‘Briguei com os pilotos’, diz Lula ao relembrar incidente com avião presidencial no México
Durante cerimônia no Planalto, presidente diz que ficou com medo de morrer enquanto aeronave voava com apenas um motor
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que brigou com os pilotos, ao relembrar o episódio em que o avião presidencial, um Airbus A319 ACJ, designado pela Força Aérea Brasileira como VC-1, precisou dar voltas sobre a Cidade do México após uma falha detectada em um dos motores logo após a decolagem.
A fala de Lula foi hoje durante uma cerimônia no Palácio do Planalto em memória aos atos golpistas de 8/1 e pela democracia. E aconteceu em um contexto em que o presidente listava fatos em que teria escapado de morrer, como quando foi diagnosticado com um câncer e quando teria sido alvo de um suposto plano de assassinato por integrantes do governo passado, junto com seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.
“Briguei com os pilotos, Joseli, porque eu queria saber informação”, disse Lula, que ficou incomodado com as mais de 4 horas em que a aeronave realizou órbitas próximo ao aeroporto da Cidade do México, em 1º de outubro do ano passado.
O presidente se referia ao tenente-brigadeiro do ar Francisco Joseli Parente Camelo, que assumiu a presidência do Superior Tribunal Militar e fazia parte da tripulação dos voos presidenciais durante o primeiro mandato de Lula.
“Eu queria pousar de qualquer jeito e eles diziam, presidente, não podemos pousar, o tanque está muito cheio, não tem como a gente esvaziar o tanque e temos que ficar sobrevoando com um motor só. E ficamos 5 horas, então eu escapei [da morte] pela segunda vez”.
Tecnicamente, aviões do porte da aeronave presidencial têm capacidade de voar por horas com apenas um motor, sem levar risco à segurança de voo.
A demora do avião em retornar ao aeroporto da Cidade do México se deu pela falta de um dispositivo na cabine que permite a tripulação despejar combustível do taque em voo, possibilitando que a aeronave pouse dentro do peso máximo permitido, evitando o comprometimento da estrutura do avião. O procedimento é chamado na aviação de alijamento de combustível (Fuel Dumping). Ao calcular a quantidade de combustível a ser despejada, pilotos levam em conta ainda a relação do peso do avião com a extensão da pista a ser utilizada durante o pouso. Geralmente o procedimento de alijamento dura poucos minutos.
“Eu sobrevivi juntos com muitos companheiros aqui [durante] 5 horas dentro de um avião, torcendo para o avião não cair no aeroporto do México. Eu nunca tinha vivido essa experiência”, finalizou Lula.
O pouso na Cidade do México, onde Lula foi acompanhar a posse da presidente Claudia Sheinbaum, ocorreu em segurança.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.