A noite mágica do Palmeiras e a final dos sonhos da Libertadores
A incrível química de Abel com o Palmeiras, e a decisão que reunirá o Brasil que dá certo no futebol
Espaço Prisma|Maurício Noriega*

Abel Ferreira prometeu e entregou a Noite Mágica aos palmeirenses. A maior virada da história das semifinais da Copa Libertadores da América e a superação do maior desafio dos cinco anos de trabalho do treinador português no alviverde, exatamente na data de aniversário.
Há uma química especial entre Abel, o Palmeiras e os palmeirenses. Até na forma de perrengues que acontecem. O drama que mistura o jeito italiano de ser corneteiro, a forma portuguesa de criar dramas como fados e, por fim, o tradicional descontrole emocional tão brasileiro.
O que explica a Noite Mágica?
Primeiro, a humildade e a habilidade de Abel em reconhecer, admitir e corrigir seus erros. A derrota em Quito doeu na alma do treinador, mas ele enfrentou a dor sem analgésicos. Sentiu a dor como efeito e curou a causa.
Na vitória sobre a LDU o Palmeiras foi o mais agressivo e ofensivo dos cinco anos de trabalho do português de Penafiel. Atuou sem jogador de marcação no meio-campo em 80% e teve quatro atletas escalados como atacantes durante a maior parte do jogo.
O DNA desta que é a maior fase da história do Palmeiras foi o combustível da virada histórica. O trabalho tático de padrão europeu somado ao talento puro de um jovem da base que despeja talentos. Allan, imparável na Noite Mágica, fez a diferença.
O toque final veio na história de redenção de Raphael Veiga, seguramente um dos maiores nomes da história do clube. Ídolo que era justamente criticado e injustamente contestado. Perdeu pênalti decisivo no Paulista e marcou pênalti decisivo na Libertadores.
Nada imita melhor a vida que o futebol.
O que esperar de Palmeiras e Flamengo, Flamengo e Palmeiras na final?
Tudo e mais um pouco.
Os dois projetos mais vencedores do futebol sul-americano atual, sem nenhum rival que se aproxime. Duas formas diferentes de se fazer futebol.
O Flamengo mais nervoso, trocando treinadores como padrão. No século 21, apenas um técnico fez uma temporada completa no Flamengo até agora: Wanderley Luxemburgo, em 2011. Filipe Luís caminha para ser o segundo. O Palmeiras banca Abel desde 2020 e deve seguir assim até 2027.
Individualmente, o time carioca tem mais jogadores decisivos e insinuantes. Coletivamente, o time paulista tem atributos que só chegam com o tempo e a sequência.
O toque final do confronto fica pela incrível história de Andreas Pereira. Culpado pelos flamenguistas pela perda do título sul-americano de 2021 para o Palmeiras (o erro de David Luiz na origem da jogada também é enorme), ele retorna à decisão agora do outro lado da moeda.
Entre idas e vindas e as voltas que o mundo dá, uma coisa não se explica: alguém não gostar de futebol.
*Maurício Noriega é comentarista da RECORD
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
