Acordo provisório pode encerrar a greve na Boeing
Paralisação ultrapassa um mês. Fabricante anuncia dispensa de 17 mil trabalhadores e vê projetos atrasados
Um acordo provisório foi fechado para encerrar a greve que já dura cinco semanas na Boeing, fabricante americana de aeronaves. O anúncio foi feito pelo sindicato aos seus 33.000 membros em greve no início do sábado.
O acordo com a Boeing ainda precisa ser ratificado pela maioria dos membros de base da Associação Internacional de Maquinistas antes que possa entrar em vigor e os trabalhadores possam retornar ao trabalho. De acordo com a CNN, o sindicato realizará a votação na quarta-feira.
A greve foi um golpe enorme para uma empresa, que já enfrentava grandes atrasos em seus projetos, como o 777X, além dos reflexos na economia americana.
A Boeing é a maior exportadora dos Estados Unidos e tem uma contribuição anual estimada de US$ 79 bilhões para a economia, apoiando 1,6 milhão de empregos direta e indiretamente em 10.000 fornecedores espalhados por todos os 50 estados.
A paralisação teve início apenas um mês após a posse de sua nova CEO, Kelly Ortberg, que declarou que quer “reiniciar” o relacionamento problemático entre o sindicato e a empresa.
A base já rejeitou quase unanimemente um acordo provisório anterior, precipitando a primeira greve na empresa em 16 anos. Mas a declaração do sindicato disse que a nova oferta é digna de ser colocada à votação dos membros.
O sindicato disse que a oferta aumentaria os salários em 35% ao longo dos quatro anos de duração do contrato. Também aumentaria as contribuições da empresa aos benefícios de seus integrantes.
O sindicato creditou à Secretária Interina do Trabalho Julie Su a intermediação do acordo em conversas indiretas entre o sindicato e a gerência. Su também negociou o fim de uma greve da International Longshoremen’s Association em dezenas de portos nas Costas Leste e do Golfo no início deste mês, após uma paralisação de três dias no início deste mês.
Perdas crescentes devido à greve
“Estamos ansiosos para que nossos funcionários votem nesta proposta negociada”, disse a Boeing em uma declaração. O breve comentário parece ser um reconhecimento de que um endosso ao acordo poderia gerar oposição de membros do sindicato, que mantiveram um relacionamento acrimonioso com a gerência da empresa.
A empresa vem perdendo cerca de US$ 1 bilhão por mês devido à greve, além de suas perdas contínuas, de acordo com uma estimativa da Standard & Poor’s. Ela também anunciou planos de cortar 10% de sua equipe global, ou cerca de 17.000 de seus 171.000 trabalhadores. A greve interrompeu a produção de quase todos os seus jatos comerciais, e a empresa recebe a maior parte do dinheiro da venda de seus aviões na entrega.
Mas os problemas da empresa vão muito além dos efeitos da greve. Ela vem lutando contra contratempos por mais de cinco anos, desde que dois acidentes fatais com o modelo 737 Max no final de 2018 e início de 2019 levaram a uma paralisação de 20 meses do avião.
Ela relatou perdas de mais de US$ 33 bilhões desde então, e já disse que relatará outra grande perda na quarta-feira para o trimestre recém-concluído, a maior parte da qual ocorreu antes do início da greve em 13 de setembro.
A Boeing perde dinheiro ainda com o atraso no cumprimento de contratos de entrega de novos aviões.
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