Entre o espaguete e a tela: Festival de Cinema Italiano completa 20 anos unindo sabores e histórias
Com exibições em todos os estados e filmes inéditos, o evento reafirma o laço afetivo entre Brasil e Itália

Em sua 20ª edição, o Festival de Cinema Italiano no Brasil brinda o público com um verdadeiro banquete cultural.
O cinema e a comida sempre contaram histórias parecidas — de afeto, memória e identidade.
Em entrevista ao Mundo Agro, a diretora e curadora do Festival, Erica Bernardini, falou sobre essa edição histórica, que chega a todos os estados brasileiros, homenageia os grandes mestres do cinema e transforma cada sessão em uma verdadeira experiência italiana — de cultura, sabor e emoção.

Mundo Agro: O que esperar desta edição?
Erica Bernardini: É uma edição histórica. São 20 anos de festival, celebrando a força, a beleza e a continuidade do cinema italiano. Este ano, o público pode esperar uma programação ainda mais ampla e acessível, com exibições gratuitas.
Hoje são mais de 130 salas de cinema, em mais de 80 cidades, e, pela primeira vez, estaremos presentes fisicamente em todos os estados do Brasil. Também estaremos online, por meio da plataforma de streaming do festival — www.festivalcinemaitaliano.com — onde o público poderá assistir a todos os filmes, tanto pelo streaming quanto nas salas mais próximas de sua localidade.
Como tema desta edição especial, escolhemos os mestres do cinema italiano. O tema é Cinema che conta e maestri che ispirano — “O cinema que conta, os mestres que inspiram” —, uma celebração dos grandes mestres do passado e dos novos talentos que continuam a inspirar o mundo. É uma edição que une tradição, emoção e inovação.
Mundo Agro: Quantos filmes inéditos e o que os diferencia?
Erica Bernardini: No total, são 24 filmes apresentados pelo festival, sendo 12 inéditos no Brasil. Todos são recentes, produzidos entre 2024 e 2025, e muitos já premiados em festivais internacionais.
O que os diferencia é a diversidade de olhares sobre a Itália contemporânea. São filmes que abordam temas como imigração, maternidade, juventude, identidade, memória e, é claro, a força transformadora do cinema.
É um panorama completo — diretores consagrados, estreantes, obras intimistas e produções grandiosas —, todos com o mesmo compromisso: emocionar e provocar reflexão.
Mundo Agro: Uma pergunta difícil: para você, qual é o melhor desta edição — o imperdível?
Erica Bernardini: É difícil escolher. Para mim, que sou curadora, é muito complicado, porque assisti a muitos filmes e todos são especiais. Mas é impossível não destacar Napoli, New York, de Gabriele Salvatores, vencedor do Oscar, que abre o festival. É um filme sensível, inspirado em um roteiro inédito de Fellini, escrito há 80 anos.
Também destaco Eterno Visionário, de Michele Platino, dedicado a Luigi Pirandello, e o documentário Roberto Rossellini: Più che una vita, uma verdadeira homenagem a esse gênio do neorrealismo.
Entre os novos diretores, destaco Gioia Mia e Augustin Rae, que trazem uma Itália vibrante e cheia de humanidade. São filmes dirigidos por mulheres, com uma sensibilidade muito especial.
Mundo Agro: Roberto Rossellini: Mais que uma vida é um documentário de primeira. A sinopse chamou minha atenção: uma mala cheia de dúvidas e espaguete. É isso mesmo? (risos)
Erica Bernardini: Sim, é isso mesmo! O documentário tem esse tom leve e profundo ao mesmo tempo. A mala representa as perguntas que Rossellini carregava pela vida, em um momento de incerteza que ele também viveu — sobre arte, fé, política e o próprio papel do cinema.
É uma viagem emocionante e muito italiana, feita de poesia, simplicidade e, claro, espaguete. Sem dar muito spoiler, posso dizer que o documentário aborda um período de questionamentos na carreira de Rossellini e suas dúvidas pessoais. Traz depoimentos importantes e fala também de sua vida afetiva.
Mundo Agro: Napoli, New York me faz lembrar da chegada dos italianos e da presença marcante deles na comida. O que esperar do enredo?
Erica Bernardini: Napoli, New York é um filme que abraça o passado e o presente. Conta a história de duas crianças que embarcam sozinhas rumo a Nova York, no pós-guerra — uma metáfora sobre sonhos, esperança e a coragem de recomeçar.
Assim como os imigrantes italianos que chegaram ao Brasil, o filme fala sobre raízes, pertencimento e o desejo de uma vida melhor. A história é contada pelo olhar das crianças e, claro, a comida está sempre presente, como elo afetivo entre gerações.
É uma homenagem aos imigrantes e à busca pelo “sonho da América”. Tenho certeza de que vai emocionar muitas pessoas, especialmente aqueles que viveram ou herdaram histórias de recomeço. E tudo é contado com a delicadeza do olhar infantil.
Mundo Agro: O patrocínio para um evento desse porte é importantíssimo. E, por se tratar de um evento italiano, não pode faltar comida e bebida boa.
Erica Bernardini: Patrocínio e comida boa, claro! (risos) Sim, o festival italiano precisa ter boa comida e boas bebidas. Contamos com o apoio de marcas icônicas, como Barilla e Illy, além de parceiros que representam o melhor da Itália no Brasil.
Com certeza, eles ajudam a transformar o festival em uma verdadeira experiência italiana — completa de cinema, arte, sabores e, claro, encontros.
Mundo Agro: O Festival de Cinema Italiano, para você, pode ser definido em uma palavra?
Erica Bernardini: Essa é boa! (risos) Existem muitas palavras: emoção, afeto, amor, tradição, geração...Mas, nesta edição de 20 anos, eu escolheria “pontes”.
Porque, há duas décadas, o festival constrói pontes entre culturas, gerações, artistas e públicos. Entre a Itália e o Brasil — duas nações que se entendem não só pela língua, mas pela alma.
Anote já na sua agenda! O Festival de Cinema Italiano no Brasil acontece de 29/10 a 29/11 de 2025
www.festivalcinemaitaliano.com
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