Prestes a completar 40 anos de vida o Toyota Camry sempre teve vida discreta no mercado brasileiro. Grande para os nossos padrões e com motor de alta potência, seu foco está nos Estados Unidos onde ele vende, em média, em 25 mil unidades por mês acima do próprio Corolla que esse ano estreou nova geração por aqui. Também vendido no Brasil, o R7 Autos Carros avaliou o Camry para responder à pergunta: o Camry ainda vale a pena após o lançamento do novo Corolla?
Conservador? Nem tanto
O estilo do Camry define bem sua proposta. Ele é arrojado, de pretensão esportiva sem esconder a origem nipônica da marca. Farois afilados, lanternas que percorrem as quinas, tudo superdimensionado como exige um carro feito para o mercado norteamericano. São 4,88m de comprimento, 1,84m de largura e 1,45m de altura. O entre-eixos, generoso, tem 2,82m. Além disso há 593 litros de porta malas e conjunto de pneus com rodas raiadas aro 18.
O acabamento interno é outro ponto de destaque mesclando muito couro, superfícies metálicas e pouco plástico. O console central define bem o espaço do motorista e do passageiro. Os bancos em couro tem ajustes elétricos e ótima amplitude. Já o painel, mesmo completo, é aceitável em termos de visual e controles.
Há computador de bordo e informações da multimídia enquanto na tela central de 8 polegadas há comandos de som, entrada USB, Bluetooth e até um discreto CD no topo que sem olhar com atenção, o motorista sequer vai reparar. Apesar do GPS, falta conectividade com Android Auto e Apple CarPlay.
Atrás, espaço farto, saída de ar condicionado, a persiana embutida no acabamento da porta e o descansa braço central com o esperado bom acabamento completam o conjunto.
Motor potente aspirado
O Toyota Camry adota o potente V6 3.5 litros aspirado com novo variador de fase para as válvulas de admissão. Produz 310 cv e 37,7 kgfm de torque a 4.700 rpm. O câmbio é automático de oito marchas com função Sport na alavanca. Ao rodar com suavidade, ganha a a indicação de "Eco" no painel. O consumo aferido durante o teste do R7 Autos Carros foi de 8,1km por litro de gasolina. Nada mal para seus 1.620kg. Em tempos de motores turbo e híbridos, o Camry se mostra conservador com esta solução mas não inova.
Com isso, o rodar do Camry é macio e confortável e apesar de grande, as curvas são precisas embora o motor leve um pouco de tempo para responder. Um motor seis cilindros que se preze entrega o típico ruído metálico envolvente e no Camry isso só pode ser sentido ao pisar fundo. O silêncio se destaca.
O que lhe falta?
Com tanto conforto e potência alguns itens fazem falta como a frenagem automática de emergência, coisa que os concorrentes trazem como o Honda Accord e o Volvo S60. O motor aspirado também fica devendo em desempenho para os mesmos rivais que já adotam tecnologia atualizada.
No painel, nada além do convencional e a multimídia fica devendo na interface antiquada e na conexão com Android Auto e Apple CarPlay. Os sistemas de condução semiautônoma do Accord, visão de ponto cego, sensor de manutenção em faixa e a própria frenagem autônoma e controle de cruzeiro adaptativo cairiam bem ao Toyota.
Vale a pena? O Camry é feito para consumidores que não querem um SUV, apreciam o desempenho do robusto motor V6 mas não fazem questão de conectividade. Diante do novo Corolla, ele realmente precisa de atualização. A nova versão XLE 2020 à venda nos Estados Unidos mantém o motor 3,5 litros V6 mas com 301cv e sistemas de condução semiautônoma. Quem sabe esteja disponível no Brasil no próximo ano.
No Brasil além do Honda Accord e Volvo S60 o Toyota Camry enfrenta a também discreta presença do Volkswagen Passat. Nesta faixa de preço (R$ 200 mil) há também a opção de sedãs premium de menor porte como o BMW Série 3, Audi A4 e Mercedes-Benz Classe C.