Carro fuzilado: MP denuncia 4 PMs por morte de 5 jovens no Rio
Segundo denúncia, policiais atiraram contra carro onde estavam os rapazes
Rio de Janeiro|Do R7
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou nesta segunda-feira (14) que denunciou à Justiça os quatro PMs suspeitos de fuzilar cinco jovens em um carro em Costa Barros, zona norte, na noite de 28 de novembro. Os quatro agentes são acusados por cinco homicídios qualificados, duas tentativa de homicídios qualificados, fraude processual modificando a cena do crime e posse de arma com numeração adulterada.
A denúncia diz que os crimes foram cometidos por motivo torpe, pois os PMs acreditavam que as vítimas teriam envolvimento com o crime, segundo a Promotoria. O MP ainda afirma que os rapazes desarmados foram alvo de armas de grosso calibre.
De acordo com as investigações, as duas tentativas de homicídio contra Wilkerson Luis de Oliveira Esteves e Lourival da Silva Fernandes só não se consumaram pois o primeiro dirigia uma motocicleta e conseguiu se distanciar dos atiradores.
Ainda de acordo com a denúncia do promotor Fabio Vieira dos Santos, os PMs modificaram a cena do crime de modo a induzir perito e juiz a erro. Além disso, a mudança do estado da cena iria corroborar com o falso depoimento prestado à polícia, quando afirmaram que as vítimas portavam armas e dispararam contra os agentes. O MP afirma que os acusados usaram luvas e alteram o local inserindo um simulacro de arma de fogo próximo à roda direita do Palio branco.
Os réus, que estão presos preventivamente, são os policiais Thiago Resende Viana Barbosa e Antônio Carlos Gonçalves Filho, o sargento Márcio Darcy Alves dos Santos e o cabo Fabio Pizza Oliveira da Silva. Eles eram lotados no 41º BPM (Irajá).
Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos, tiveram os corpos atingidos, ao todo, por 30 disparos, segundo o IML (Instituto Médico Legal).
PMs sorriram após fuzilar cinco jovens em Costa Barros, diz testemunha
Na semana passada, com base em exames de perícia e laudos, investigações da Polícia Civil já revelavam que os acusados atiraram contra as vítimas. Segundo a polícia, nenhum dos jovens disparou contra os PMs. A conclusão se deu a partir da divulgação dos resultados de exames periciais no carro e nos corpos das vítimas.
Exame residuográfico nas cinco vítimas descartou a presença de pólvora em suas mãos, o que indica que nenhum deles disparou contra os PMs, diferentemente da versão dos acusados. Segundo o diretor do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), Sérgio William, nenhum disparo partiu do Palio branco onde estavam os jovens.
— Não foram encontrados vestígios, nada que indique que houve disparo de dentro para fora do veículo [em que estavam os jovens].
Segundo ele, as perfurações no carro provocadas por balas — foram verificados 81 impactos de projétil no veículo — se concentram na parte traseira e do lado direito. William e o delegado da 39ª DP (Pavuna) ainda afirmaram que não foram encontrados indícios de que os PMs entraram em confronto com supostos traficantes, também segundo versão dos policiais. Eles disseram à polícia que reagiram a suposto ataque de um dos rapazes mortos e que também foram alvo de criminosos da região após a ocorrência de saque a um caminhão da Ambev.
PMs "plantaram" arma, diz delegado
O delegado citou depoimento de testemunha que relatou que os rapazes não saíram do carro, o que corrobora que não houve confronto. Segundo Rui Barbosa, os PMs "plantaram" uma arma no veículo dos rapazes. Ele ainda citou que o motorista do caminhão contou que o carro envolvido no roubo era um Fiat azul, modelo e cor diferentes do veículo em que estavam os rapazes.