Luiz Fara Monteiro BRICS: Industriais brasileiros defendem em Joanesburgo acordo multilateral para serviços aéreos 

BRICS: Industriais brasileiros defendem em Joanesburgo acordo multilateral para serviços aéreos 

Confederação Nacional da Indústria reivindica energia sustentável, infraestrutura e conectividade para acelerar crescimento do grupo formado por Brasil, Rússia, India, China e África do Sul

CNI: conectividade aérea entre BRICS está entre prioridades da CNI

CNI: conectividade aérea entre BRICS está entre prioridades da CNI

South African Airways - Divulgação

O blog está em Joanesburgo, na África do Sul, e recebeu a informação de que os integrantes do Brasil no Conselho Empresarial dos Brics (Cebrics) fecharam um documento com os representantes dos outros quatro países do bloco (China, Rússia, África do Sul e Índia) e com as principais prioridades na agenda de desenvolvimento e crescimento do bloco. As propostas foram entregues aos cinco chefes de Estado (abaixo, as dez prioridades brasileiras), que agora vão analisar e ver quais medidas concretas podem ser adotadas na direção apontada. 

O Cebrics foi criado em 2013 para fortalecer os laços econômicos e comerciais e ampliar os investimentos entre as comunidades empresariais do Brics. É formado por 25 empresas, cinco de cada país, e apresenta recomendações aos chefes de Estado para a melhoria do ambiente de negócios e da cooperação empresarial.

A seção brasileira é composta de Vale, WEG, Banco do Brasil, BRF e Embraer, que preside o capítulo brasileiro. A missão empresarial é liderada pelo presidente-eleito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban. Ele assume o cargo oficialmente no fim de outubro e está participando das discussões e debates com os integrantes dos Cebrics.

Para Alban, é importante que, no momento em que o mundo discute as cadeias globais de valor e os novos padrões de comércio internacional, o país assuma a responsabilidade diante dessa agenda.

“Todos falam da necessidade de uma nova indústria no Brasil, a chamada neoindustrialização. Se nesse momento estamos todos tão conscientes da necessidade da neoindústria, temos a responsabilidade e a obrigação de aproveitar essas oportunidades, traçar e priorizar políticas públicas convergentes para que tenhamos foco e para garantir as verdadeiras entregas”, comenta Alban.

Dentro dessa entrega, o Brasil se apresenta como potencial protagonista nos esforços globais rumo a uma economia de baixo carbono — ainda que diante de obstáculos como o desmatamento ilegal. “O país larga na frente por ter uma matriz energética limpa e mais da metade de seu território coberto por florestas”, diz Alban.

A CNI exerce há dez anos a secretaria executiva do Cebrics e trabalha junto com grandes empresas, coordenando a atuação dos 91 membros brasileiros inscritos nos grupos temáticos de trabalho para a construção de posicionamentos do setor privado para os governos. Desses grupos técnicos saem as prioridades que foram apresentadas aos chefes de Estado.

O objetivo é fortalecer os laços econômicos e comerciais e ampliar os investimentos entre as comunidades empresariais do Brics. Abaixo, seguem as dez prioridades dos empresários brasileiros.

DEZ PRIORIDADES DOS INDUSTRIAIS BRASILEIROS

1. Estabelecimento de acordo multilateral de serviços aéreos, considerando que os acordos bilaterais que já existem são restritivos para o transporte aéreo;

2. Colaboração para o desenvolvimento de fertilizantes inteligentes, biofertilizantes e fertilizantes minerais e de padrões para certificação de fertilizantes ecoeficientes;

3. Desenvolvimento de padrões para 50 qualificações futuras, permitindo unificar critérios para competições internacionais e programas de treinamento entre os países;

4. Criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);

5. Cooperação para o desenvolvimento de infraestrutura digital que aumente a conectividade, inclusive em áreas remotas dos países do Brics; 

6. Desenvolvimento de programas de competências digitais para meninas e mulheres;

7. Elaboração de carteira de projetos prioritários de infraestrutura nos países do Brics para aumentar a visibilidade de financiamento; 

8. Desenvolvimento de rotas comerciais com investimentos em portos de pequeno porte e ferrovias e transporte marítimo de curta distância, para diminuir a pegada de carbono; 

9. Criação de plataforma de colaboração entre governo, setor privado e academia para buscar soluções para novos problemas de infraestrutura;

10. Harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados, para facilitar a incorporação nas cadeias de valor.

PROTAGONISMO DA INDÚSTRIA VERDE

O presidente eleito da CNI, Ricardo Alban, e os empresários do Cebrics tiveram reunião na terça-feira (22 de agosto) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na reunião com empresários da indústria brasileira, o presidente Lula afirmou que o Brasil precisa ser protagonista e líder mundial da agenda da economia verde.

Alban disse que a indústria brasileira está pronta para esse desafio. “O desafio está posto, e não podemos perder tempo e desperdiçar essa oportunidade.” Ele defendeu que o Brasil tenha uma política industrial de governo que invista em projetos de descarbonização e energia sustentável.

Alban também teve um encontro reservado com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff. Eles conversaram sobre algumas linhas prioritárias de financiamento de projetos com impacto na indústria nacional.

Durante o encontro, os três eixos de maior destaque para atuação em conjunto da CNI com o NDB foram: infraestrutura, com foco principalmente nas obras do PAC (recém-lançado); energias limpas, renováveis e sustentáveis; e, por último, projetos que tenham impacto com desenvolvimento social. 

“O Brasil carece de linhas de financiamento competitivas. Temos um custo alto para adquirir esses recursos no país, o que não acontece no caso da China. A CNI defende uma nova estratégia para desenvolver a indústria brasileira, com propostas aderentes às áreas de atuação do banco, como descarbonização industrial, energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transporte e infraestrutura digital”, afirmou Alban, que toma possa como presidente da CNI em outubro.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas