Recentemente, em entrevista ao podcast The Moment, um dos melhores diretores de cinema do mundo, Quentin Tarantino, contou que sua carreira começou ainda na infância, quando escreveu seus primeiros roteiros.
Mas, na época, nem sua mãe nem os professores apoiaram esse sonho. "Eles consideravam um ato de rebeldia eu fazer isso (redigir textos para o cinema) ao invés do meu trabalho escolar", lembrou.
Quentin Tarantino recebeu dois Oscars de melhor roteiro original
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Com ressentimento, Tarantino também se recordou das palavras que ouviu da mãe. "Ela disse o seguinte: 'A propósito, esta pequena carreira de roteirista que você está tentando simplesmente acabou'. Então, eu respondi: 'Não haverá uma casa nova, férias e nenhum Cadillac Elvis para você. Você não vai ganhar nada. Porque você disse isso para mim'", completou o vencedor de dois Oscars de melhor roteiro original.
Após ser questionado se ele continua pensando dessa forma, Tarantino respondeu que sim. "Existem consequências para suas palavras ao lidar com seus filhos. Lembre-se de que existem consequências para seu tom sarcástico sobre o que é significativo para eles".
Diferentes opiniões
O depoimento de Tarantino me fez lembrar de quando desisti da carreira em medicina para cursar jornalismo. Gostava muito de ler e de escrever, então, no ensino médio, quando já fazia cursinho em paralelo para prestar medicina, decidi mudar a profissão que havia escolhido inicialmente e optei pelo jornalismo, com a mesma intenção de quando quis cursar medicina, a de ajudar as pessoas.
Todos ao meu redor tentaram me convencer a não tomar tal atitude. "Você nunca conseguirá emprego nessa área, jornalismo é uma profissão pouco valorizada, medicina é uma área mais concreta", me disseram.
Porém, estava decidida e fui em frente. Pensar em não apenas informar, mas, por meio de um texto, mostrar a veracidade dos fatos me atraía muito. Conhecer histórias, outras realidades e poder, quem sabe, transformar a vida de alguém me encantava.
Vivenciar essa situação me fez aprender que não temos controle sobre o que as pessoas pensam, mas podemos escolher se o que falam vai, ou não, influenciar nossas escolhas. Assim, preocupar-se com a opinião alheia pode se tornar a maior perda de tempo.
O diretor disse que ainda tem mágoa da mãe por falta de apoio na infância
Reuters / Robert PrattaNa vida em sociedade existem muitos julgamentos e críticas, pois ninguém pensa da mesma forma nem tem o mesmo sonho. No entanto, se uma pessoa quiser viver para agradar às pessoas ou para evitar julgamentos, nunca alcançará seus objetivos e viverá controlado pela opinião alheia.
Perdão libertador
Quando nos conhecemos, o medo de não ser aceito desaparece. Assim, para não cair nesse tipo de armadilha é fundamental buscar o autoconhecimento.
Além disso, é preciso perdoar quem errou com você. Com certeza, a mãe de Tarantino percebeu que falhou quando não acreditou no sonho do filho.
Muitos pais tiveram criações rígidas, principalmente no que se refere às profissões, e pensam que apenas essa ou aquela pode trazer sucesso. Isso sem falar que eles vêm de gerações muito distintas das atuais.
Por isso, pais e filhos precisam exercitar o perdão, diariamente. A mágoa é tão ruim quanto a necessidade de aprovação. Ela mata a alma aos poucos e mantêm a ferida emocional aberta.
Guardar ressentimento é a pior escolha a se fazer. O perdão é uma decisão racional que liberta e cura.
Todos nós cometemos erros, então, se eu não perdoo quem me ofende, também não poderei ser perdoado. Quando entendemos isso e olhamos para as pessoas ao redor com menos julgamentos, além de conseguirmos exercitar o perdão, seguimos a vida com leveza e paz de espírito.
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