Catador morto após ação do Exército sonhava em ver o filho
ONG arrecadou R$ 12 mil e acolheu mulher de Luciano Macedo, que morreu dez dias após ser baleado em ação que matou músico em Guadalupe
Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7
Luciano Macedo catava pedaços de madeira para construir um barraco onde viveria com a mulher e o filho quando foi atingido por um disparo na ação do Exército que matou o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 46 anos, no último dia 7.
Segundo o presidente da ONG Rio de Paz Antônio Costa, a confirmação da morte de Macedo na manhã desta quinta-feira (18) deixou a família muito abalada. “A esposa dele não consegue comer. Ela ainda não se alimentou hoje e está grávida de cinco meses”, falou.
Costa diz que Daiana Horrara, viúva de Macedo, ainda guarda imagens do dia em que o marido foi atingido. Ela relatou ao representante da ONG que a morte dele foi como se tivessem “quebrado os braços e as pernas dela”.
“Ela diz que ele fazia tudo por ela e que o sonho dele era ver o rosto da criança. Eles estavam pegando madeira para construir um barraco fora da comunidade para morarem”, disse Costa.
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Na tarde do dia 7 de abril, o veículo de Rosa foi alvejado por militares em Guadalupe, zona norte do Rio. Macedo foi ajudar a socorrer as vítimas que estavam no carro quando foi atingido. Segundo Costa, os agentes não prestaram socorro.
“Daiana viu o marido agonizando no chão porque tentou ajudar uma família. Eles erraram quando atiraram e quando não socorreram.”
Desde que o caso ocorreu, a Rio de Paz presta apoio aos familiares de Macedo, principalmente a Daiana, que foi acolhida na sede da ONG. Costa disse ao R7 que já conseguiu levantar ajuda financeira de R$ 12 mil, além de prestar apoio psicológico e jurídico para mulher, mãe e irmã do catador.
Procurado pelo R7, o Comando Militar do Leste informou que "lamenta a morte do Sr. Luciano e solidariza-se com a família e amigos. O advogado da família do Sr. Evaldo, Dr. João Tancredo, que também auxilia a família do Sr. Luciano, que infelizmente faleceu hoje, foi contatado por autoridade militar designada pelo CML, para tratativas iniciais".