Putin e Kim: O que está por trás desse encontro misterioso entre presidentes da Rússia e da Coreia do Norte?
A reunião entre os dois líderes vem sendo tratada como uma aliança comum. Mas há muita negociação obscura por de trás dos sorrisos.
Existe um ditado antigo que diz que há pessoas que não dão ponto sem nó. Com certeza esse é o caso do presidente russo Vladimir Putin. Essa mais nova aventura dele em terras norte-coreanas não é um simples passeio ou mesmo uma visita ao velho amigo Kim Jong-Un.
Putin não pisava na Coreia do Norte há 24 anos. E viajou para o país mais fechado do mundo por vários motivos. Muitos deles não vão ser divulgados pelos dois líderes. Eu explico.
O primeiro e mais importante tema: o tratado de assistência mútua em caso de agressão. Ou seja, se a Rússia for atacada, os norte-coreanos vão entrar no conflito. Lembrando que o país asiático está no restrito grupo das nações que possuem armas nucleares.
Outro ponto importante: em silêncio, os russos devem continuar comprando armamento do regime comunista. Por conta das sanções americanas, Kim ficou sem ter o que fazer com elas. Agora, tem uma saída para “escoar” as armas e, assim, dar um fôlego novo ao regime. Para a Rússia, é o plano perfeito, já que vão pagar um valor um pouco abaixo do mercado.
Esse ponto é sensível para as relações internacionais. Há indícios concretos que armas coreanas foram usadas pelos russos na guerra contra a Ucrânia. Importante ressaltar: em 2006, o Conselho de Segurança da ONU, do qual a Rússia faz parte como membro permanente, aprovou sanções aos norte-coreanos na área militar. Putin votou a favor pelas restrições. Por isso, nada será passado em público.
Outra preocupação da comunidade internacional e, principalmente, da vizinha Coreia do Sul - a forma de pagamento dessas armas. Há indícios que a Rússia possa transferir petróleo e alimentos para Kim Jong-Un. Analistas acreditam que essas negociações podem reativar a economia dos asiáticos.
Mas o que vem tirando o sono dos Estados Unidos é o receio que, para bagunçar o jogo político, Putin possa trocar segredos nucleares com Kim. E reforçar as armas do ditador norte-coreano.
Para encerrar, outro ponto positivo para Pyongyang nessa visita. Com o avanço da aliança com Moscou, o ditador fica mais independente do então único país que ajuda os coreanos a se manterem de pé: a China. Kim consegue agora se movimentar mais no xadrez internacional. A dinastia consegue uma sobrevida. E a Rússia segue sendo peça-chave na geopolítica. Ponto (de novo) para Putin.
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