20 anos sem o Concorde: conheça a história do avião supersônico que reinou nos céus
Aeronave chegou a completar a rota entre Nova York e Londres em 2 horas e 52 minutos, percorrendo 6.035 km a uma velocidade média de 2.010 km/h
Luiz Fara Monteiro|Luiz Fara Monteiro e Luiz Fará Monteiro
No fim da década de 1950, houve um interesse conjunto das agências de Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética para a criação de uma aeronave supersônica de transporte de passageiros.
Cada um desses países tinha o próprio projeto, mas, no início da década de 1960, devido aos enormes custos envolvidos, os governos da Inglaterra e da França decidiram unir forças, assinando, em 25 de outubro de 1962, um tratado que criou o consórcio franco-britânico e possibilitou o desenvolvimento e a produção da aeronave.
Inicialmente, o Concorde recebeu cerca de cem encomendas das companhias mais importantes do mundo. Além da Air France, Pan Am e Boac (atual British Airways), que foram as companhias lançadoras desse tipo de aeronave, Japan Airlines, Lufthansa, American Airlines, Qantas e TWA demonstraram interesse em adquiri-lo.
A construção do primeiro protótipo francês começou em abril de 1965 na Aérospatiale, em Toulouse, na França, e foi concluída em 11 de dezembro de 1967. Após 15 meses de testes em solo, ele fez seu primeiro voo, em 2 de março de 1969. O segundo protótipo (nº 002) foi construído pela BAC em Fliton, na Inglaterra, e fez seu primeiro voo um mês depois, em 9 de abril de 1969.
O protótipo nº 001 foi o primeiro a atingir a velocidade transônica (Mach 1), em 1º de outubro de 1969, voando a cerca de 1.100 km/h em altitude operacional. Em 4 de novembro de 1970, ele atingiu a velocidade supersônica Mach 2, aproximadamente 2.200 km/h.
O Concorde não era um avião desconhecido para o público e a mídia da época, devido às inovações que trouxe consigo. Há exatamente 56 anos, em 11 de dezembro de 1967, a elegante e futurística aeronave saiu dos hangares da Sud-Aviation em Toulouse, na França, que agora fazem parte da Airbus.
Naquela época, além do Concorde, um avião comercial estava na mente das pessoas: o Boeing 747, conhecido por seu tamanho e uma cabine de passageiros com dois andares. O Concorde seria uma revolução no transporte aéreo, reduzindo distâncias de maneira mais eficaz do que qualquer aeronave a jato havia conseguido.
Nesta semana, comemoramos 20 anos desde o último voo regular de passageiros do Concorde. O icônico jato partiu de Nova York com destino a Londres, marcando o fim de seus 27 anos de serviço.
Projetado e produzido em conjunto pelas fabricantes Aérospatiale e BAC, o Concorde entrou em serviço comercial em 21 de janeiro de 1976 com a British Airways e a Air France.
A aeronave brilhou como carro-chefe nas rotas entre Paris/Londres, na Europa, e Nova York/Washington D.C., nos Estados Unidos, cruzando o Atlântico Norte em aproximadamente três horas, o que era de quatro a cinco horas mais rápido do que as aeronaves a jato convencionais, como o Boeing 747 ou o Airbus A340.
O recorde foi estabelecido pela British Airways em 7 de fevereiro de 1996, quando completou a rota de Nova York a Londres em apenas 2 horas, 52 minutos e 59 segundos, cobrindo 6.035 km a uma média de 2.010 km/h.
Capaz de voar duas vezes mais rápido que a velocidade do som, o Concorde atraía olhares por onde passava e pousou em diversos locais ao redor do mundo, incluindo cidades brasileiras como Brasília, São Paulo, Foz do Iguaçu e Recife. Durante um período, operou na rota Paris-Dacar-Rio de Janeiro.
O icônico jato era um sonho para muitos, embora acessível para poucos devido ao alto preço da passagem aérea. No entanto, a imagem do Concorde foi afetada no início dos anos 2000. Em 25 de julho de 2000, o Concorde da Air France com matrícula F-BTSC colidiu com detritos na pista e caiu logo após a decolagem do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
Pouco mais de um ano depois do acidente, ocorreram os ataques de 11 de setembro, que impactaram a aviação. De acordo com a revista Flap International, o Concorde já estava se tornando obsoleto no mercado e, com a combinação de crises e os altos custos operacionais e de manutenção, as empresas British Airways e Air France decidiram encerrar as operações com a aeronave.
A Air France tomou a iniciativa de realizar o último voo do Concorde em maio de 2003. Na British Airways, a aeronave continuou voando por mais alguns meses, até que o voo final foi marcado para 24 de outubro de 2003.
No dia anterior, em 23 de outubro de 2003, o Concorde pousou pela última vez com passageiros no Aeroporto JFK, em Nova York. Na tarde do dia 24, às 16h05 (horário local), o Concorde da British Airways pousou no Aeroporto London Heathrow, em Londres, com cem passageiros a bordo, incluindo celebridades.
A aeronave foi recebida com uma cerimônia de despedida colorida e por uma multidão que aguardava sua última chegada. O pouso aconteceu após outros dois Concordes da companhia aterrissarem em Heathrow, um vindo de Edimburgo e outro de um voo panorâmico pelo golfo da Biscaia. Assim, encerraram-se os 27 anos de serviço comercial do icônico jato supersônico.
Após a última operação comercial, o Concorde realizou alguns voos, principalmente translados para outros aeroportos ou museus, onde as aeronaves foram preservadas até hoje.
O ACIDENTE
Na manhã de 25 de julho de 2000, os passageiros embarcaram no voo 4590 da Air France de Paris para Nova York e se prepararam para o que deveria ser uma jornada tranquila a bordo de uma aeronave supersônica.
Infelizmente, o voo teve uma duração de menos de dois minutos. Logo após a decolagem, o jato supersônico colidiu com um hotel em Gonesse, na França, resultando na trágica perda de todas as 109 pessoas a bordo e mais 4 no solo.
Cinco minutos antes de o 4590 decolar, em um voo da companhia americana Continental com destino a Newark, nos Estados Unidos, que usou a mesma pista, uma peça de liga de titânio se soltou da aeronave.
O procedimento-padrão para um voo Concorde incluía uma inspeção completa da pista antes da decolagem, o que, infelizmente, não ocorreu (possivelmente devido ao atraso de uma hora no voo).
Durante a decolagem do voo 4590, um fragmento desses destroços da Continental atingiu um dos pneus do lado esquerdo do Concorde e o rompeu. À medida que a aeronave ganhava velocidade na pista 26R, esse pneu se desintegrou, e um pedaço dele atingiu a parte inferior da asa, onde estava localizado o tanque de combustível número 5.
Uma onda de pressão dentro do tanque fez com que ele se rompesse antes do impacto do pneu. O combustível vazou do tanque e pegou fogo. O Concorde já havia alcançado uma velocidade em que não podia mais parar com segurança no fim da pista, então decolou com chamas na asa esquerda.
Alguns registros fotográficos capturaram esse momento, o que acabou contribuindo para as investigações. Essa tragédia resultou na perda de 113 vidas, em um prejuízo de US$ 125 milhões e na mancha na até então impecável reputação de um avião comercial verdadeiramente impressionante. Mais detalhes sobre o acidente podem ser encontrados em uma análise da Think Reliability.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.