Militares militam na história republicana do Brasil desde a deposição de Dom Pedro 2º
Parece, mas não é: uma história de conflitos e intervenções militares na política brasileira
Heródoto Barbeiro|Heródoto Barbeiro
Não é a primeira vez, nem será a última, que uma alta patente do exército é presa por envolvimento político. Os militares militam na história da República desde a deposição do imperador Pedro Segundo. Constituem ao longo do tempo em um aglomerado político informal, conhecido como partido verde-oliva.
Os encontros, geralmente, se processam na capital da República, onde se reúnem em clube militar para acompanhar os acontecimentos políticos do Brasil, elaborar estratégias de intervenção militar na política e vigiar o Estado brasileiro para não sair dos parâmetros que supõem sejam os melhores para a nação e o povo.
Há entre os militares a crença de que são os defensores da pátria e precisam ficar atentos caso haja necessidade de uma intervenção. Todos sabem que há uma doutrina militar a ser seguida nos comandos dos quartéis e ela é sempre renovada nas reuniões formais ou não entre os mais graduados.
As escolas militares para acesso ao oficialato do Exército têm um currículo determinado e que reflete a ideologia dos que detém a força. A influência maior se acentuou depois do fim da Segunda Guerra nas academias militares e com extensão internacional com a participação na escola do Panamá, patrocinada pelos Estados Unidos da América.
Portanto, a coloração é amplamente favorável à economia de mercado e contrária às doutrinas de esquerda favoráveis a governos de tendência socialista.
O presidente eleito é visto como um simpatizante dos partidos de esquerda e por isso sua eleição tem alta rejeição no meio militar e entre as elites conservadoras do agronegócio e da burguesia industrial nas grandes cidades. Ele não é do partido trabalhista, mas se elege com o apoio dele, aumentando a suspeição de onde vai levar o seu governo.
A campanha eleitoral é acirrada e o slogan vencedor é “um avanço de 50 anos em cinco“. O vice traz a herança do varguismo, o apoio dos sindicatos e é do partido trabalhista. Há uma ameaça de golpe no ar.
Generais se rebelam contra a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart, o Jango. O chefe do Exército manda prender vários oficiais, o ministro Teixeira Lott dá um contragolpe a favor da posse dos eleitos na eleição de 1955.
Graças a sua intervenção, Juscelino toma posse e governa o Brasil até 1960, com a inauguração de Brasília. Mas as crises de sucedem. Jânio Quadros renuncia ao mandato depois de 8 meses. Há quem suspeite que era tentativa de voltar ao poder nos braços do povo, ou melhor, um golpe político. Não dá certo.
O Congresso declara vago o cargo e abre oportunidade para a ascensão de Jango, que estava em visita à China Comunista. Não vai tomar posse, conclamam os militares.
O general Teixeira Lott assina um manifesto a favor da posse e vai preso. Fica detido por 30 dias no Rio de Janeiro. Sua liderança no partido verde-oliva permite a posse de Jango, ainda que a república presidencialista seja substituída por um regime parlamentarista, o que pode ter impedido uma guerra civil no Brasil.
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