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Carro fuzilado: PMs suspeitos são ouvidos por deputados e mantêm versão de confronto

Policiais dizem que não chegaram perto do veículo onde estavam os cinco jovens

Rio de Janeiro|Do R7

Carro de jovens foi fuzilado por PMs em Costa Barros
Carro de jovens foi fuzilado por PMs em Costa Barros Carro de jovens foi fuzilado por PMs em Costa Barros

Os policiais suspeitos de fuzilar o carro onde estavam cinco jovens em Costa Barros, zona norte do Rio, foram ouvidos nesta sexta-feira (4), em presídio, por deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) que compõem três comissões parlamentares de inquérito. Os PMs mantiveram versão de que houve um confronto. Segundo o deputado da CPI que investiga mortes de policiais Marcos Muller (PHS), os agentes relataram que um dos jovens atirou duas vezes de dentro do carro em direção aos PMs.

Os deputados foram até o BEP (Batalhão Especial Prisional) em Niterói, região metropolitana, para ouvir os suspeitos.

De acordo com Muller, os policiais contaram que foram acionados para verificar o saque de uma carreta e, quando chegaram ao local, trocaram tiros com bandidos. Após a fuga dos criminosos, os agentes saíam com a carreta para levá-la à delegacia quando passou uma van, uma moto e, logo em seguida, o veículo onde estavam os jovens, segundo relatou o deputado. O carona, de acordo com os PMs, atirou duas vezes.

Ainda segundo o deputado, os policiais afirmaram que não conseguiram chegar perto do carro, porque foram alvo de tiros de vários criminosos que estavam nas proximidades após o suposto disparo de um dos jovens. Além disso, dizem os suspeitos, que nem mesmo puderam se aproximar do veículo e que não há digitais deles no carro — além das mortes, eles são acusados de forjar auto de resistência. Eles ainda relataram que os familiares dos meninos foram os primeiros a chegar.

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— Eles disseram que não iam forjar nada, porque não tiveram tempo de chegar perto do carro. Parentes e moradores chegaram antes. Segundo eles, se alguém forjou algo, foram os parentes e traficantes para culpá-los.

Um dos PMs afirmou aos deputados que deu 17 tiros e acredita que a munição tenha ficado perdida no batalhão, já que não tiveram como dar baixa. Além disso, eles disseram que nem mesmo sabiam que no carro havia cinco jovens e só foram descobrir na manhã do outro dia quando souberam que eram os suspeitos do crime.

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Estavam presentes na ida ao presídio o presidente da CPI dos Autos de Resistência, Rogério Lisboa (PR), e os deputados Luiz Martins (PDT), Marcos Muller (PHS) e Flávio Bolsonaro (PP). Lisboa disse que o objetivo da visita foi entender o motivo dos disparos.

— A gente quer saber como esses policiais eram orientados para abordagens; qual a orientação para agir em casos de confrontos e qual o real motivo dos disparos sem qualquer contato preliminar com os jovens.

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A Polícia Militar também anunciou que ouviria hoje mais dois PMs que podem estar envolvidos na ação que terminou na morte dos cinco jovens no fim da noite de sábado (28). De acordo com a corporação, a Corregedoria Interna convocou um major e um capitão que teriam acionado a viatura do batalhão de Irajá (41º BPM) para recuperar um caminhão de bebidas roubado pouco antes do carro onde estavam os cinco jovens ser fuzilado.

O funcionário da empresa Ambev que conduzia o veículo contou à Delegacia de Roubos e Furtos de Carga que os policiais o escoltaram após a carga do caminhão ser saqueada e retornaram para os arredores da Pedreira.

De acordo com a PM, após os esclarecimentos dos dois agentes que teriam acionado a viatura, eles devem ser submetidos a um processo administrativo disciplinar.

Na quarta-feira (2), a Polícia Civil realizou perícia complementar no carro onde os cinco jovens foram fuzilados. Segundo a delegacia da Pavuna (39ª DP), o laudo deve sair entre 15 e 30 dias. Sobre a primeira perícia, realizada logo após o crime, ainda não há previsão de quando o laudo deve sair.

Os peritos querem confirmar quantos tiros atingiram o veículo em que os rapazes estavam, além de comprovar laudo do Instituto Médico Legal de que as vítimas foram alvejadas pelas costas. Não foi encontrada nenhuma cápsula deflagrada dentro do veículo, o que comprova que os jovens estavam desarmados.

Na terça-feira (1º), o juiz do Plantão Judiciário Sandro Pitthan Espíndola mudou para preventiva a prisão em flagrante dos quatro policiais militares suspeitos de matar os cinco jovens próximo ao Morro da Lagartixa no último sábado (5).

Manifestação

Centenas de jovens foram às ruas da zona norte do Rio de Janeiro nesta quinta-feira (3) em protesto após a morte dos cinco jovens negros no último sábado (30). O grupo caminhou com cartazes em repúdio à ação de quatro policiais militares que fuzilaram o carro em que os rapazes estavam em Costa Barros, também na zona norte. Vestidos de preto, participantes do “Ato Contra o Genocídio da Juventude Negra” saíram do viaduto Negrão de Lima em direção ao Parque Madureira, o mesmo onde os cinco meninos fizeram o último passeio antes de serem mortos.

De acordo com os autos processuais, os jovens tinham feito um passeio no parque e, em seguida, resolveram sair para lanchar quando foram surpreendidos pelos tiros disparados por PMs na estrada João Paulo. Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos, foram mortos após terem o carro fuzilado próximo ao Complexo da Pedreira.

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