Christina Lemos Sob guerra instalada, Copom discute Selic na semana que vem

Sob guerra instalada, Copom discute Selic na semana que vem

Situação inédita de turbulência internacional deve pautar resposta do comitê. Pressão se amplia, com escalada de preços de petróleo e grãos

Banco Central: desafio de controlar a inflação sob cenário de guerra

Banco Central: desafio de controlar a inflação sob cenário de guerra

EBC

Pela primeira vez desde a sua criação, o Comitê de Política Monetária se vê diante da necessidade de definir a nova taxa básica de juros da economia brasileira num cenário internacional de grande imprevisibilidade, provocada por uma guerra regional, mas com impacto global — o conflito entre Rússia e Ucrânia, no Leste Europeu. Com o esperado impacto do confronto sobre a oferta das commodities, principalmente aquelas em que a Rússia tem peso particular, como petróleo, trigo, fertilizantes e minerais, a pressão sobre os preços é considerada inevitável, com reflexos sobre a inflação no Brasil.

A Selic — o principal instrumento de controle inflacionário — está em 10,74% ao ano. Esse índice foi definido em 2 de fevereiro, quando o cenário de guerra ainda estava longe de se consolidar e as oscilações financeiras eram oriundas apenas de ameaças retóricas dos grandes líderes mundiais. O ambiente instalado hoje — no décimo segundo dia de conflito — é completamente diferente, principalmente diante das sanções internacionais impostas à Rússia.

A última decisão do Copom, ao elevar a Selic de 9,25% para 10,75%, no início de fevereiro, representou a oitava alta consecutiva do balizador financeiro. A completa mudança do ambiente econômico torna a tarefa mais difícil. A expectativa entre agentes econômicos é de manutenção prolongada do cenário de instabilidade e imprevisibilidade. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda, no entanto, o mercado manteve suas expectativas quanto à Selic — de 12,25% ao ano em 2022. Mas subiu as de 2023, de 8,00% para 8,25%.

O quadro internacional de instabilidade foi agravado nesta segunda semana de guerra após declarações de autoridades americanas acerca da possibilidade do bloqueio ao petróleo russo — o que fez o preço do barril do óleo brand escalar a US$ 139 no fim de semana, recuando para US$ 123 nesta segunda.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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