Esbarrão de comissária em botão teria causado mergulho no voo da LATAM
Uma das versões sobre a investigação analisa se comissária que servia refeição no cockpit teria encostado cotovelo no dispositivo, movimentando a poltrona do piloto e o manche
Luiz Fara Monteiro|Luiz Fara Monteiro e Luiz Fará Monteiro

A versão de que o mergulho no ar do Boeing 787 Dreamliner da LATAM pode ter sido causado por um tripulante, que, inadvertidamente, encostou em um botão que movimenta o banco do piloto, repercute na mídia.
O evento com o voo LA800 da Latam, um Boeing 787-9 Dreamliner ocorreu na última semana, na segunda-feira (11), em um voo que saiu de Sydney, na Austrália, que tinha o Chile como destino final e pousou em Auckland, na Nova Zelândia. Segundo a companhia, 13 pessoas ficaram feridas.
De acordo com a versão, uma comissária que estava dentro do cockpit e servia refeições aos tripulantes teria, de modo involuntário, encostado o braço no dispositivo próximo ao assento de um dos pilotos, fazendo com que a poltrona se movesse pra frente e atingisse o manche.
"Isso não faz o menor sentido porque esse botão fica protegido. Para esbarrar nele teria que ser aberta uma tampa atrás do encosto do piloto", diz Lito Sousa, do canal Aviões e Músicas, ex-chefe do setor de manutenção de uma importante companhia aérea americana que opera no Brasil.
O botão, a que se refere reportagem do The Wall Street Journal, fica em um compartimento na parte superior de trás do assento do piloto, protegido por uma tampa.
Um outro aeronauta, que pediu para não ser identificado, ressalta que "na lateral da poltrona do 787 tem um interruptor que desliga o ajuste elétrico", não afastando a hipótese da queda brusca do Dreamliner ter sido ocasionada incidentalmente por algum tripulante.
Segundo o The Guardian, a Boeing recomendou que as companhias aéreas inspecionassem as poltronas da cabine dos jatos 787 em busca de tampas soltas nos interruptores. A matéria do Wall Street Journal informou que autoridades não identificadas da indústria nos Estados Unidos disseram que o incidente foi resultado pela comissária que servia uma refeição de cabine, acionando o interruptor no assento, empurrando o piloto para os controles.
A Boeing disse: “A investigação do voo LA800 está em andamento e encaminhamos às autoridades de investigação quaisquer descobertas potenciais. Tomamos a medida de precaução de lembrar aos operadores do 787 um boletim de serviço emitido em 2017 que incluía instruções para inspeção e manutenção de interruptores nos assentos da cabine de comando. Recomendamos que os operadores realizem uma inspeção na próxima oportunidade de manutenção.”
A empresa já enfrenta uma crise de segurança após uma explosão no painel da cabine durante um voo da Alaska Airlines de um novo jato 737 Max 9 em janeiro.
Os reguladores suspenderam 171 aeronaves Max 9 por várias semanas e ainda estão inspecionando a linha de produção da fabricante de aviões. O presidente-executivo da Boeing, Dave Calhoun, reconheceu que a empresa enfrenta um “sério desafio” para reconquistar a confiança das autoridades e das companhias aéreas.
No início desta semana, a Boeing disse que estava “em contato” com a Latam e “está pronta” para apoiar uma investigação sobre o que aconteceu.
“Estamos pensando nos passageiros e na tripulação do voo 800 da Latam Airlines e elogiamos todos os envolvidos no esforço de resposta”, disse um porta-voz.
A companhia emitiu uma nota:
Em relação ao voo LA800, que operou a rota Sydney-Auckland em 11 de março, o LATAM Airlines Group informa que continua trabalhando em coordenação com as autoridades para apoiar a investigação e que não compete à LATAM comentar as especulações em torno do tema.