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Babà, o rei de Nápoles

Não é o Maradona e é de comer.

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

Quem visita Nápoles pela primeira vez, no Sul da Itália, pode se encantar com as roupas penduradas nas janelas dos apartamentos, com o mar Tirreno, o vulcão Vesúvio e, claro, com a culinária local.

Mas há um rei absoluto por lá e não estou falando do Maradona.

Quartieri Spagnoli, Nápoles, Itália

No menu de sobremesas, há um tal de Babà.

Mirco, um jovem garçom que atendeu nossa mesa, limitou-se a dizer que era a sobremesa típica de Nápoles.


Cardápio Salvo Pizzaria, Nápoles


Assim que ele nos serviu, confesso que a aparência não me agradou. Parecia um cogumelo de massa com uma calda.

Babà

Mas, se estamos na Itália, andiamo!

Quartieri Spagnoli, Nápoles, Itália

Logo na minha primeira garfada, levei um susto. Era uma massa leve completamente embebida no rum. Sim... pegaram um pedaço de bolo seco e jogaram num recipiente com a bebida... Confesso que, à princípio, não me agradou muito. Mas depois me encantei.
Mirco, atento, só observava. Eu olhei para ele e fiz uma careta. Falei que no Brasil não seria possível oferecer o Babà sem ser parado em uma blitz da Lei Seca.
Ele riu, sem entender. Aí, perdi um tempo explicando o que é uma blitz.

Mas quem vai contar a história do Babà para vocês é o meu amigo Gerardo Landulfo, delegado da Accademia Italiana della Cucina em São Paulo.

Gerardo Landulfo , Delegado da Accademia Italiana della Cucina em SP

A origem da receita seria polonesa, proveniente da babka ponczowa ou da austríaca kugelhopf. Segundo Gerardo, as narrativas sobre as duas versões indicam que a bebida alcoólica foi acrescentada pelo rei polonês Estanislau Leszczynski (1677-1766) durante seu exílio em Lunéville, na região francesa da Lorena.


“Alguns historiadores afirmam que Leszczynski usou vinho Madeira, com a intenção de deixar a massa mais macia e conservar o pão de ló por mais tempo; outros dizem que a combinação nasceu por acaso”, explica Gerardo.

A receita foi parar no Palácio de Versailles, na França pelo confeiteiro Nicolas Stohrer, que acompanhava Maria Carolina, filha de Leszczynski, após o seu casamento com o rei Luís XV, em 1725.

Gerardo conta que, na corte francesa, o vinho português foi substituído pelo rum jamaicano, muito apreciado pela nobreza da época.

“Além disso, o bolo diminuiu de tamanho, ganhou um formato mais parecido com o atual e passou a ser chamado de Ali Babà, em homenagem ao personagem principal do conto árabe As Mil e Uma Noites, cuja primeira versão em francês foi publicada no início do mesmo século", acrescentou Landulfo.

Mas foi a nobreza a responsável pela chegada do Babà à Itália.

Mar Tirreno, Nápoles, Itália

Segundo Gerardo, a introdução da receita é atribuída a duas rainhas nascidas na Áustria: Maria Carolina (casada em 1768 com o rei napolitano Ferdinando IV) e sua irmã Maria Antonieta (mulher do francês Luís XVI).

Como doce típico de Nápoles, o primeiro registro escrito aparece no Manual da Cozinha Italiana de Vincenzo Agnoletti, publicado em 1836.

“Apesar de sua origem estrangeira, o Babà al rum é considerado o rei dos doces napolitanos e ganhou uma versão que o torna ainda mais italiano: o Babà al limoncello, com o tradicional licor de limão de Sorrento ou da Costa Amalfitana", explica Gerardo Landulfo.

Eu só sei que o Babà está em todos os lugares de Nápoles e vale a pena saborear esse pão de ló feito com uma das melhores farinhas de trigo da Itália. Eu conto mais sobre a farinha que é produzida por lá em breve.

Aproveita já me segue no @mundoagro_por_fabigennarini

Lá você confere um vídeo para se sentir em Nápoles e ver o Babà

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