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Carne do futuro aposta em produtividade sustentável e transparência com o consumidor

Grupo lança campanha para mostrar como alta eficiência na pecuária pode reduzir emissões, entregar carne de qualidade com responsabilidade social e ambiental

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window

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Campanha "A carne do futuro é animal" Foto cedida: Canivete Pool

Com o objetivo de fortalecer o diálogo com a sociedade e mostrar que é possível produzir mais alimentos com menos impacto ambiental, a Nutripura e os produtores do Canivete Pool lançaram uma campanha que evidencia os pilares da nova pecuária brasileira: produtividade, sustentabilidade e responsabilidade social.

A iniciativa busca desmistificar a produção de carne bovina de baixo carbono, destacando práticas que aliam tecnologia no campo, bem-estar animal e conservação ambiental — tudo com foco no consumidor do presente e do futuro.


Na entrevista à Mundo Agro, Luciano Resende, membro da diretoria do Canivete Pool e idealizador da campanha “A carne do futuro é animal, explica como o efeito “Poupa Terra”, o manejo de pastagens, a rastreabilidade total e o uso de tecnologias como integração lavoura-pecuária estão transformando o Mato Grosso em referência global em carne de qualidade e menor pegada ambiental.

Luciano Resende, membro da diretoria do Canivete Pool e idealizador da campanha Foto cedida: Canivete Pool

Mundo Agro: O que motivou o grupo a lançar essa campanha agora?


Luciano Resende: O principal motivo é comunicarmos melhor com a sociedade, em especial de como produzimos, dos fatores que consideramos fundamentais no processo produtivo, tais como:

- Produtividade: alimentar mais pessoas em menor área;


- Sustentabilidade: vai desde preservação de florestas, mananciais, pegada de carbono (produção de baixo carbono), entre outros;

- Responsabilidade social: somos atuantes em projetos sociais, em especial ao projeto que AENT (Associação Esportiva Nutrindo Talentos), onde incentivam crianças à prática esportiva e cidadania;


- Bem estar animal: boas práticas de produção visando uma boa alimentação, livre de doenças, conforto, aliado ainda a uma preocupação constante com a saúde dos animais e das pessoas que consomem essa carne.

É mostrar com fatos e dados nossa realidade.

Mundo Agro: Como vocês conciliam alta produtividade com redução de emissões de carbono?

Luciano Resende: Importante esse ponto, podemos acrescentar produtividade e lucratividade diretamente à redução de emissões de carbono e preservação ambiental. Uma vez que produzimos mais, com mais eficiência e em menor área, aumenta o efeito “Poupa Terra”, o que permite aumentarmos produção de alimento sem entrarmos em área nativas. Além do efeito Poupa Terra, quando aumentamos a eficiência na produção, produzimos mais com menos, incluindo melhor eficiência de conversão dos animais por tudo que consomem, isso faz com que transformem mais o alimento consumido em carne (tecido muscular) e menos emissão de gases, isso já entra diretamente na redução na emissão de carbono. Outro ponto importante, ao manejarmos melhor nossas pastagens, aumentamos a quantidade de carbono fixado ao solo, melhorando o balanço entre carbono equivalente emitido e mitigado (capturado) ao meio ambiente, transformando o sistema de produção em baixo emissor de carbono e até zerando esse balanço. A gestão eficiente dos recursos é a chave para uma pecuária sustentável.

Mundo Agro: Quais são os principais critérios para definir uma “carne de baixo carbono”?

Luciano Resende: Para analisarmos esse ponto, podemos ponderar os emissores de carbono, como o próprio animal através da liberação de gases como o metano, além de tudo que envolve a produção dessa carne, como uso de adubações nitrogenadas, combustíveis dos maquinários, entre outros. Esses são os emissores. Por outro lado, temos os mitigadores de carbono, o que, dentro do sistema de produção dessa carne, capta carbono do meio, com destaque ao próprio animal, que capta carbono para produção do próprio tecido muscular, da carne, através do Ganho de Peso diário, por isso quanto mais eficiente for, juntando dieta, condição sanitária adequada, bom manejo e genética, melhor será sua capacidade de transoformar mais em carne tudo que consome, liberando menos carbono ao meio. Temos também o bom manejo do capim, quanto melhor for o manejo desse capim, melhor o animal vai aproveitá-lo, além de maior a quantidade de carbono “preso” ao solo, e quanto melhor cuidado esse solo, aumento de matéria orgânica, melhor será a produção de capim e maior a quantidade de carbono “preso” ao solo através da matéria orgânica. É um sistema de produção, que quanto melhor gerido, maiores ganhos na sustentabilidade, na produtividade e na lucratividade.

Mundo Agro: Como a tecnologia tem transformado a pecuária no Mato Grosso?

Luciano Resende: Tecnologia é uma aplicação prática do conhecimento científico, e Mato Grosso é um estado privilegiado, altamente ligado ao uso de tecnologia no agronegócio, tanto na agricultura quanto na pecuária. Nos últimos anos, inclusive, o uso de tecnologias que permitem o ganha ganha entre agricultura e pecuária tem transformado ainda mais o Mato Grosso, como a integração lavoura pecuária, permitindo crescente ganhos para os dois negócios, pensando na fazenda como um todo, e não de forma separada a agricultura e pecuária. São tecnologias como essa que transforma, e consequência é melhora na sustentabilidade, produtividade e lucratividade da fazenda.

Se buscar os números, tem mostrado que as áreas de pastagens do Mato Grosso tem caído constantemente e temos aumento na produtividade, diminuição de área e idade de abate dos animais, melhorando substancialmente esse tripé. Temos muitos exemplos bons dentro do pool que evidenciam esse processo, logicamente, com gestão vindo lado a lado nesse processo.

Mundo Agro: O que diferencia os membros do Canivete Pool de outros produtores de carne bovina?

Luciano Resende: Existem muitos bons produtores no Brasil, mesmo fora do pool e em outras regiões do Brasil. Nosso diferencial é ser um grupo coeso e focado em três pilares básicos: produtividade, sustentabilidade e rentabilidade. Nós temos excelentes indicadores nessas três frentes. Outro ponto que se destaca, temos uma visão clara da importância de estarmos produzindo pensando no consumidor final, para a nova geração, para o futuro, e fazemos isso como propósito. Alimentamos o mundo com carne de qualidade, nutritiva, sustentável, com a carne do futuro.

Mundo Agro: Quais práticas sustentáveis são adotadas atualmente nas fazendas participantes do grupo?

Luciano Resende: Além da preocupação com as áreas de reservas, respeitando o Código Florestal, temos trabalhado muito nos indicadores de produção que remetem esse tripé, sustentabilidade, produtividade e lucratividade. Podemos destacar o bom manejo do capim, com uso de ferramentas modernas que nos auxilia nas tomadas de decisões diárias, como a ferramenta Konectpasto. Todo o grupo possui acompanhamento constante de técnicos especialistas no planejamento e na execução das operações de produção da fazenda, usando indicadores que monitoram a busca desse tripé, além de contarem com um Centro de Pesquisa que validam as operações e um grupo de consultores, chamamos de Conselho Técnico, formado por professores de universidades referência no agro. Uso da compostagem dos dejetos do confinamento para adubação de suas áreas, entre outras.

O conjunto dessas ações impacta fortemente na redução do balanço de carbono na atividade.

Mundo Agro: A rastreabilidade é um desafio ou uma vantagem para os produtores do grupo?

Luciano Resende: A rastreabilidade, sem dúvida, é uma grande vantagem. Além de trazermos informações fidedignas que podem chegar até o consumidor final, o grupo já trata os dados de toda operação com muita seriedade, como o controle individual dos animais, podendo mostrar toda vida produtiva por animal como também de qualquer problema e uso de medicamentos por indivíduo, respeitando período de carência, caso necessário. Todas essas informações são vindas com a identificação individual dos animais e o histórico rastreado permite uma segurança muito maior no que estamos ofertando ao mercado.

Mundo Agro: Quais os principais obstáculos enfrentados para ampliar a produção sustentável no setor?

Luciano Resende: Um dos obstáculos ainda encontrado é tanto da comercialização desse produto ser dentro de um mesmo ‘pacote” com os outros animais, assim como levar esse conceito até o consumidor final, dando oportunidade de escolha a ele. Outro ponto importante é a divulgação de informações generalistas de casos de uma minoria de produtores que não produzem com um mínimo de preocupação e critério, as vezes generalizando pelo lado negativo, precisamos trazer luz a essa questão e informar a população com respeito e bases científicas.

Mundo Agro: Como o consumidor brasileiro tem reagido à ideia de carne sustentável?

Luciano Resende: Esta é uma demanda do consumidor em todo o mundo. No Brasil este desejo ainda está restrito a uma menor parcela da sociedade. O importante é que hoje este produto diferenciado já está disponível no país. De qualquer forma, como maior exportador de carnes do mundo, o produtor brasileiro precisa se adequar aos desejos do consumidor nos quatro cantos do planeta - não só aqui.

Mundo Agro: Qual é a visão do Canivete Pool sobre a carne cultivada em laboratório?

Luciano Resende: Trata-se de um nicho de mercado, acredito que precisa ajustar bem a nomenclatura, se é carne (tecido muscular), para não confundir a população na escolha do produto. Difícil conseguir chegar no mesmo sabor, textura e, principalmente, nos valores nutricionais da carne verdadeira. Mercado existe para todo mundo, o importante é informarmos de forma clara e verdadeira para o consumidor final saber fazer sua escolha. A carne produzida por um produtor que preza pela qualidade, sabor, valor nutritivo e sustentabilidade da cadeia, é a carne do futuro, é a carne que acredito fazer total sentido para o futuro do planeta e das pessoas.

Mundo Agro: Qual foi o maior aprendizado desde o início do Canivete Pool em 2022?

Luciano Resende: O aprendizado é constante, mas a aproximação da cadeira da carne, o propósito alinhado, a busca pela entrega pensando no consumidor final e num planeta melhor, tudo isso junto, faz todo sentido. Juntos somos mais fortes, desde que essa força seja aplicada no mesmo sentido.

Mundo Agro: Como vocês lidam com as críticas à pecuária em relação às mudanças climáticas?

Luciano Resende: Esta é uma preocupação da sociedade como um todo. No nosso grupo, esta é uma pauta importante também. Decidimos entender as críticas, melhorar o nosso sistema e responder com ações, ações essas que passam a entregar cada dia que passa algo melhor do que ontem, focado em alimentar mais pessoas, com menor área, de forma sustentável, em prol de um mundo melhor. A fila de quem critica já está bem grande, dos que agem, continua sempre cabendo mais, vamos fortalecer quem está disposto a produzir com esses ideais.

Mundo Agro: Em 10 anos, como vocês imaginam que será a carne produzida no Brasil?

Luciano Resende: O Brasil é disparado o país que mais entrega sustentabilidade na produção agropecuária, e o potencial de crescimento em produtividade e sustentabilidade é imenso. Acredito que em 10 anos, teremos a separação dos tipos de produção no Brasil, evidenciando uma grande maioria com uma pecuária produtiva, lucrativa e sustentável, como não encontramos em lugar algum no mundo. O agronegócio brasileiro continuará sendo destaque, cada ano melhor, firmando como grande potência mundial. Acreditem, vamos provar e aumentar o número de carne alimentando o mundo, produzida no Brasil de forma sustentável, reconhecida, orgulho nacional. A qualidade será cada dia maior, as áreas de pastagem cada dia menores, menor idade de abate, maior taxa de desfrute, mais mercados alcançados, tudo isso como consequência da competência da maioria dos produtores brasileiros. A Carne do Futuro é Animal.

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