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Luiz Fara Monteiro

Falha nos sistema antigelo do avião da Voepass foi relatada pelos pilotos

Cenipa apresentou nesta sexta-feira o relatório preliminar sobre as investigações do acidente que matou 62 pessoas em Vinhedo no último 9 de agosto

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Acidente da Voepass: falha no sistema de degelo Reprodução

O avião da Voepass modelo ATR-72 que se acidentou em 9 de agosto em Vinhedo, São Paulo, teve o sistema de degelo desligado e religado várias vezes durante o voo que decolou de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto de Guarulhos. É o que aponta o relatório preliminar apresentado hoje pelo Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes, CENIPA. O sistema conhecido como ‘airframe de-icing’ faz parte da proteção do aeronave contra a formação de gelo em suas superfícies, como asas e hélices.

“Bastante gelo”

Ainda de acordo com o CENIPA, os pilotos ligaram o sistema de degelo logo após a decolagem, uma vez que os boletins meteorológicos chamavam a atenção para a formação de gelo severa na rota operada pelo voo 2283. Os pilotos comentaram entre eles - de acordo com os áudios da caixa preta - sobre uma falha no sistema logo após a subida. Minutos depois, o sistema de degelo das asas foi desligado. O alerta sobre a presença de gelo foi ativado e desativado em várias ocasiões durante o voo.

Antes da decolagem o ATR72 estaria com todos os sistemas operacionais, aponta a investigação.


“A aeronave não tinha nada reportado que impedisse sua operação”, afirmou o Brigadeiro do Ar Marcelo Moreno, chefe do CENIPA.

Os investigadores destacaram que não houve qualquer comunicado de emergência por parte dos pilotos nos momentos iniciais da perda de controle da aeronave, que se iniciou às 13h20 daquela sexta-feira. Nesse momento, vibrações foram sentidas na estrutura do ATR e o alarme de estol se iniciou na sequência, apontando a perda de sustentação. A formação e o acúmulo de gelo modificam o fluxo de ar sobre e sob as asas, gerando instabilidade considerável. O avião possui sistemas que atuam para evitar a formação e para derreter o gelo acumulado. Foi exatamente um desses dispositivos que teria apresentado falha.


A descida do voo da Voepass foi retardada pelo Controle de Tráfego de São Paulo por conta de um tráfego intenso na região, procedimento comum na gerência de tráfego. Um Boeing da GOL e um Airbus da LATAM cruzavam o espaço aéreo próximo ao Vopepass, abaixo do ATR. O acidente ocorreu enquanto o avião da Voepass fazia uma curva à direita, instruída pelo Controle de Tráfego Aéreo. Então o ATR curvou para a esquerda e direita novamente, até que se iniciasse um evento conhecido como parafuso chato, quando a aeronave deu 5 voltas em torno do eixo até atingir o solo, no quintal de uma casa em um condomínio em Vinhedo. No acidente, 62 pessoas, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes, morreram.

A investigação atestou a experiência da tripulação com o modelo ATR e destacou que ambos os pilotos passaram por treinamento adequado em simuladores para enfrentar situações com formação de gelo. O certificado de aeronavegabilidade também estava válido, ou seja, o avião não apresentava defeitos até então. A última revisão de manutenção aconteceu em 24 de junho de 2023, em conformidade com os manuais. A aeronave era certificada para voar em condições de formação de gelo.


Meteorologia

Era previsto gelo severo na rota e formação de gelo entre os níveis 12 mil pés e 21 mil pés. As informações estavam disponíveis à tripulação. Imagens de satélite também mostravam a formação intensa em rota. Às 13h18 a aeronave reportou ao controle de aproximação de São Paulo que estava no ponto ideal de descida. A aeronave foi instruída a manter os 17 mil pés e logo após houve troca de frequência para que chamasse o controlador de outro setor. Este então solicitou que a aeronave mantivesse os 17 mil pés devido a tráfego na região. Participaram das investigações junto ao CENIPA o BEA, órgão francês, país onde o aviação foi fabricado, além de profissionais do Canadá TSB, país responsável pela fabricação dos motores. Os investigadores do Seripa IV, baseado em São Paulo, foram os primeiros a chegar ao local do acidente. O CENIPA ainda trabalha para a conclusão das investigação, o que não tem prazo determinado para ocorrer. O órgão apontará todas as causas prováveis para a ocorrência.



Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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