Fundo agro mira investidor que busca previsibilidade e garantias robustas
Modelo atende quem enfrenta seletividade crescente dos bancos e precisa financiar safra, estoque e recebíveis

O mercado de crédito voltado ao agronegócio passa por um ciclo de profissionalização e crescimento, impulsionado por estruturas mais sofisticadas e garantias robustas.
Após dois anos de operação restrita, um dos fundos especializados no financiamento de produtores e agroindústrias decide abrir suas portas ao investidor final.
Em entrevista ao Mundo Agro, Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, detalhou a estratégia de expansão e comentou como fatores como risco climático, volatilidade de preços e seletividade bancária moldam a nova dinâmica do crédito no campo.
Mundo Agro: O que motivou a Asset Bank a abrir o Campo Arado ao público após dois anos de operação restrita?
Gustavo Assis: Decidimos abrir o Campo Arado ao público quando o fundo alcançou maturidade operacional. Em dois anos, testamos o modelo com capital proprietário, validamos a originação, liquidamos operações relevantes e renovamos limites com produtores que passaram por todo o ciclo de crédito. Esse histórico nos deu previsibilidade e um nível de segurança que consideramos essencial para trazer o investidor final. Hoje temos uma carteira com 98% das operações garantidas e uma estrutura que sustenta crescimento sem sacrificar governança, então este é o momento natural de expansão.
Mundo Agro: Como o fundo pretende escalar de R$ 50 milhões para R$ 200 milhões?
Gustavo Assis: A escalabilidade vem de duas frentes. Primeiro, estruturamos o Campo Arado para crescer em tranches de R$ 50 milhões, preservando subordinação acima de 20% em cada rodada. Isso evita diluição de proteção para o investidor. Segundo, ampliamos o pipeline com produtores e agroindústrias que já operam conosco, em um modelo que combina custeio, antecipação de recebíveis e investimentos. A pulverização geográfica e setorial permite aumentar o patrimônio para R$ 200 milhões com risco controlado e originação contínua.
Mundo Agro: Qual é o perfil ideal do investidor para este Fiagro?
Gustavo Assis: O perfil ideal é o investidor que busca ativos reais, previsibilidade de fluxo e proteção em ciclos de juros elevados. As cotas sêniores do Campo Arado entregam CDI + 4% e já acumularam 17,44% em 12 meses, acima dos 12,88% do CDI. Além disso, o Fiagro tem vantagens fiscais como isenção de IOF e ausência de come-cotas. É um produto adequado tanto para quem busca diversificação quanto para quem já conhece crédito estruturado e quer exposição ao agro com garantias robustas.
Mundo Agro: O que diferencia o Campo Arado de outros Fiagros disponíveis no mercado?
Gustavo Assis: O Campo Arado se diferencia pela combinação entre histórico comprovado, governança e garantias. Mais de 70% das operações têm alienação de imóvel como lastro, e 77% contam com cessão de pagamentos de grandes indústrias via conta escrow, algo ainda pouco comum no setor. Outro diferencial é que operamos tíquetes médios de R$ 2,5 milhões, com foco em produtores médios e agroindústrias com alta capacidade operacional. A estratégia sempre privilegia pulverização e aderência ao ciclo produtivo, reduzindo exposição a eventos climáticos e volatilidade de preços.
Mundo Agro: Como os gestores monitoram o risco climático e de preço das commodities?
Gustavo Assis: Risco climático e de preço não se elimina, mas se administra. Trabalhamos com pulverização por cultura, região e modelo de operação, o que reduz eventos correlacionados. Utilizamos dados satelitais, histórico agronômico e relatórios de produtividade para monitoramento contínuo. Nos riscos de preço, analisamos travas comerciais, contratos com indústrias e mecanismos de hedge do próprio produtor. Em vários casos, parte do recebimento ocorre direto na indústria, o que reduz exposição ao mercado spot.
Mundo Agro: Quais são os critérios para concessão de crédito e renovação de limite para produtores?
Gustavo Assis: A concessão começa pela análise de capacidade produtiva, histórico de entrega, estrutura patrimonial e governança. Buscamos produtores que já operem com previsibilidade e que tenham lastros reais disponíveis, como imóveis, recebíveis ou penhor de safra. Nas renovações, priorizamos quem cumpriu integralmente o contrato anterior, porque isso valida o comportamento de crédito no ciclo completo. O foco é sempre financiar quem consegue transformar crédito em produtividade.
Mundo Agro: Que tipo de produtores e agroindústrias tendem a se beneficiar desse tipo de financiamento?
Gustavo Assis: Os maiores beneficiados são produtores médios e agroindústrias do interior que precisam de capital para girar estoque, financiar safra ou antecipar recebíveis e encontram seletividade crescente no sistema bancário. Hoje atendemos grupos familiares, condomínios rurais e indústrias integradoras que possuem operações consistentes, mas sofrem impacto direto de custos elevados e prazos bancários menos aderentes ao ciclo produtivo.
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