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Mundo Agro|Shoppings ampliam práticas sustentáveis e reforçam compromisso com o clima

Shoppings ampliam práticas sustentáveis e reforçam compromisso com o clima

Setor investe em energia renovável, gestão hídrica e parcerias inovadoras para reduzir impactos ambientais

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window



Diante da urgência climática, os shopping centers brasileiros vêm adotando soluções sustentáveis que vão além da eficiência operacional.

Ações como o uso de energia limpa, reaproveitamento da água da chuva, gestão inteligente de resíduos e incentivo à economia circular.

Segundo Glauco Humai, presidente da Associação Brasileira dos Shoppings Centers (ABRASCE), o setor tem se movimentado para integrar a sustentabilidade ao seu modelo de negócio — desde a operação diária até parcerias com startups e universidades, reforçando seu compromisso com uma agenda ambiental robusta e conectada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


Mundo Agro: Quais são as principais ações sustentáveis que os shoppings brasileiros estão adotando hoje para mitigar os efeitos das mudanças climáticas?

Glauco Humai: A eficiência energética, a gestão consciente da água e a economia circular são pilares fundamentais da agenda ambiental dos shopping centers. Com a adoção de iluminação LED, que consome cerca de 80% menos energia, e a implementação de sistemas de automação predial e gerenciamento energético, os empreendimentos reduzem custos e sua pegada de carbono. A gestão da água também tem ganhado destaque, com práticas como a captação da água da chuva e o uso de dispositivos economizadores. Além disso, os shoppings têm investido na economia circular e na gestão de resíduos, posicionando-se como agentes relevantes na redução do volume de resíduos enviados a aterros sanitários.


Mundo Agro: Como funciona a adesão dos shoppings ao mercado livre de energia? Há benefícios econômicos e ambientais mensuráveis?

Glauco Humai: A migração dos shoppings para o mercado livre de energia tem se mostrado uma estratégia eficaz para reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade dos empreendimentos. Atualmente, 92% dos shopping centers no Brasil operam no mercado livre de energia, sendo que 87% utilizam alguma fonte renovável, como solar ou eólica. Essa transição também resulta em benefícios ambientais significativos, como a redução de emissões de gases de efeito estufa e o incentivo ao uso de fontes limpas e sustentáveis.


Mundo Agro: A captação de água da chuva e o reuso por meio de estações de tratamento de energia solar já são realidade em quase todos os estabelecimentos. Quais seriam as outras e que ainda não adotaram?

Glauco Humai: A gestão eficiente de recursos hídricos é uma realidade crescente nos shoppings, com a adoção da captação de água da chuva e sistemas de reuso. No entanto, a adoção de tecnologias sustentáveis ainda varia entre os empreendimentos. A implementação de sistemas de automação predial (presente em 64% dos shoppings), por exemplo, ainda tem espaço para avanço. Além disso, a disseminação de práticas como a realização de inventários de emissões (atualmente em 31% dos empreendimentos) e o estabelecimento de metas de redução (23%) representa um desafio importante para o setor.

Mundo Agro: De que forma os shoppings estão incentivando a reciclagem entre lojistas, funcionários e consumidores? Há metas ou campanhas específicas?

Glauco Humai: A coleta seletiva por parte dos lojistas é um passo essencial em direção à sustentabilidade dos espaços comerciais, sendo já adotada por 88% dos shoppings brasileiros. Considerando que os lojistas representam a principal fonte de resíduos nos centros comerciais, a conscientização e o engajamento dos colaboradores das lojas na coleta seletiva tornam-se cruciais para assegurar a segregação dos resíduos na origem (no ponto de geração), otimizando a eficácia do processo e maximizando o aproveitamento dos materiais. Da mesma forma, essa ação contribui para a redução do impacto ambiental e constrói uma imagem positiva perante os clientes e a comunidade. Com a intenção de promover a participação ativa dos consumidores na mitigação do impacto ambiental, 58% dos shopping centers brasileiros adotaram a implementação de pontos de entrega voluntária (PEV) em suas instalações.

Mundo Agro: Como a associação tem orientado ou apoiado os shoppings na implementação dessas práticas sustentáveis?

Glauco Humai: A Abrasce tem sido protagonista no apoio aos shopping centers por meio de iniciativas como a Matriz de Materialidade do setor, que define diretrizes sustentáveis aplicáveis a empreendimentos de todos os portes. Essa ferramenta estratégica permite alinhar as práticas operacionais dos shoppings aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Ao considerar os aspectos sociais, ambientais e de governança, a Abrasce promove um modelo de evolução contínua e engajamento setorial com uma agenda ambiental mais robusta.

Mundo Agro: Há parcerias com startups, universidades ou ONGs para desenvolver soluções ambientais dentro dos centros de compras?

Glauco Humai: Sim, os shoppings brasileiros têm investido em parcerias estratégicas com startups e empresas inovadoras para ampliar suas práticas sustentáveis e aproximar o consumidor dessa jornada. Essas colaborações têm trazido soluções criativas e eficientes para a gestão de recursos e redução de impactos ambientais.

Existem parcerias disponibilizam estações de compartilhamento de carregadores portáteis e realiza a gestão completa das baterias, desde a produção até o descarte adequado. Essa solução contribui para a redução do volume de resíduos eletrônicos e estimula o consumo consciente. Em outro caso é oferecido uma plataforma baseada em inteligência artificial que ajuda os shoppings a gerenciarem o excedente de alimentos de forma eficiente, transformando perdas em oportunidades de doação ou venda, e promovendo a governança ambiental dentro dos centros de compras.

Existe também uma iniciativa que traz o conceito de biofilia para dentro dos shoppings, promovendo bem-estar, conexão com a natureza e consumo responsável. Esses exemplos reforçam o papel dos shoppings como agentes de transformação urbana, utilizando a inovação para integrar sustentabilidade à experiência do consumidor e contribuir com metas ambientais mais amplas.

Mundo Agro: Quais os desafios enfrentados pelos shoppings para tornar a operação mais sustentável em larga escala?

Glauco Humai: Um dos principais desafios enfrentados pelos shoppings é promover a sustentabilidade de forma abrangente, desde a construção de novos empreendimentos até a operação diária. A adaptação de edifícios existentes, a adoção de green buildings e a implementação de práticas de baixo impacto ambiental exigem investimentos, planejamento e engajamento contínuo. Além disso, a adoção de metas de descarbonização e eficiência energética ainda é desigual, o que demonstra a necessidade de políticas mais amplas e integradas para viabilizar mudanças estruturais no setor.

Mundo Agro: A sustentabilidade também tem influenciado o comportamento dos consumidores dentro dos shoppings? Como isso tem se manifestado?

Glauco Humai: A sustentabilidade tem, sim, influenciado o comportamento dos consumidores, que cada vez mais valorizam empreendimentos comprometidos com a gestão responsável de recursos. Com a intenção de promover a participação ativa dos consumidores na mitigação do impacto ambiental, 58% dos shopping centers brasileiros adotaram a implementação de pontos de entrega voluntária (PEV) em suas instalações. Além disso, a presença de bicicletários (em 93% dos shoppings) e vagas para carros elétricos (52%) também são respostas diretas a uma demanda crescente por alternativas mais sustentáveis de consumo e mobilidade.


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