Stellantis vai fechar fábrica nos EUA para reduzir custos
Tradicional SUV, Cherokee fica ameaçado e pode sair de linha; Stellantis cita dificuldades de fornecimento de peças e crise de demanda
Autos Carros|Marcos Camargo Jr. e Marcos Camargo Jr.
A Stellantis, dona das divisões Chrysler, Jeep e Dodge nos Estados Unidos, anunciou o fechamento da fábrica de Belvidere, no estado de Illinois, que seria vital na estratégia de eletrificação do grupo seguindo a diretriz imposta pela administração Joe Biden. A meta é que o mercado de carros elétricos seja 50% do volume total dentro de 7 anos, meta difícil de alcançar tendo em vista a persistente escassez de microchips e matéria prima para esses veículos nos EUA.
A fábrica que emprega 1.350 pessoas é responsável pela produção do Cherokee, produto tradicional da linha Jeep, desde 2017. O volume total produzido na unidade que existe desde 1965, vem caindo nos últimos anos e a Stellantis chegou a citar que a fábrica seria importante no processo de transição energética da empresa. O anúncio pegou o mercado de surpresa.
Em um comunicado a Stellantis diz que “foi afetada adversamente por uma infinidade de fatores, como a atual pandemia de covid-19 e a escassez global de microchips, mas o desafio mais impactante é o custo crescente relacionado à eletrificação do mercado automotivo”.
O anúncio pegou o mercado de surpresa uma vez que há seis meses a Stellantis anunciou um plano de eletrificação a partir de um investimento de US$ 35,5 bilhões até 2025 paga desenvolver e lançar novos produtos. Há dois meses a Jeep também deixou a joint-Venture com a GAC e retirou a presença da marca no mercado chinês. Apesar das notícias recentes a Stellantis mantém o plano de construir uma fábrica de baterias para carros elétricos no Canadá em 2023.
Cherokee pode sair de linha
Quanto ao futuro do Cherokee, Jodi Tinson, porta-voz da Stellantis, disse que “é um importante veículo no lineup e vamos continuar comprometidos a longo prazo com este segmento de SUVs médios”. As vendas do Cherokee que em 2018 chegaram 200.000 unidades produzidas nos EUA, em 2022 não chegarão 40.000 unidades.
Sindicatos reclamam
Os sindicatos locais mostraram sua instalação com a decisão da empresa que já anunciou as demissões que devem se prolongar até seis meses após o fechamento da unidade. “Estamos todos profundamente perplexos com a decisão da Stellantis de fechar a fábrica de Belvidere, sem um plano para produtos futuros”, disse a vice-presidente do sindicato, Cindy Estrada. “Existem muitas plataformas de veículos importadas de outros países que poderiam ser construídas em Belvidere, com habilidade e qualidade pelos membros do UAW (sindicato dos trabalhadores) em Belvidere.”
A vice-presidente disse à imprensa local que “empresas como a Stellantis recebem bilhões em incentivos governamentais para fazer a transição para energia limpa, e é um insulto a todos os pagadores de impostos que eles não estejam investindo esse dinheiro de volta em nossas comunidades”.
Falta de componentes para os elétricos
Apesar da meta ousada estabelecida pelo governo Biden, parte das montadoras reclamam da falta de comprometimento com investimentos para desenvolver os modelos elétricos como produtos de volume.
Edward Anderson, professor da Universidade do Texas, disse ao jornal The Street que além da falta de componentes como lítio para produção de baterias, as montadoras enfrentam dificuldade de obtenção de matéria prima e uma insistente falha nas entregas de microchips, vitais para produção de carros elétricos nos EUA.
Para especialistas a conversão de fábricas antigas de carros a combustão para a produção de modelos elétricos não é simples além de muito mais cara. Assim, é mais fácil e barato produzir carros elétricos em fábricas novas e mais compactas.