Dona Neide e uma história de amor, herança e café
Professora aposentada, filha de agricultores e neta de imigrantes italianos, ela transformou a herança da família em um símbolo de união e esperança — com o café como elo entre gerações

Já era fim de tarde quando encontrei Dona Neide perto do lago e me falaram que ela era a mãe da Kaézia e da Kiki.
Eu não pensei duas vezes e a chamei para uma prosa — ali mesmo, enquanto ela chamava os peixes (isso mesmo, ela fala com os peixes!) e os alimentava.
Neta de imigrantes italianos e criada por uma mãe que plantava tudo o que podia para alimentar os filhos, Neide carrega em sua trajetória a força das mulheres do campo. Professora por 30 anos, casada com Cássio — que é 11 anos mais jovem — ela viu na pequena herança de terra um ponto de partida para algo muito maior: cultivar café com amor, fé e propósito.
A história dela mistura tradição, superação, empreendedorismo familiar e uma lição de generosidade: fazer da mesa de café um espaço de acolhimento, trabalho e gratidão.
Nesta entrevista, ela relembra suas origens, fala da criação das filhas Kaézia e Kiki — hoje envolvidas no negócio da família — e do que o café representa em sua vida: afeto, raízes e um sonho que floresce todos os dias, pé por pé.
Ah… e contou com muita emoção sobre a sua história de amor.
Afinal, quem aí não gosta de conhecer um pouco sobre os grandes amores da vida?
Neide, obrigada pela recepção. Parabéns pelas filhas e pela linda jornada no agro.
Vem comigo e conheça a história da Neide — esposa do Cássio e mãe da Kaézia e da Kiki — produtores rurais que são protagonistas da linha Fazedores de Café, da Nescafé.

Mundo Agro: Dona Neide, me conta uma história. Você já tinha alguma ligação com a roça ou tudo começou com a herança?
Neide Bianchini: Minha mãe era filha de um cafeicultor. Na época, eles plantavam café Bourbon. Mas como mulher não tinha direito a herança, quando ela casou, só herdou uma máquina de costura. Mesmo assim, ela sempre plantou de tudo onde morou. Criou a gente com o que colhia. Depois, quando herdamos essa terra, tudo veio de novo à tona.
Mundo Agro: E essa herança vem de família italiana, né?
Neide Bianchini: Sim. Meus bisavós vieram da Itália. Meu avô, Atílio Bianchini, chegou ao Brasil com sete anos. Foram para a região de Pendanga, depois pra Ibiraçu, e ali começaram a trabalhar em lavouras de café. Mais tarde, compraram terra em Feijão da Terra, e depois meu pai veio pra Jacopé, onde tudo começou pra nossa família.
Mundo Agro: Seu pai também era agricultor?
Neide Bianchini: Na verdade, ele criava suínos e gado. Plantava feijão e milho, mas nunca lidou com café. Quem começou com o café foi eu e meu marido, depois que herdamos esse pedaço aqui. Ele já fazia mudas em Jacopé. Aí a gente decidiu plantar, com muito esforço, sem trator, tudo no braço.
Mundo Agro: E além disso tudo, a senhora também foi professora, né?
Neide Bianchini: Sim. Fui professora por 30 anos. E ainda fomos donos de padaria! Meu marido é padeiro. Hoje estamos comemorando 28 anos de casados. Sou 11 anos mais velha que ele. Não foi fácil, mas valeu a pena.
Mundo Agro: E as filhas? Como foi trabalhar em família?
Neide Bianchini: No começo foi bem difícil. Trabalhar com filhos exige paciência. Muitas vezes fui pro banheiro, ajoelhei e pedi força a Deus. Mas ver as meninas hoje, com essa garra, valeu a pena. A Kézia, por exemplo, sempre foi curiosa, estudiosa. Ela ganhou uma redação com 6 anos e plantou as mudinhas que formam aquela florestinha ali. Ela foi uma prova de amor entre eu e meu marido. Foi ela que me deu coragem pra enfrentar o preconceito e formar essa família.
Mundo Agro: E a Kiki?
Neide Bianchini: A Kiki sempre foi tímida. Nos teatros da escola, ela só queria ser flor ou árvore [risos]. Mas ela é muito paciente, muito sensível. Ela equilibra tudo. Quando a Cássia tá agitada, é ela quem traz calma. As duas se completam.
Mundo Agro: E o café, o que representa pra você?
Neide Bianchini: O café, pra mim, é amor incondicional. É estar perto de quem a gente ama. Aqui, todo dia eu arrumo essa mesa pra tomar café com quem vier, seja funcionário, visitante, família. Queremos que nossos colaboradores tenham a mesma comida, o mesmo café que a gente tem. E sempre peço a Deus que o dinheiro que pagamos a eles dobre na mão deles. Porque café é isso: gratidão.
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