Opinião: Israel, os drusos e a hipocrisia da comunidade internacional
Poucos se levantam para denunciar os abusos contra essa minoria, que, ao longo da história, apenas buscou sobreviver
Espaço Prisma|Claudio Lottenberg*, especial para o R7

Enquanto o mundo segue em sua obsessão seletiva por condenar Israel, os drusos, uma minoria no Oriente Médio, sofrem ataques brutais, e o silêncio é ensurdecedor. Poucos se levantam para denunciar os abusos cometidos contra esse grupo singular, que, ao longo da história, apenas buscou sobreviver, preservar sua cultura e sua dignidade. Neste momento, os drusos estão sendo atacados na Síria por forças ligadas ao regime e por elementos extremistas. E quem age para protegê-los? Israel.
Os drusos são um povo que surgiu no século XI, no Oriente Médio, com raízes no islamismo ismaelita, mas que logo se transformou em uma fé distinta e fechada. Presentes principalmente na Síria, Líbano, Jordânia e Israel, eles formam uma comunidade discreta, com valores fortes de lealdade, identidade e honra — e historicamente foram perseguidos por se recusarem a se submeter às maiorias.
Sim, o mesmo Estado de Israel que tantos gostam de apontar com o dedo, ignorando o contexto, a complexidade e, sobretudo, os fatos. Ao agir na Síria para proteger aldeias drusas ameaçadas, Israel está fazendo algo que poucos países fariam: estendendo a mão a uma minoria vulnerável fora de suas fronteiras, sem qualquer ganho político, apenas por princípio. Porque para Israel, a diversidade não é slogan, é prática.
Basta olhar para dentro do próprio país: os drusos em Israel são cidadãos plenos. Servem nas Forças de Defesa, ocupam cadeiras no Parlamento, participam das universidades, estão em hospitais, tribunais, escolas. São respeitados por quem são. Nenhum outro país do Oriente Médio oferece algo semelhante a uma minoria étnico-religiosa. Enquanto isso, na Síria, os drusos lutam por sua sobrevivência, no Líbano, vivem entre alianças precárias, e, na Jordânia, seguem invisíveis.
A pergunta é simples: onde estão os defensores dos direitos humanos agora? Onde estão os manifestantes das universidades, os líderes internacionais tão preocupados com justiça social? Por que o sofrimento druso não comove? Por que a ação humanitária de Israel é ignorada? Porque a narrativa já foi escrita, e a verdade deixou de ser prioridade.
Neste cenário, alguns líderes mundiais deveriam se envergonhar por ocupar posições de poder baseando-se unicamente na ideologia e na ignorância — um binômio tão cômodo quanto perigoso. São chefes de Estado e formadores de opinião que falam de Justiça, mas não conhecem os fatos; que se dizem defensores dos oprimidos, mas ignoram aqueles que realmente precisam.
Essa cegueira seletiva que escolhe Israel como alvo constante, enquanto ignora tragédias reais como a dos drusos não é neutralidade: é antissemitismo disfarçado de engajamento político. O mundo tem menos de 20 milhões de judeus. Israel tem cerca de 10 milhões de habitantes, é do tamanho de Sergipe — e, mesmo assim, lideranças globais concentram mais energia para atacá-lo do que para defender qualquer minoria real. É um retrato triste de um debate internacional sequestrado por preconceitos.
É hora de dizer claramente: Israel está, mais uma vez, do lado certo da história. E o mundo, mais uma vez, do lado da indiferença.
*Claudio Lottenberg é médico oftalmologista e presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil)












