Boeing da Air France sofre grave pane no voo Nova York-Paris; 'O avião não responde', diz piloto
Conversa entre pilotos e o Controle de Tráfego revela tensão na cabine durante a falha de equipamentos; ouça
Luiz Fara Monteiro|Do R7
O perturbador diálogo de rádio entre a cabine de um Boeing 777-300 da Air France e o Controle de Tráfego Aéreo revelou um problema potencialmente sério durante a aproximação da capital francesa no voo AF11, que decolou de Nova York rumo a Paris às 21h16 de segunda-feira (4).
Na gravação de áudio registrada pelo canal Airlive, no YouTube, a partir do minuto 1' 05'' é possível ter noção do alto nível de estresse da tripulação por meio da respiração ofegante dos pilotos.
No minuto 1' 36" o comandante faz a revelação preocupante: "O avião não responde [aos comandos]".
A aeronave de registro F-GSQJ está em operação há 17 anos. O Triplo 7, como é chamado, é considerado ideal para voos de longa distância.
Um porta-voz da Air France confirmou ao DailyMail.com que um "incidente técnico" forçou os pilotos a abortar sua sequência de pouso e realizar uma volta antes de pousar o avião normalmente.
Nas gravações do tráfego de rádio, os alarmes da cabine são ouvidos de modo estridente enquanto o piloto parece lutar com os controles da aeronave, dizendo à torre: 'Eu ligo de volta!'.
Os controladores de tráfego aéreo notaram que o avião estava se desviando para a esquerda. O Boeing 777 — um dos modelos intercontinentais mais admirados por aeronautas e mais usados por companhias aéreas — conseguiu dar a volta a apenas 1.200 pés quando o controle de solo interrompeu todas as decolagens.
"Nós enfrentamos problema com comandos. O avião não responde”, explicou o piloto depois que a crise diminuiu.
Dados da plataforma de rastreamento de voos AirNav RadarBox mostram que o 777 precisou arremeter e dar voltas (orbitar) antes da segunda tentativa de pouso.

"Estamos prontos para retomar a aproximação final com orientação por radar. Por favor, nos dê tempo para administrar a situação, então nos guie com vento de popa", continuou o piloto.
O avião conseguiu recuperar a altitude para 4.000 pés e, em seguida, fez um pouso seguro na pista 27R.
O voo 11 da Air France, um Boeing 777, conseguiu pousar com segurança no aeroporto Charles de Gaulle na manhã de terça-feira após os momentos de tensão na cabine.
“A Air France confirma que a tripulação do voo AF011 em 4 de abril de 2022 de Nova York-JFK para Paris-CDG abortou sua sequência de pouso e realizou uma volta devido a um incidente técnico durante a aproximação”, disse um porta-voz da companhia aérea ao DailyMail. com em um comunicado.
“A tripulação dominou a situação e pousou a aeronave normalmente após uma segunda aproximação”, acrescentou o comunicado.
A empresa disse que 'a Air France entende e lamenta o desconforto sentido pelos clientes'.
"A arremetida é definida pelas autoridades, fabricantes de aeronaves e Air France como um procedimento normal", disse o porta-voz.
“As tripulações são treinadas e instruídas regularmente nesses procedimentos, que são usados por todas as companhias aéreas para garantir a segurança dos voos e passageiros, o que é uma necessidade absoluta para a Air France”, acrescentou.
Um porta-voz da Boeing se recusou a comentar quando contatado pelo DailyMail.com, encaminhando as perguntas à Air France.
A fabricante de aviões, com sede em Seattle, enfrentou inúmeras questões sobre segurança nos últimos anos.
No mês passado, a Federal Aviation Administration (FAA) disse que estava finalizando três diretrizes de segurança para alguns aviões Boeing 777 com motores Pratt & Whitney 4000.
As novas diretrizes vêm depois que um 777 da United Airlines falhou logo após a decolagem de Denver em fevereiro de 2021, derramando detritos sobre cidades próximas. Ninguém ficou ferido, e o avião retornou em segurança ao aeroporto.
A FAA disse que as novas diretrizes, que foram propostas em dezembro após três falhas relatadas de pás do ventilador em voo, exigem inspeções e modificações aprimoradas que permitirão que os aviões Boeing 777-200 e -300 equipados com esses motores Pratt & Whitney retomem os voos após serem aterrados por mais de um ano.
A United, que é a única operadora americana de 777 com o motor PW4000 e tem 52 desses aviões, disse que a medida "é um resultado bom e seguro para nossa indústria e clientes da United".
Em dezembro de 2018, outro modelo 777 da TAM experimentou uma pane grave nos comandos elétricos durante um voo entre São Paulo e Londres, obrigando os pilotos a executar um pouso de emergência em Confins — assim como no caso do Air France nesta terça-feira — com o auxílio do controle de tráfego.
