1 minuto e 37 segundos. Esta é a duração do vídeo produzido pela Qatar Airways. Não é um filme publicitário, de alta produção, como a companhia com sede em Doha está acostumada a produzir. Pelo contrário. Mostra a fuselagem de pelo menos três modelos A350, de registros A7-ALE, A7-ALT e A7-ALG , deteriorada. São 21 aeronaves da Qatar retiradas de operação nos últimos meses. A companhia sustenta que a iniciativa é uma determinação do próprio órgão regulador de aviação no Qatar. A alegação: desgaste adiantado no acabamento da pintura. São aviões novos, que começaram a ser fabricados em série a partir de 2015. No filme, mãos com luva puxam lascas da pintura da fuselagem para provar uma suposta qualidade ruim no acabamento dessas aeronaves. O filme é uma pronta resposta à decisão anunciada nesta quinta-feira pela Airbus de suspender o contrato da venda de 50 modelos A321Neo à Qatar. A companhia aérea reivindica na justiça uma indenização de quase 620 milhões de Euros da fabricante. Mais uma compensação extra de US$ 4 milhões por cada dia em que seus 21 aviões A350 permanecem em solo pelos danos na fuselagem, que incluem erosão e lacunas em uma camada de proteção contra raios. A curiosidade é que o A350XWB (iniciais para Extra Wide Body) foi desenvolvido em conjunto pela Qatar. Um dos protótipos utilizdos para fins de certificação tinha pintura da Qatar, inclusive. Ninguém menos que o CEO da Qatar, Akbar Al-Baker, aparecia em várias filmagens de promoção do modelo. No vídeo abaixo, produzido em dezembro de 2014, Baker aparece assinando contratos e supervisionando o interior de um dos protótipos da Airbus. Baker tem estilo próprio, duro, não economiza palavras duras mesmo em declarações públicas. O antigo parceiro é hoje o maior rival da Airbus. A briga é grande. E tudo indica que será decidida mesmo na justiça.