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Crônicas de Stoliar

A escravidão do século 21

Jovem negro é arrastado por moto de policial. 'Só vi cenas como essa em filme sobre a escravidão', diz ouvidor

Crônicas do Stoliar|Do R7

Homem corre algemado a moto
Homem corre algemado a moto

Um jovem de 18 anos, negro, pobre e semianalfabeto corre desajeitado atrás da moto de um policial. Uma cena improvável ou, no mínimo, estranha... Não é mesmo?!

Mas aconteceu. Foi na ciclofaixa de uma avenida movimentada da zona leste de São Paulo e um homem que passava de carro gravou tudo pelo celular. Novos tempos...

O rapaz estava algemado pelo braço ao bagageiro da moto. Enquanto o policial pilotava para levar o preso de volta ao local do acidente, provocado momentos antes, o jovem era obrigado a correr para não ser arrastado. Imagino como deve ser estressante a vida do policial, mas todos precisamos cumprir as leis.

300 anos atrás, quando ainda havia escravidão no Brasil (Nem precisaria voltar tanto... A escravidão foi abolida em 1888 no Brasil), essa era uma cena comum. Os negros que fugiam das atrocidades dos senhores de engenho, eram recapturados pelos capitães-do-mato e arrastados de volta pra senzala.


Essa analogia ouvi durante a reportagem do caso ao entrevistar o ouvidor das polícias de São Paulo. Um advogado criminalista, negro, de meia idade, com experiência no cotidiano policial. 

O rapaz preso na zona leste em Dezembro de 2021, havia acabado de furar uma blitz da polícia, ser perseguido pela rua e bater com a moto numa ambulância. Na hora de registrar o B.O, os policiais contaram que havia onze tabletes de maconha no bagageiro da moto do rapaz (que foi abandonado por ele na fuga), mas omitiram a maneira como foi feita a abordagem... O interessante foi a seletividade dos fatos. Velhos tempos...


A verdade é que o jovem negro e pobre já havia sido julgado, condenado e punido.

Já pensou se vira moda?

PS: O rapaz teve a prisão preventiva decretada. Agora está nas mãos da justiça, não mais do justiceiro.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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