Os investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) analisam as circunstâncias da queda do avião modelo Beechcraft Baron 58 ocorrida no último sábado (29) na divisa entre Rondônia e Mato Grosso. O pecuarista Garon Maia e seu filho "Kiko", que estavam a bordo do bimotor, não resistiram e morreram. Nesta primeira fase de trabalhos, várias informações serão levantadas para que o relatório final destaque os principais fatores contribuintes para a queda do avião. Dados preliminares indicam que aeronavegabilidade do Beechcraft estava em dia. Além dessa provável documentação e das condições operacionais da aeronave, os profissionais do Cenipa buscarão dados como as condições climáticas, a qualidade do combustível, uma eventual pane mecânica, a validade da licença do piloto, sua rotina horas antes de decolar e se Garon Maia ingeriu bebida alcoólica antes ou durante o voo. Em suas redes sociais, Maia postou um vídeo — não é possível precisar a data em que a gravação foi feita — em que um adulto aparece bebendo cerveja enquanto orienta o menino, de 12 anos, a decolar a aeronave do aeroporto de Vilhena (Rondônia), por volta de 17h50. O Cenipa também poderá determinar quem pilotava o avião no momento do acidente. O Regulamento Brasileiro da Aviação Civil 61 (RBAC) da Agência Nacional de Aviação Civil expressa que licenças, habilitações e certificados para piloto privado só podem ser emitidos para pessoas a partir dos 16 anos. Na época do antigo regulamento, só poderiam iniciar as aulas de voo aqueles que tinham 17 anos, no mínimo, e que apresentassem a permissão de seus responsáveis reconhecida em cartório. A morte de Maia e seu filho comoveu a muitos. E faz lembrar uma ocorrência de proporções trágicas em um voo de linha comercial, com muito mais vítimas. Em 23 de março de 1994, a visita de adolescentes, filhos de um dos pilotos de um Airbus A310 da companhia russa Aeroflot, teve um resultado devastador. O voo 593 partiu do Aeroporto Internacional Sheremetyevo, em Moscou, para o Aeroporto Kai Tak, em Hong Kong, com 63 passageiros, sendo 40 russos e 23 estrangeiros, além de nove comissários e três pilotos. Pilotando a aeronave naquela noite estavam o comandante Andrey Viktorovich Danilov, de 40 anos, o primeiro oficial Igor Vasilyevich Piskaryov, de 33, e o piloto substituto Yaroslav Vladimirovich Kudrinsky, de 39. Dois dos passageiros eram filhos do piloto substituto Kudrinsky — seu filho Eldar, de 16 anos, e sua filha Yana, de 12. Depois de algumas horas de voo, os jovens foram ao cockpit. Embora proibida, a prática de levar algum passageiro até a cabine não era rara. A essa altura, o comandante Danilov havia saído do local para dormir, cedendo sua posição a Kudrinsky, que seria acompanhado por Piskaryov pelo resto do voo. O que era incomum e perigoso era que Yaroslav permitiu a seus filhos que se sentassem no assento do piloto e controlassem os comandos da aeronave. Embora o piloto automático estivesse ativado, Yaroslav pareceu querer impressionar seus filhos e dar-lhes a sensação de que pilotavam o avião. Os detalhes do que aconteceu em seguida são baseados em transcrições do gravador de voz da cabine e publicados no Simple Flying. Yana, a filha do piloto, assumiu o controle primeiro. Yaroslav ajustou o rumo no piloto automático para que a aeronave realizasse uma manobra enquanto a menina estava nos controles. Apesar do movimento do A310, seu piloto automático permaneceu ativado. O filho de Yaroslav, Eldar, fez o mesmo, mas aplicou muito mais força à coluna de controle. Isso desativou o piloto automático dos ailerons da aeronave, deixando Eldar parcialmente no controle. Isso fez com que a aeronave virasse para a direita. Os pilotos ficaram confusos quando a descrição da trajetória de voo mostrada na tela mudou, mostrando uma curva acentuada de 180 graus. No tempo que se levou para perceber o problema, o ângulo de inclinação da aeronave passou de 45 graus para quase 90 graus. O Airbus A310 , como a maioria das aeronaves comerciais, não conseguia lidar com um ângulo de inclinação tão acentuado. O avião iniciou uma descida rápida. Com o piloto automático desconectado do controle do aileron, ele tentou compensar subindo e aumentando o empuxo. Os ailerons permitem a inclinação lateral da aeronave em relação ao seu eixo longitudinal. A aeronave perdeu muita velocidade e mergulhou em direção ao solo. Embora os pilotos tivessem recuperado o controle, o primeiro oficial — que tinha menos horas de voo em um A310 — fez o avião estolar, ou seja, perder sustentação. O A310 caiu em uma cordilheira na região de Kemerovo Oblast, matando todos a bordo. Toda a trágica situação se desenrolou em apenas dois minutos e meio. Obviamente, as ações das crianças e suas distrações na cabine foram fatores contribuintes. Permitir que eles assumissem qualquer forma de controle era contra os regulamentos. Não foram encontradas evidências de falha técnica de nenhum tipo. Infelizmente, também foi relatado ainda que, se os pilotos tivessem deixado os controles para o piloto automático, em vez de tentar corrigi-los manualmente, ele teria recuperado a situação. Segundo o relatório da Flight International, cada piloto teve em média 900 horas registradas no Airbus A310, com treinamento ministrado pela Lufthansa. A Aeroflot inicialmente negou a presença de qualquer criança na cabine, e os primeiros relatórios davam conta de 64 passageiros a bordo (apenas 63 apareceram), insinuando uma conspiração de bomba terrorista. No entanto, a transcrição do gravador de voz da cabine foi tornada pública, e os eventos que levaram ao acidente foram revelados.Tutores pagam cerca de R$ 45 mil em voos exclusivos com muito conforto para pets