Nu (aspirado) e T-Cross 250 1.4 turbo TSi.
Outros dados importantes deste motor é que ele possibilita ao Captur fazer de zero a 100 km/h em apenas 9,2 segundos quando abastecido com etanol e 9,5 segundos quando abastecido com gasolina. A velocidade máxima é de 190 km/h. Entre os modelos compactos, ele está mesmo alinhado aos que mais andam neste segmento.
O que não empolga
Se a motorização arranca suspiros, o mesmo não se pode dizer do acabamento, do espaço interno e da tecnologia da central multimídia. Hoje em dia, todo mundo tem um smartphone, que conecta tudo e todos ao mesmo tempo sem fio, o que não acontece com o novo Renault Captur. Apesar de ter uma central multimídia de 8 polegadas com o sistema Easy Link, que permite fazer a configuração de até 6 usuários, a conexão com o Android Auto e Apple CarPlay é apenas com cabo, justamente na era de ouro do wireless.
Outro ponto negativo é o painel de instrumentos, que mescla digital com analógico. A visualização do velocímetro digital é fácil de enxergar. Agora, as informações do computador de bordo são pequenas, o que atrapalha na visualização. Sem falar que os concorrentes já contam com um amplo painel digital nas versões topo de linha como o Captur avaliado.
Já o interior tem muito plástico duro e, mesmo com acabamento soft touch em alguns pontos, não agrada. Embora, os bancos dianteiros e traseiros sejam bem confortáveis e largos, o espaço traseiro é mínimo e permite levar só duas pessoas com conforto no segundo assento. Mas há duas saídas USB para os passageiros traseiros como uma “prêmio de consolação” pelo aperto interno. Se por um lado seu visual externo segue atual e agrada, por dentro o Captur parece que esqueceu de evoluir.
Medidas e equipamentos
O novo Captur tem 4.379 mm de comprimento, 2.673 mm de entre-eixos, 1.813 mm de largura e 1.619 mm de altura, sem mudanças em relação ao modelo antigo. Agora, se você, leitor, é uma pessoa que viaja muito e carrega muita bagagem, o SUV da Renault é uma boa escolha, uma vez que tem o maior porta-malas da categoria com 437 litros. O segundo lugar fica com o Nissan Kicks com 432 litros, logo atrás vem o Hyundai Creta com 422 litros. O novo Jeep Renegade tem 385 litros. Já o Chevrolet Tracker tem 393 litros e o Volkswagen T-Cross pode levar até 373 litros.
O modelo avaliado vem equipado com sistema Multiview com quatro câmeras, o que ajuda bastante nas manobras e com o sistema de som premium Bose, que tem seis alto-falantes, subwoofer e amplificador digital exclusivo. O crossover ainda traz partida do motor à distância, sensor de ponto cego nos retrovisores, volante com comandos integrados, quatro airbags, controle de estabilidade, câmera e sensores de estacionamento traseiros, luzes de circulação diurna, controle de tração, assistente de partida em rampa, sensor de pressão dos pneus, chave cartão, luzes de circulação diurna, piloto automático, sistema Star&Stop, entre outros. A lista é boa, mas faltam itens como alerta e frenagem automática, sensor de fluxo cruzado e até controle de cruzeiro adaptativo que alguns concorrentes da mesma faixa de preço oferecem.
Mercado real do Captur
O novo Captur está bem atrás de todos os concorrentes citados nesta matéria em número de vendas. Apenas em março a Renault vendeu 595 unidades do modelo e 1.682 unidades no primeiro trimestre do ano, o que é muito pouco ao se comparar com o Volkswagen T-Cross, que é o líder de vendas com 6.549 unidades compradas no mês passado e 15.588 unidades negociadas no acumulado do ano. O Hyundai Creta é o segundo mais vendido com 4.238 unidades emplacadas em março e 12.667 unidades licenciadas entre janeiro e março. Já o Jeep Renegade é o terceiro mais adquirido com 3.789 unidades comercializadas em março e 11.103 unidades vendidas no acumulado do ano. Por fim, o Chevrolet Tracker foi o quarto mais adquirido com 4.748 unidades e 10.683 unidades comercializadas nos três primeiros meses do ano. Os dados são da Fenabrave. É uma pena que uma mudança tão relevante na motorização não tenha se traduzido, até agora, em fôlego para acelerar nas vendas.
Em relação ao preço, a versão topo de linha Iconic é comercializada por R$ 159.290. Apenas o Volkswagen T-Cross Highline é mais barato, já que é vendido por R$ 158.350. O Jeep Renegade na opção topo de linha Trailhawk sai por R$ 164.136 e o Hyundai Creta na configuração Ultimate é oferecido por R$ 160.990. Na faixa dos concorrentes, o Captur vai se destacar no desempenho, mas ficará devendo alguns equipamentos que os concorrentes, especialmente os de bom desempenho como ele, já oferecem.
*Em colaboração Felipe Salomão
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