O staff de controladores na Torre de Controle de Tráfego Aéreo no Aeroporto Nacional Reagan (DCA) “não era normal” no momento da colisão entre um avião de passageiros da American Airlines e um helicóptero do Exército perto de Washington, de acordo com um relatório da Administração Federal de Aviação. “A configuração da posição não era normal para a hora do dia e o volume de tráfego”, de acordo com o relatório obtido pela Associated Press.Um controlador de tráfego aéreo estava realizando um trabalho normalmente atribuído a duas pessoas na torre do Aeroporto Nacional Ronald Reagan quando a colisão aconteceu, segundo o relatório.A causa da colisão só será determinada depois da investigação realizada pelo NTSB e a FAA.‘Chegaremos ao resultado desta investigação o mais rápido possível’, disse hoje o Secretário de Transportes Sean Duffy, embora o trabalho dos investigadores não tenha prazo definido para a conclusão. Todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves morreram, disseram autoridades.Na Casa Branca, o presidente Donald Trump ressaltou que o voo comercial operava em rota e condições de normalidade. E questionou a ação dos controladores de tráfego aéreo.“Não sabemos o que levou a esse acidente, mas temos algumas opiniões e ideias muito fortes”, disse Trump.O avião transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. Três militares estavam a bordo do helicóptero.Comandante aposentado da TAP, o português José Correia Guedes analisou os parâmetros da aeronave que operava em nome da American Airlines e não viu irregularidades.“Segundo a transmissão do sistema ADS-B do CRJ 700, no momento da colisão o avião voava a 275 pés de altitude com um velocidade de 106 nós em relação ao solo. O rumo era 319, totalmente compatível com a aproximação à pista 33 e a velocidade vertical de descida era de 64 pés por segundo. Até ao momento não encontro qualquer razão para atribuir responsabilidades pelo acidente aos pilotos do Bombardier”, disse. ADS-B, sigla em inglês para (Automatic Dependent Surveillance – Broadcast) é uma tecnologia de vigilância de aviação na qual uma aeronave determina sua posição por meio de navegação por satélite ou outros sensores. E transmite periodicamente sua posição e outros dados relacionados, permitindo que seja rastreada.“Se o ADS-B do helicóptero não estava ativado, isso significa que outras aeronaves em rota de colisão não puderam receber seu sinal, comprometendo a prevenção de acidentes pelo sistema TCAS. Essa situação pode ter sido resultado de um erro humano, considerando que os pilotos estavam em treinamento”, explica Diego Cabral, especialista em segurança aérea do Grupo Med+.Cabral afirma que problemas na torre de controle, falha no radar e falha no transponder do helicóptero devem nortear o trabalho dos investigadores. Comandante de linha aérea comercial aposentado e instrutor de voo, Fernando Pamplona ressaltou alguns fatos primários sobre o acidente de ontem a noite em Washington. -O Avião estava numa aproximação autorizada para pouso, e lhe foi perguntado se estava em condições de voo visual (esta pergunta normalmente se refere aos obstáculos, e não a outros tráfegos) quando a pergunta se refere a outro tráfego ele é especificado.- O helicóptero, aparentemente, fazia um voo de treinamento, e nestes voos (em baixa altura) usam visores noturnos, que se por um lado facilitam a visão de obstáculos, por outro dificultam outros tráfegos.- O helicóptero declarou estar visual com o avião, que pode não ser o da colisão, pode ter havido erro na identificação do real perigo.- Não havia, aparentemente, o componente meteorológico que dificultasse a visualização de ambos.- Ambos estavam em contato permanente com os órgãos de controle e havia visualização no radar dos 2 tráfegos. - Pelo fato de ser treinamento, pode ter ocorrido de o foco estar em outra função ( sendo o voo em si como algo menor).Respondendo dúvidas sobre a atuação do T-CAS (Traffic Collision Avoidance System), Pamplona lembra que esse Sistema Anticolisão de Tráfego só funciona acima de 1000 pés ( 300 m). “Abaixo disto [desta altitude], o T-CAS trabalha com separação vertical e poderia dar uma ordem de descida a quem estivesse muito próximo do chão. Nesta altitude ele somente mostra os tráfegos e não emite ordens [de manobras evasivas em ambas aeronaves, para impedir uma colisão]”, finaliza Pamplona.