Brasileiros em Israel têm bunker preparado e rota de fuga em caso de ataque do Irã: ‘Não dormimos mais’
País é atacado pelos inimigos quase todos os dias; brasileiros contam as suas rotinas
A rotina da guerra em Israel, que há 10 meses vem travando uma batalha contra o grupo terrorista Hamas, vem tirando a paz do brasileiro Luiz Kreimer. “Enquanto eu estou falando com você, meu celular está apitando: mais um míssil vindo para cá”.
Desde que os terroristas invadiram o país, em outubro do ano passado, e mataram mais de 1200 pessoas, tudo mudou para pior. “É míssil o dia inteiro. É míssil a madrugada inteira. Não é possível traçar projetos.”
Ele mora há oito anos em uma pequena cidade na região central de Israel. Trabalha com turismo e transportes. Viaja por todo o país. Além do medo, ele sofre também com a paralisação de alguns setores do país.
“Em guerra é assim: sem turistas, sem dinheiro. Israel é um lugar muito bom, excelente. Não tenho o que falar. Mas o que me deixa preocupado: ele está localizado perto de inimigos.”
Esses inimigos agora se uniram. E vêm atacando Israel quase todos os dias. De tudo quanto é jeito: com mísseis, agentes infiltrados e até drones suicidas. Todas essas forças são lideradas por um país: o Irã.
Sob o comando do Aiatolá Khamenei, os persas criaram um eixo de combate com três grupos terroristas: Hamas (em Gaza), Hezbollah (no Líbano) e Houthis (Iêmen). Cada um em um ponto do Oriente Médio, mas com o mesmo objetivo: destruir o estado de Israel.
E quem está no país, entre eles os mais de 10 mil brasileiros, agora vivem assustados de que o próximo ataque seja o último.
“Tem me tirado o sono, tem afetado a nossa ansiedade. Muitos aqui têm procurado ajuda psicológica, psiquiátrica. A gente não sabe o dia de amanhã”, diz Luiz Kreimer.
O brasileiro conta também que a população tem acesso a um aplicativo no celular que avisa quando o míssil está se dirigindo à cidade e o horário. Nesse caso, há tempo de buscar um abrigo.
“Eu tenho um quarto de segurança em casa, que é blindado. Então, se um míssil vier para minha cidade, vai tocar a sirene e corro para o quarto. Me tranco e espero passar.”
Essa também é a situação da brasileira Michele Azicoff, que mora em Haifa, no norte de Israel. No caso dela, o abrigo de segurança para emergências fica dentro prédio. A enfermeira conta que já se preparou para um ataque.
“Tenho uma mochila com coisas necessárias já na porta de casa. Se tocar a sirene pego ela e desço correndo. Nela tem documentos, passaporte, remédios, comida como biscoito e atum e uma muda de roupa”
Ela diz que a iminência de um ataque do Irã tem tirado o sono de todo mundo. Michele conta ainda do drama de alguns brasileiros.
“Dependendo da região que você mora, tem que ir para o abrigo imediatamente. Você tem 15 segundos, tem 30 segundos. Quanto mais longe da fronteira, mais tempo você tem pra correr. Se é muito pertinho da fronteira nem dá tempo. Por isso que várias cidades do norte já foram evacuadas desde o início da guerra”.
Eu conversei com a Michele por vários dias. Depois que a situação piorou, ela resolveu ficar com a filha, professora, que mora em Jerusalém, mais ao centro do país.
“Fiquei com medo de ficar lá sozinha, sem a minha filha. Está cada vez mais tenso, estou com medo.”
Outros brasileiros também mandaram mensagem falando sobre o receio de morrer, de perder parentes ou mesmo virar um refém em caso de uma nova invasão. Lembrando que o Hamas ainda mantém, há dez meses, provavelmente em túneis em Gaza, mais de cem reféns, entre eles crianças e idosos. O medo não tem fim.
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