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É vergonhoso destinar vacinas contra covid para o futebol

Grande parte dos mortos na pandemia no Brasil era de torcedores; futebol parece estar alheio ao drama atual

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7 e Eugenio Goussinsky

Jogadores terão direito à vacina
Jogadores terão direito à vacina Jogadores terão direito à vacina

Dos quase 360 mil mortos pela covid-19 no Brasil, a maioria gostava de futebol, partindo do princípio de que, em pesquisas, uma média de apenas 20% diz não ter interesse no esporte. Se os rostos de cada um deles fossem estampados em avatares, nas cadeiras dos estádios, como se faz atualmente com torcedores que pagam, estariam lotados pelo menos seis Maracanãs.

O respeito a eles devido pelo futebol pode estar sendo lembrado no discurso, nos minutos de silêncio. De resto, a significativa marca não passa de um número.

Já foi precipitado o retorno (ou a continuidade) do futebol, em meio a uma alta do número de casos que levaram a um dos momentos de maior urgência na história do País. Como símbolo, é um exemplo muito negativo, de descaso, de falta de envolvimento. Uma atitude "fominha".

O presidente da CBF, de forma arrogante, afirmou que os clubes estariam perdidos (com um palavrão) sem o futebol. Disse isso em meio a uma pandemia, como se o futebol fosse uma ilha dentro de um país mergulhado na desigualdade e no caos sanitário. Como se os torcedores mortos fossem página virada.

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Sempre me pergunto o que fez grande parte dos jogadores se tornarem hoje celebridades vazias, alheias, incultas em sua maioria, mesmo já tendo condições financeiras de ler, de se informar, de estudar até por conta própria.

Mas que se tornam referência por meio das aparições excessivas na mídia, das frases banais nas redes sociais. Só porque jogam bem, e ganham muito bem, se apoderam de um passaporte aparentemente mais valioso do que quem ensina bem ou daqueles que trabalham bem em outras áreas. Inclusive, os herois da saúde.

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Tal sede de celebridade é alimentada pela própria sociedade e ajuda a inflar o meio futebolístico de um conteúdo distorcido, de ilusões de superioridade, que geram receitas, entretenimento, cliques, seguidores.

Chega a ser vergonhoso a Conmebol celebrar o recebimento de doses da vacina contra a covid-19, na prática furando filas em muitos países, para aplicá-las em jogadores de elite.

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Justamente aqueles que, em grande número, têm furado protocolos, andado por aí contagiados pela doença, atropelando pedestres e contribuindo para surtos em suas equipes, enquanto os dirigentes garantem que não há segurança maior do que viajar ao lado de um jogador. E que, em tese, pelo condicionamento, têm sido os que menos padecem quando contraem o vírus.

O futebol não tem se mobilizado neste momento em que seus torcedores estão morrendo. Nem os jogadores que, além de não realizarem nenhum tipo de campanha, até aceitam jogar com um intervalo de apenas dois dias.

Se fosse realmente voltada ao futebol, a CBF deveria estar mais voltada aos seus torcedores, a razão do espetáculo, que estão morrendo. Mas não parece ser assim.

O secretário-geral da entidade não me respondeu quando lhe perguntei sobre o risco de os jogos sobrecarregarem o combalido sistema de saúde e se os clubes não deveriam se mobilizar mais para o combate à pandemia, enviando inclusive médicos para ajudarem.

Diante da ausência de resposta, insisti: considero as perguntas pertinentes neste momento de urgência. Mas, nada.

Justamente ele, que é médico, e dirigente de uma entidade que, nesta administração, tem usado como slogan o "compliance". Neste caso, ele deixou as perguntas do mesmo jeito que estão os vírus. No ar. Quanto a uma parte das vacinas recebidas pela Conmebol, não duvido que a CBF a aceite de bom grado. No total, elas são 50 mil. Praticamente, um Maracanã.

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