Erro de controladores causou quase colisão de voos em decolagens, diz relatório
Em 2 incidentes, controladores deixaram de avisar aos pilotos sobre o encurtamento temporário da pista devido à obras. Trabalhadores quase foram atingidos

O enorme Airbus A330-300 da Malaysia Airlines com 247 passageiros a bordo está alinhado na pista para decolar aeroporto Tullamarine, em Melbourne, na Austrália. Com autorização da torre, os pilotos dão força total nos motores e se inicia a corrida para a decolagem.
A aeronave ultrapassou o final da pista durante a decolagem para Kuala Lumpur e passou a menos de sete metros acima dos trabalhadores e veículos que permaneciam em serviço.
Apenas 11 dias depois, um Boeing 787-9 da Bamboo Airways com destino a Hanói também ultrapassou os limites da pista e, por assustadores por 4,5 metros, não atingiu os operários. Ambas ocorrências foram registradas em menos de duas semanas no ano de 2023.
Agora, com a divulgação do relatório final, os investigadores concluíram que as duas tripulações não sabiam que o comprimento da pista havia sido reduzido temporariamente em 1.500 metros por conta de obras para recapeamento realizadas naquele período.
O Departamento Australiano de Segurança no transporte (ATSB) divulgou seu relatório final nesta terça-feira (11), concluindo que os controladores de tráfego aéreo incluíram a redução do comprimento da pista nos seus cálculos, mas não a informaram às tripulações. Uma vez que decolagens seguras ainda eram possíveis dentro dos limites menores, desde que os pilotos utilizassem as configurações de potência adequadas.

O relatório concluiu que ambas as tripulações utilizaram decolagens com potência reduzida — um processo no qual se utiliza menos potência do motor do que a potência máxima disponível para a decolagem — presumindo que toda a pista estivesse disponível. Nesse tipo de operação, os pilotos preservam a vida útil dos motores. Segundo o relatório, foi um “mal-entendido crítico” que levou às perigosas ultrapassagens da pista.
“Foram incidentes graves”, disse o comissário-chefe do ATSB, Angus Mitchell.
“Em ambos os casos, tínhamos aeronaves totalmente carregadas e abastecidas, com mais de 200 pessoas a bordo, que se aproximaram a poucos metros de equipamentos fixos no solo e de equipamentos de trabalho. Portanto, foi por sorte que, neste caso, não houve impacto.”
Embora reconhecendo que é responsabilidade do piloto identificar informações aeronáuticas críticas para a segurança ao se preparar para um voo, Mitchell observou que o processo é suscetível a erros humanos. Em vista dos incidentes, a Autoridade de Segurança da Aviação Civil propôs mudanças que exigem que o controle de tráfego aéreo confirme de forma mais direta o conhecimento dos pilotos sobre as condições críticas de segurança da pista.
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