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A cachaça artesanal que transforma tempo em excelência

Premiado internacionalmente, Ferruccio Scotuzzi fala sobre paixão por trás de uma produção que respeita a tradição e o ritmo da bebida

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

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Ferruccio Scotuzzi, fundador da Casa Ferruccio Foto: Arquivo pessoal

Em um mercado cada vez mais acelerado, Ferruccio Scotuzzi escolheu ir na contramão. Sem pressa, sem produção em larga escala e com atenção quase obsessiva aos detalhes, o produtor aposta no tempo, no silêncio das barricas e na pesquisa constante para criar cachaças artesanais de alta qualidade.

O encontro com Ferruccio aconteceu durante o lançamento das Rotas da Cachaça de São Paulo e do 2º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista 2025, evento no qual ele conquistou cinco certificações.


Na ocasião, experimentei a cachaça Amburana Serra do Itaqueri, produzida em Rio Claro, que recebeu medalha de prata no Concurso Internacional de Bruxelas — rótulo que também agradou a cônsul-geral de Taiwan, Angeles Chu. Não por acaso, a cachaça brasileira vem ganhando espaço em novos mercados internacionais.

Em entrevista ao Mundo Agro, Ferruccio falou sobre os aprendizados de 2025, as expectativas para 2026 e a paixão que move um trabalho guiado mais por propósito do que por volume.


Angeles Chu, Cônsul-Geral de Taiwan em SP com Ferruccio Scotuzzi, um dos premiados no concurso Foto: Arquivo pessoal

Mundo Agro: 2025 foi um bom ano para você?


Ferruccio Scotuzzi: Foi um ano de aprendizado e de confirmação de que estamos no caminho certo. Tivemos reconhecimentos importantes, prêmios, e isso dá força para seguir em frente. Não foi um ano fácil, mas foi positivo.

Mundo Agro: E a expectativa para 2026?

Ferruccio Scotuzzi: É pensar sempre para frente e para o alto. Se ficarmos presos aos problemas, acabamos patinando. O importante é superar dificuldades, enfrentar desafios e buscar sempre algo novo.

Mundo Agro: O que representam os cinco certificados conquistados nesta edição?

Ferruccio Scotuzzi: São um grande incentivo para trabalhar cada vez melhor. Reforçam a busca por mais qualidade, pelo desenvolvimento de aromas e novos blends. É o reconhecimento de que o cuidado faz diferença.

Mundo Agro: Qual é o diferencial da produção de vocês?

Ferruccio Scotuzzi: Nós não temos pressa. A cachaça descansa no escuro, no silêncio e na umidade adequada, para se apurar com o tempo. Não seguimos o modelo industrial. Preferimos barricas quietas, respeitando o ritmo da bebida.

Mundo Agro: Mesmo sendo uma empresa jovem, vocês se inspiram em produtores antigos. Por quê?

Ferruccio Scotuzzi: Porque acreditamos na tradição. Apesar de a empresa ter um ano formalmente, a cachaça faz parte da nossa história desde 2019. Pesquisamos muito e nos espelhamos em produtores centenários, que mantêm padrões hoje cada vez mais raros.

Mundo Agro: Como surgiu a ideia de produzir cachaça?

Ferruccio Scotuzzi: Tudo começou com o empório e as visitas a vinícolas. Produzíamos vinho em parceria no Sul, mas a cachaça despertou ainda mais paixão. Convidei minha irmã, que é a responsável técnica, e juntos restauramos uma casa antiga, adaptando tudo às exigências do Mapa, sempre com calma e dedicação.

Mundo Agro: O processo de criação envolve muita experimentação?

Ferruccio Scotuzzi: Sim. Fazemos oficinas de blend, abrimos barris, avaliamos graduação alcoólica, acidez e aromas. Cada produto só sai quando está realmente no ponto. Nada é feito às pressas.

Mundo Agro: Há alguma cachaça especial no portfólio?

Ferruccio Scotuzzi: Temos uma barrica de carvalho francês de cinco anos, a “barrica 001”. Produzimos apenas 70 garrafas para não tirar a força do barril. É uma edição pensada para momentos específicos, como harmonização com charutos.

Mundo Agro: Quanto tempo leva para chegar à qualidade final de um produto?

Ferruccio Scotuzzi: A amburana que você provou, por exemplo, tem dois anos de pronta. Buscamos equilíbrio, notas sutis de canela, aromas agradáveis e nenhuma adstringência.

Mundo Agro: A amburana tem um significado especial para você?

Ferruccio Scotuzzi: Tem muito. Ela remete à memória afetiva, lembra casa de vó, móveis antigos. Cada madeira tem sua personalidade, mas a amburana traz uma lembrança muito gostosa. Foi com ela que conquistamos nossa primeira medalha internacional, em Bruxelas.

Mundo Agro: Vocês também recebem visitantes?

Ferruccio Scotuzzi: Sim, fazemos visitas guiadas. Apresentamos cada cachaça, cada madeira, abrimos barris para sentir os aromas. É uma experiência que faz as pessoas se apaixonarem pela bebida.

Mundo Agro: O que a cachaça representa para você, em poucas palavras?

Ferruccio Scotuzzi: Paixão e desafio. Paixão pelo produto e o desafio constante de melhorar sempre.

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