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Impeachment cai como uma luva para turbinar uma crise política no país

Pedido é apresentado em momentos-chaves, quando o presidente da República está fragilizado politicamente

Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro

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Fachada do Palácio do Planalto, local de trabalho da presidência do Brasil Pedro França/Agência Senado

Esse modelo cai como uma luva para turbinar uma crise política no país. É apresentado em momentos-chaves, quando o presidente da República está fragilizado politicamente.

É acusado de um crime grave, tenha ou não praticado. O pedido é protocolado por um deputado da oposição, acusado de estar aliado aos grandes latifundiários do Brasil e da alta burguesia industrial.


A bancada governista protege como pode o presidente, que se auto-apresenta como o “pai dos pobres” e, por isso, tendo ou não dinheiro no cofre, autoriza um aumento real substancial no salário mínimo.

Isto provoca uma reação do mundo financeiro e empresarial que alerta que os custos de produção vão aumentar e que a população mais pobre vai acabar pagando a conta.


A Previdência, por sua vez, caminha a passos largos para a bancarrota diante da desproporção entre os recebimentos e os pagamentos para aposentados e pensionistas.

Tudo leva a crer que a crise só tende a piorar. O presidente se apresenta como líder de um programa que pretende distribuir renda e proporcionar aos pobres uma melhor qualidade de vida. Essa promessa ele defendeu em toda a campanha presidencial e não a escondeu de quem quer que seja.


Nem da oposição. Esta apresenta um candidato militar, afinado com a doutrina militar cultivada nos colégios militares e reafirma o que alguns historiadores chamam de “partido verde-oliva”.

O propósito é impedir que a esquerda suba ao poder e ponha em risco o desenvolvimento do capitalismo, como almeja a elite econômica do Brasil.


Mas o homem é bom de palanque. Sabe falar o que o povo quer ouvir e sua voz é inconfundível. Qualquer um, em qualquer recanto do Brasil, sabe quem ele é. O seu partido está identificado com os trabalhadores, especialmente nos centro industriais do centro sul do país.

Aparentemente, não há força política capaz de impedir a volta do líder dos descamisados. É um momento de mudanças no país como é vendido pela mídia, apoiada pelo governo com verbas de financiamento e anúncios oficiais. Mesmo assim, as nuvens carregadas acumulam-se no horizonte político.

O relatório contrário ao impeachment do presidente da República sustenta que não há elementos que justifiquem o afastamento do chefe do Executivo. Ainda assim, a oposição força a votação no plenário da Câmara e é fragorosamente derrotada. Apenas 35 votam a favor, 136 votos contra o afastamento e 40 abstenções.

Mesmo derrotado, a batalha no Congresso Nacional aprofunda a crise política liderada por um grupo radical da oposição liberal, apelidado de Banda de Música. Um pequeno grupo de deputados da UDN, União Democrática Nacional, usa e abusa da imprensa para atacar o governo e acirrar os ânimos contra o presidente Getúlio Vargas, reeleito em 1950.

As coisas pioram quando ocorre um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, um ex-comunista convertido ao liberalismo, em que morre um oficial da Força Aérea Brasileira.

A suspeita sobre a autoria do atentado recai sobre o chefe da guarda pessoal de Getúlio, Gregório Fortunado. Os militares da FAB se amotinam na base aérea onde constituem a chamada “República do Galeão” e intimam o presidente a ser interrogado. Vargas se recusa.

O Brasil está à beira de uma guerra civil entre a oposição e os partidos de esquerda que nomeiam Vargas de nacionalista, defensor do Brasil contra o imperialismo americano.

O pingo d´água é a reportagem publicada no Rio de Janeiro em que se noticia que o filho do presidente e Gregório usam dinheiro público na compra e venda de uma grande fazenda no Rio Grande do Sul.

Caminha-se para a derrubada inconstitucional de Getúlio, que pede para um assessor escrever uma carta à nação e se suicida em 1954 no palácio presidencial.

Não é a primeira vez que Vargas publicamente prometia acabar com a própria vida, como fez um de seus irmãos, Maneco, em 1932.

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