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Blog do Zamataro

Político alemão que flerta com o nazismo pode chegar ao poder esse ano

Björn Höcke é considerado “fascista” pela justiça e monitorado de perto pelo serviço secreto alemão. Por que devemos falar sobre ele?

Blog do Zamataro|Luiz Felipe ZamataroOpens in new window


Björn Höcke é considerado “fascista” pela Justiça

“Alles für Deutschland”. Ou em português, “Tudo pela Alemanha”.

A frase foi dita pelo líder da extrema-direita Björn Höcke durante um discurso inflamado para cerca de duzentos apoiadores na região central do país.

A olho nu seria só o discurso de um político exaltando a pátria. Mas não é bem assim. “Tudo pela Alemanha” é o slogan usado pelo grupo Sturmabteilung, ou SA, a tropa de choque do regime nazista de Adolf Hitler, na década de 40.

O grupo paramilitar era considerado extremamente violento, assassino, baderneiro e defensor ferrenho do Fuhrer. No Terceiro Reich, eles tinham poder de polícia. Uma milícia ideológica que ajudou a construir e pavimentar o nazismo em toda Alemanha.


Porém, com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a SA e todas as outras organizações nazistas foram banidas da Alemanha. Incluindo qualquer propaganda que siga a ideologia nacional-socialista. Claro, isso vale para o slogan “Tudo pela Alemanha”.

Höcke foi processado pelo Estado, mas não se abalou. Reuniu a imprensa e disse ser vítima de perseguição política. Em depoimento perante ao júri, ele argumentou que se soubesse de que se tratava o slogan da SA, “certamente não o teria usado”. Mas o juiz não aceitou os termos e disse que Höcke, um ex-professor, sabia muito bem o que queria dizer. E citou o histórico dele, que depõe contra o político.


Em 2017, Höcke ficou conhecido na Alemanha quando criticou o Memorial ao Holocausto, que fica em Berlim. Ele se referiu ao local, que homenageia os 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas, como um “monumento da vergonha”. Nesse mesmo ano, criticou a maneira como os alemães lidam com a herança da ditadura de Hitler. “Precisamos de uma virada de 180 graus na política de memória”.

No ano seguinte, ele publicou um livro com pensamentos e voltou a “flertar” com os nazistas. Em um trecho, ele diz que é errado que Adolf Hitler seja tratado como “maligno”. Em outro ponto, o político diz que é necessário um “novo líder” na Alemanha e, que o país, está “ameaçado de morte” por meio da imigração - um dos principais pontos da extrema-direita.


Em 2019, Höcke entrou na justiça e pediu reparação por ter sido chamado de “fascista”. O tribunal negou e disse que as afirmações de Höcke são, sim, consideradas fascistas. Ou seja, a própria justiça da Alemanha bateu o martelo sobre as posições dele.

Um dado importante: no momento, o partido de Höcke, AFD, lidera as intenções de votos no estado deles, a Turíngia. Na última pesquisa, eles já têm 30% do apoio desse eleitorado. Na Alemanha, estima-se que os aliados de Höcke já estejam com 15% de apoio - o que vem causando medo em todo o país e na Europa também.

Sobre o processo da frase “Todos pela Alemanha”, Höcke foi condenado somente a uma pena de pagamento de multa, mas não perdeu os direitos políticos. Höcke pode se candidatar já esse ano e anunciou que deseja ser governador do estado.

Só uma observação: quando tomaram o poder, os nazistas também começaram pequenos, com discursos radicais e foram crescendo. Chegaram ao poder pela democracia. O resto é história.


Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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