Como é voar no Praetor 600, o jato de luxo que é a aposta da Embraer

O Praetor 600 é conhecido como o jato executivo de categoria média (Super-Midsize) mais inovador e tecnologicamente avançado dos últimos tempos. A aeronave possui uma das cabines mais confortáveis da categoria. A lista de diferenciais dessa aeronave é extensa, e por isso o blog aceitou de imediato o convite feito pela Embraer para conhecer o Praetor em atividade. O jato foi certificado em abril de 2019 pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e um mês depois recebeu as certificações na Europa e nos Estados Unidos, maior mercado de "private jet" do mundo. 

Chegada ao Aeroporto

Chegamos ao Aeroporto Executivo Catarina em São Roque logo no início da manhã do último sábado (5). Os executivos da Embraer destacaram itens como a melhor altitude da cabine e a atuação dos filtros HEPA como item de série, que purifica o oxigênio a bordo em ciclos constantes ao remover até 99,97% das partículas. A autonomia do Praetor também chama atenção, realizando voos de oito a dez horas de duração, a depender de variáveis como o peso a bordo e a velocidade do vento. É possível decolar de São Paulo e voar até Miami, na Flórida, sem escalas. Ou do Rio de Janeiro à Cidade do Cabo, na África do Sul, também sem nenhuma parada para reabastecimento. Com alcance superior a 7.000 km, é possível ainda voar de Londres a Nova York, de Dubai a Londres ou de São Paulo a qualquer país da América do Sul.

"A prioridade da Embraer é entregar a melhor experiência em termos de negócio", explica Gustavo Teixeira, diretor de vendas de aviação executiva da Embraer.

Outra vantagem do Praetor para sua categoria é a capacidade de operação em pistas curtas, como a do Aeroporto de Jacarepaguá, com 900 metros de comprimento, no Rio de Janeiro. Os dois motores Honeywell HTF 7500E produzem cada um 7,528 libras de empuxo e permitem ao jato voar a baixa "altitude de cabine", o que diminui os efeitos do jet lag durante londas viagens. Em termos de conectividade, o Praetor traz antena de satélite com uso da banda Ka Viasat, exclusiva desta categoria, e Gogo AVANCE L5 que possibilita aos passageiros e tripulantes a captação de sinais de wi-fi durante o voo.

Após o briefing com a equipe da Embraer, nos dirigimos ao pátio do terminal para um "walk-around" fora do avião. No nariz do Praetor a fabricante instalou uma câmera especial com três tipos de visualização de pistas, incluindo o infra-vermelho, que garante mais segurança para o pouso em condições adversas de visibilidade. Os winglets, na ponta das asas, são aerodinamicamente mais eficientes e apresentam desenho moderno, além de contribuir com a economia de combustível. 

"O Fly-by-wire ajuda a aumentar a estabilidade do voo, além de reduzir a carga de trabalho dos pilotos", explicou Ricardo Carvalhal, diretor de engenharia de vendas da divisão de jatos executivos da Embraer.

A tecnologia Fly-by-Wire reduz ainda a carga de trabalho do piloto e diminui os custos de manutenção, deixando a aeronave menos tempo no hangar. É uma tecnologia de controle de voo encontrada em modernos caças supersônicos ou aviões comerciais de grande porte como o Airbus A350 ou o Boeing B777, e que a Embraer aplica também em aviões de menor porte como o Praetor 600. Outros modelos da fabricante brasileira como os E-Jets e KC-390 também operam com o FBW. A aeronave também tem capacidade para voar com 100% de combustível sustentável (SAF).

Embarque 

Às 11h36 embarcamos no Praetor. O interior com predominância de fibra de carbono apresentava tons suaves com poltronas claras. A configuração montada foi a de seis poltronas individuais e um sofá com capacidade para até cinco pessoas. É possível ainda reclinar ou girar os eixos dos assentos, que podem se transformar em quatro camas confortáveis. A personalização da aeronave fica por conta do comprador. O material de acabamento interno também é de altíssimo padrão.​​ Do console lateral saem as mesas para reuniões ou refeições.

Decolagem

Já eram 11h48 quando o experiente comandante Joaquim iniciou o táxi. Quatro minutos depois veio a decolagem em alta performance, com o jato subindo em ângulo inclinado e um som ambiente em torno de 76 decibéis, algo surpreendente para aviões da categoria. O isolamento acústico é tanto que, com a porta da cabine dos pilotos aberta, é possível ouvir do cockpit a conversa de duas pessoas que estejam nas poltronas de trás. O sistema de iluminação foi projetado para emitir diferentes tons durante viagens longas, reduzindo também os efeitos de jet lag.

"Nossos projetistas trabalharam em materiais para isolar o espaço entre os motores e a fuselagem", explicou Ricardo Carvalhal. 

Experiência a bordo

Durante o voo utilizamos a cozinha (galley) localizada na parte dianteira da cabine. O piso em estilo de pedra traz requinte. Utensílios como cafeteira, micro-ondas e refrigerador são perfeitamente acoplados.

As condições climáticas eram favoráveis. Mesmo assim, ao passarmos em uma zona de considerável turbulência, notamos apenas uma leve trepidação nas asas. Isto porque o Praetor 600 é o único jato de sua classe com redução ativa de turbulência.

"Essa tecnologia ajuda a aumentar a estabilidade do voo, além de maximizar o conforto. Quando os sensores percebem que houve uma mudança repentina no nível de voo, o computador entende a existência de turbulência, e o sistema atua para reduzir os efeitos dos fortes ventos a bordo", resumiu Ricardo Santos, da Comunicação da Embraer. 

Nosso voo, que partiu do Aaeroporto Catarina, em São Roque, tinha previsão para durar em torno de 45 minutos até o Aeroporto de Congonhas. Para nossa sorte, no entanto, encontramos tráfego intenso, o que obrigou o comandante Joaquim a realizar várias voltas (manobra chamada no jargão da aviação como 'orbitar') antes de conseguir a autorização para a aproximação em Congonhas. Eu digo sorte porque não é todo dia que temos a oportunidade de voar em um 'private jet' com alto conforto, baixo ruído e ótimas condições climáticas.

O toque no solo foi extremamente suave e a redução da velocidade na pista foi igualmente amena, sem aqueles trancos que os passageiros sentem quando pousam em voo comercial em pistas curtas. 

Preço do Praetor

O preço de tabela para um novo Embraer Praetor 600 tipicamente equipado é de US$ 25,5 milhões, quase R$ 125 milhões. Quem quiser fretar um Praetor 600 deve desembolsar um valor estimado em US$ 8 mil por cada hora de voo. 

O Praetor 600 da Embraer estará em exposição durante a Labace, a feira de aviação executiva que acontece entre 8 e 9 de agosto no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A fabricante aposta suas fichas na alta procura que o jato desperta nos mercados nacional e internacional. A Embraer possui mais de mil clientes em todo o planeta e mais de 1.600 jatos em operação. A média é de uma decolagem a cada minuto em algum aeroporto do mundo. O mercado da aviação executiva no Brasil e na América Latina segue forte neste ano, após um biênio 2021/2022 positivo. A expectativa é que a Embraer entregue até 130 aeronaves em 2023. Só da NetJets, empresa privada de táxi aéreo e de aviões a jato executivos, há uma encomenda de até 260 modelos Praetor para os próximos anos.