O ex-presidente Jair Bolsonaro não vai comentar a delação do ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid. Sem acesso às falas de Cid, o ex-presidente se limitou a emitir uma nota em que não confronta as informações de Cid e diz que atuou dentro das "quatro linhas da Constituição". A nota é assinada pelos advogados Fabio Wajngarten, Daniel Bettamio Tesser e Paulo Amador da Cunha Bueno e diz o seguinte:A defesa do Presidente Jair Bolsonaro, diante das notícias veiculadas pela mídia na data de hoje sobre o suposto conteúdo de uma colaboração premiada, esclarece que:1. Durante todo o seu governo jamais compactuou com qualquer movimento ou projeto que não tivesse respaldo em lei, ou seja, sempre jogou dentro das quatro linhas da Constituição Federal;2. Jamais tomou qualquer atitude que afrontasse os limites e garantias estabelecidas pela Constituição e, via de efeito, o Estado Democrático de Direito.3. Reitera que adotará as medidas judiciais cabíveis contra toda e qualquer manifestação caluniosa, que porventura extrapolem o conteúdo de uma colaboração que corre em segredo de Justiça, e que a defesa sequer ainda teve acesso. Em um dos anexos da delação premiada, Mauro Cid disse que Bolsonaro recebeu do ex-assessor Filipe Martins uma minuta de golpe com base numa visão distorcida do artigo 142 da Constituição. O ex-presidente, segundo Cid, teria se reunido com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e apenas o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria dito que as tropas da Força estariam prontas para agir. Parlamentares, principalmente a relatora da CPMI do dia 8 de janeiro, a senadora Eliziane Gama, querem convocar o almirante Garnier para prestar esclarecimentos na CPMI. O Blog apurou com fontes que, no fim do ano passado, houve no Palácio do Alvorada mais de uma reunião de Bolsonaro com os comandantes das Forças Armadas. O almirante Garnier sempre foi o mais alinhado ao governo do ex-presidente. Vale lembrar que o ex-comandante da Marinha não participou da transmissão do cargo ao sucessor, almirante Marco Sampaio Olsen.