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Afonso Paciléo

Posso ser demitido durante as férias?

Conheça os direitos do trabalhador durante o período de descanso

Empreendendo Direito|Afonso PacileoOpens in new window

Férias: momento de descanso do trabalhador Imagem criada por IA via Visual Electric

As férias representam um dos momentos mais esperados pelos trabalhadores. Esse direito, garantido pela legislação brasileira, oferece um período de descanso remunerado indispensável para a saúde mental e física, além de ser uma oportunidade para recarregar as energias.

Contudo, o que deveria ser sinônimo de tranquilidade pode se transformar em preocupação para quem enfrenta o medo de uma possível demissão.

Mas será que a demissão durante as férias é permitida? E o que fazer caso o empregador tome essa decisão?

O que a lei diz sobre as férias?

De acordo com o artigo 129 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), todos os trabalhadores com carteiraassinada têm direito a 30 dias de férias remuneradas após 12 meses de trabalho, conhecidos como período aquisitivo.


Essa é uma forma de preservar o bem-estar do empregado, permitindo-lhe usar esse tempo para descanso, lazer e outras atividades que o ajudem a retornar ao trabalho mais produtivo e equilibrado.

Ao tirar férias, o trabalhador deve receber:


  • Salário integral correspondente ao período de férias;
  • Adicional de ⅓ sobre sua remuneração, previsto pela Constituição Federal;
  • Abono pecuniário, caso tenha optado por converter até 10 dias de férias em dinheiro.

Além disso, a legislação determina que as férias podem ser divididas em até três partes e as datas devem ser aquelas que melhor atendam aos interesses do empregador.

Posso ser demitido durante as férias?

Não!


A lei trabalhista proíbe a demissão durante as férias. Essa proteção existe porque ao longo das férias o trabalhador está, por definição, afastado do ambiente de trabalho e desconectado das obrigações laborais. Portanto, considera-se que o contrato está interrompido.

Se o empregador deseja encerrar o contrato, ele deve aguardar até o primeiro dia útil após o retorno das férias para realizar a notificação. Caso contrário, a demissão é considerada ilegal e gera o direito à reintegração do funcionário ou ao pagamento de indenizações por danos morais e materiais.

No entanto, há situações excepcionais em que a demissão pode ocorrer, como veremos a seguir.

Demissão por justa causa durante as férias

Embora a demissão durante as férias seja proibida, há uma exceção importante: a demissão por justa causa.

A justa causa é aplicada quando o trabalhador comete uma falta grave, que compromete irreparavelmente a relação de confiança entre as duas partes e inviabiliza a continuidade do vínculo empregatício.

Algumas situações que justificam essa demissão são os atos de improbidade, como roubo e fraude, e violação de informações sigilosas ou estratégicas da empresa, comprometendo a segurança ou a competitividade da mesma.

Nesses casos, o empregador deve ter provas concretas e seguir o procedimento legal adequado. A demissão por justa causa é uma medida extrema e que é questionada judicialmente se não for bem fundamentada. Uma decisão arbitrária ou baseada em suposições pode ser revertida na Justiça do Trabalho, com imposição de sanções à empresa.

O que fazer se for demitido durante as férias?

Ao receber uma notificação de demissão no decorrer de suas férias, é essencial seguir alguns passos imediatos:

1 - Tipo de demissão

Analise a comunicação recebida para identificar se a demissão foi por justa causa ou sem justa causa.

2 - Documentação

Reúna a notificação de demissão, contracheques, contrato de trabalho e registros de e-mail ou mensagens de texto para comprovar o ocorrido. Se o empregador solicitar, não assine qualquer documento ou termo de rescisão antes de ter o suporte jurídico adequado.

3 - Orientação jurídica

Procure um advogado trabalhista. Esse profissional poderá avaliar o caso, identificar irregularidades e propor ações legais para garantir seus direitos.

A Justiça tem se posicionado de forma clara em favor do trabalhador em situações de demissão ilegal durante as férias.

Existe estabilidade após as férias?

Embora a legislação não estabeleça uma estabilidade automática no retorno ao trabalho após as férias, uma demissão imediata e sem justa causa ao fim do período de descanso costuma levantar suspeitas.

Se houver indícios de má-fé por parte do empregador — como retaliações ou perseguições—, o trabalhador também pode questionar judicialmente a validade da dispensa.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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