Como a polarização pode destruir reputações e dividir uma nação
Parece, mas não é: caso Dreyfus expõe fake news do século XIX
Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A população está dividida entre os que o consideram inocente e os que querem vê-lo atrás das grades e fora de qualquer atividade política no país. A radicalização de opiniões provoca o surgimento de extremismo que contaminam intelectuais, jornalistas e cidadãos comuns.
A diferença de opinião provoca a separação de amigos, colegas de trabalho e na escola. Os mais exaltados chegam a brigar nos bares e não faltam acusações e xingamentos.
Irmãos não se falam, e mães deixam de convidar a família para um almoço no domingo com temor que, com um pouco de álcool na cabeça, a confraternização não termine bem. É melhor não arriscar. Há muito tempo não se via um clima político tão tenso.
As ruas da capital do país amanhecem pichadas com frases que atacam o capitão do Exército e o acusam de corrupção e traição. Nas ruas, nos clubes e cafés, o braço de ferro contra e a favor do capitão chega na mídia. Sua foto está sempre na primeira página dos jornais e as manchetes são sensacionalistas.
O acusam de tudo de errado que acontece no país. — “A culpa é do capitão!”, repetem incansavelmente os seus inimigos. Os formadores de opinião constroem a cada dia uma nova narrativa baseada em novas suspeitas.
Os jornalistas não param para perguntar se é verdade ou não o escrito no processo que ele sofre no Judiciário. Não importa.
O que vale é incentivar a manada de incautos a correr na direção escolhida e não fazer perguntas.
Tentar parar e atentar para a lógica é arriscar ser pisoteado pelos energúmenos. A imprensa marrom é uma realidade.
Ninguém ousa desafiar a justiça nem a opinião pública enraivecida. O caso do capitão do Exército deve ser esquecido. Mas Émile Zola não pensa assim.
Está convencido de que o capitão Dreyfus foi vítima de uma armação, um bode expiatório para a derrota diante dos alemães. Ele continua preso na ilha do Diabo para cumprir prisão perpétua na Guiana Francesa, uma pena compatível com o crime que cometera ao vender documentos secretos do exército francês para os alemães. A publicação do livro Eu Acuso, de Zola, levanta a cortina da armação contra Dreyfus.
Após cinco anos de prisão, o processo é revisto e revela o inevitável: ele foi vítima de uma armação de seus inimigos, agravada pelo fato de ser de origem judaica. Foi vítima no século XIX do que 140 anos depois fica conhecido como fake news.
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