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"Chegou a me pegar pelo pescoço", diz ex-namorada sobre Dr. Jairinho

Mulher diz que não só sofreu agressões como também sua filha, então com 4 anos, foi vítima do vereador suspeito de matar Henry

Rio de Janeiro|Do R7, com informações da Record TV

Uma ex-namorada de Dr. Jairinho afirma que ela e sua filha foram vítimas do vereador carioca, investigado pela morte do enteado, o menino Henry, de 4 anos. Em entrevista exclusiva a Roberto Cabrini, para o Domingo Espetacular, da Record TV, ela contou que durante o relacionamento, a filha, na época também com 4 anos, sofreu uma série de agressões por parte do vereador.

Clique aqui para assistir à entrevista de Roberto Cabrini no Domingo Espetacular

“Um dia ele levou ela para dentro de um lugar, que ela não sabe dizer onde era, mas que tinha uma cama e uma piscina. E que ele afundava ela embaixo da água até ela perder a respiração, e subia de novo ela”, disse a ex a Cabrini.

Henry Borel morreu aos 4 anos. Mãe e padrasto são investigados
Henry Borel morreu aos 4 anos. Mãe e padrasto são investigados Henry Borel morreu aos 4 anos. Mãe e padrasto são investigados

A morte do menino Henry Borel, de 4 anos, vai completar um mês na próxima quinta-feira (8) e até agora as circunstâncias que causaram o falecimento da criança não foram esclarecidas. Nesta semana, a polícia realizou uma reconstituição no apartamento onde ele foi encontrado desacordado. Dr Jairinho e a mãe da criança, Monique Medeiros, não participaram do procedimento.

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A ex de Jairinho tem 31 anos e trabalha como cabeleireira. Mãe de duas filhas, ela afirma que acredita que Jairinho seria capaz de agredir o garoto. “Eu acho que sim, porque se ele agrediu a minha filha que tinha praticamente a mesma idade, por que não poderia ter feito com outras pessoas?”, questiona. “Só pensava o que ele fez com ela, podia ter matado a minha filha. Ela era muito pequenininha, muito magrinha, sabe? Muito fragilzinha.”

A mulher manteve um relacionamento de dois anos com o vereador. “Convivi com ele e descobri coisas que eu não queria ter passado, não queria ter visto”, desabafa. ”Eu tenho medo. Ele demonstra ser uma pessoa completamente diferente do que ele realmente é, porque na verdade, para mim, o que ele é uma pessoa maluca, um agressor.”

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Perseguição

Na conversa, a ex-namorada de Jairinho conta em detalhes não só como, segundo relata, foi agredida por ele, mas também revela que sua filha, hoje com 13 anos, também foi vítima da violência dele.

Teve um episódio que ele chegou a me pegar pelo pescoço. Teve um outro episódio que eu estava chegando da rua e%2C quando eu desci do carro%2C ele atravessou%2C puxou minha roupa. Rasgou meu vestido na calçada

(Ex de Jairinho)

“Eu conheci ele numa campanha política do pai dele, que eu trabalhei durante a campanha. Ele sempre foi muito carinhoso, sempre foi uma pessoa, aquela pessoa que fala manso, inteligente, conversa de tudo.” Ela conta que o comportamento de Jairinho começou a mudar quando a ex-mulher dele foi à sua casa para contar que ainda eram casados. ”A partir desse dia eu comecei a abrir os olhos e tentar enxergar uma coisa que eu não estava vendo. Aí ele começou a mostrar o lado dele que eu não conhecia. O lado de perseguição, o lado de ciúme que eu não conhecia.”

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Ao ser questionada sobre como seria este outro lado, ela detalha: “Uma pessoa completamente desequilibrada e diferente de tudo que eu estava pensando anteriormente. Ao ponto de, por exemplo, chegar da rua, ele tá escondido do outro lado da rua atrás da árvore.”

Agressão

A ex-namorada diz ainda sobre momentos em que foi agredida. “Teve um episódio que ele chegou a me pegar pelo pescoço. Teve um outro episódio que eu estava chegando da rua e, quando eu desci do carro, ele atravessou, puxou minha roupa. Rasgou meu vestido na calçada.”

Dr Jairinho
Dr Jairinho Dr Jairinho

Sobre a filha, a mulher conta que a menina passou a evitar estar junto do casal. “A gente falava de jantar, de viajar, de passear, ela não queria mais. E quando ele chegava perto, a gente dizia que ele tava vindo buscar a gente, ela entrava em pânico. Vomitava, passava mal, às vezes dizia que não queria de jeito nenhum.” Jairinho, segundo ela, atribui o comportamento ao ciúme da menina pela mãe e sugeria que saísse sozinho com a criança para que se acostumasse com a presença dele.

Revelação

A menina só contou à mãe sobre as agressões um ano após o fim do relacionamento. “Ela tava assistindo um programa com a minha mãe, programa sobre abuso infantil de madrugada, e ela deu uma crise de choro e falou para minha mãe que ele já tinha batido nela. Nesses períodos que ela se via sozinha com ele, ele batia nela, torcia o braço dela, torcia a perna dela. E falava para ela que ela atrapalhava minha vida, que se ela não existisse a minha vida ia ser mais fácil.”

Ao contar o que mais chamou a atenção nos relatos da filha ela afirma que foi a crueldade do vereador. “Ela era só uma criança”, afirma. ”Uma vez ela tava com o braço doendo, ela disse que tinha sido na aula de judô. A verdade foi que ele tinha torcido o braço dela. Ela disse que ele dava ‘moca’ na cabeça dela, dava soquinho na cabeça dela.

A ex-namorada diz que não falou antes sobre os episódios de agressão por medo do que poderia acontecer. “Por ele ser uma pessoa influente, por ele ter dinheiro. Ela me contou isso um ano e pouco depois do témino do relacionamento, então não tinha prova de nada e eu tinha a palavra dela contra ele. E a gente sabe que, infelizmente, no nosso país quem tem dinheiro tem a vantagem. Então eu não tive coragem.”

Trajetória

A carreira política de Jairinho começou em 2004. Aos 27 anos, ele foi o vereador mais votado do partido com 24 mil votos. Hoje, está no quinto mandato consecutivo.

Doutor Jairinho é filho do ex-deputado estadual Jairo de Souza Santos, o coronel Jairo, que chegou a ser preso, temporariamente, em 2018, em uma das operações da Lava Jato, que teve como alvo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e mais dez parlamentares ligados a ele. Apesar de ser acusado de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, coronel Jairo foi solto em 2019.

O pai de Jairinho também foi réu em uma ação do Ministério Público do Rio de Janeiro que apurava um dos maiores esquemas de corrupção flagrados no Detran do estado.O então deputado estadual seria dono de alguns postos de vistoria.

Coronel Jairo também é conhecido por um suposto envolvimento com a mílicia na zona oeste carioca. Chegou a ser citado, em 2008, no relatório final da CPI das Milícias. Consta no documento: "mencionando práticas várias de milicianos inúmeros, todos agindo na zona oeste e atuando sob a liderança da Liga da Justiça, que teria como líderes parlamentares, incluindo coronel Jairo".

Acidente

Jairinho, o padrasto, Monique, a mãe, o menino Henry e o pai, Leniel
Jairinho, o padrasto, Monique, a mãe, o menino Henry e o pai, Leniel Jairinho, o padrasto, Monique, a mãe, o menino Henry e o pai, Leniel

Na única entrevista concedida até agora, o Dr. Jairinho e a mãe de Henry, Monique Medeiros, sustentaram que o menino teria sido vítima de um acidente doméstico.

O pai da criança, Leniel Borel, refuta a hipótese, pois a autópsia aponta lesões graves: hemorragia interna, laceração hepática causada por ação contundente, lesões no tórax, cabeça e hematomas no corpo. “Como é que vou falar pras todos os pais do brasil que uma criança cai da cama e pode ser laceração hepática e hemorragia interna e quando olho o laudo final do IML tem baço envolvido, cabeça do meu filho com vários galos. Como vou falar que uma queda simples de cama pode acontecer isso?”, afirma Leniel.

Eu só pensava o que ele fez com ela%2C podia ter matado a minha filha

(Ex de Jairinho)

A ex-namorada de Jairinho diz que identificou relatos sobre o menino com o que aconteceu com a filha dela. “São coisas muito parecidas que ele fazia com ela. E as reações dela também, a reação de vomitar quando ele chegava perto. A reação dela ficar nervosa e não querer estar perto. Foram coisas que me chocaram, por isso eu resolvi que era o momento de falar, porque se for pra ser feita justiça, essa é a hora.”

Ela diz que sentiu ter agido com negligência. “A primeira vez que eu li sobre a reportagem, que saiu uma reportagem que eu assisti, eu tava sentada do lado da minha filha e eu não tive coragem de olhar para ela. A sensação que eu tive é que eu tinha sido completamente negligente, e que se eu tivesse feito alguma coisa, eu tivesse tido coragem, de repente não teria acontecido nada, sabe?”, lamenta. “Eu só pensava o que ele fez com ela, podia ter matado a minha filha.”

Depoimento

A filha dela já prestou depoimento no caso da morte de Henry, com acompanhamento de psicólogos. “Ela contou da ocasião da piscina, ela contou dessa ocasião do braço. Uma coisa que ela falou que ela não tinha me contado anteriormente, é que ele pisava na barriga dela. Colocava o peso na barriga dela, ficava em pé. Ela deitada no chão, e ele ficava em pé e botava o peso em cima dela.”

A coragem para falar sobre os episódios depois de tanto tempo, diz, veio da filha. “A coragem que ela teve, a força que ela teve de dizer para mim: Mãe, eu quero falar. Ela usou as seguintes palavras para mim: ‘Mãe, eu quero me libertar’. Ela mostrou ter uma força, uma coragem que eu nunca tive, que eu nunca tive. Que o medo que eu tive todos esses anos, ela mostrou para mim que a gente é capaz de fazer justiça. Que a gente é capaz, que a gente pode.”

Acusação

Leonardo Barreto, advogado de Leniel, está convencido de que Jairinho apresenta desvio de comportamento. “Ficou muito claro na minha cabeça que se trata de um comportamento agressivo ao extremo e de uma conduta que beira o sadismo. Ele tem traços de tortura. O tipo penal registrado na delegacia foi de tortura, então o que ele praticou a principio com a menininha foi uma tortura, ocasionando grandes lesoes e grandes sofrimentos fisicos e mentais na crianca sem que deixasse marca alguma, sem que deixasse resquicio algum probatório”.

Defesa

Advogado de Jairinho e Monique, André França diz que vem apontando testemunhas e apresentando provas documentais para “municiar as autoridades com a tranquiilidade da inocência, a tranquilidade de quem foi um padrasto zeloso e uma mãe extremamente amorosa.”

André França Barreto, advogado do padrasto e da mãe de Henry Borel, o vereador Dr. Jairinho e Monique Medeiros
André França Barreto, advogado do padrasto e da mãe de Henry Borel, o vereador Dr. Jairinho e Monique Medeiros André França Barreto, advogado do padrasto e da mãe de Henry Borel, o vereador Dr. Jairinho e Monique Medeiros

Segundo ele, a acusação da ex-namorada de Jairinho não procede. “Isso é descabido. Mais do que a palavra do H, a gente trouxe muito além disso. Nós trouxemos cinco testemunhas que revelam que isso é extremamente incabível. Ele segue muito confiante, muito seguro da verdade.” França afirma que, nos anos após o término do seu relacionamento, a ex perseguiu não só o vereador, mas a ex-mulher e a mãe do primeiro filho de Jairinho.

A notícia de uma possível violência por parte do Jairinho não é um único episódio. Existe um outro boletim de ocorrência, que foi feito pela ex mulher de Jairinho, onde se fala tambem em violência e agressões.

Essas pessoas que apresentam o perfil agressivo do Jairinho é uma minoria diante de centenas de outras pessoas que demonstram um Jairinho completamente dócil%2C amável%2C seja com relação aos três filhos dele%2C seja com enteado de uma ex namorada

(André França, advogado de Jairinho e Monique)

No registro, Ana Carolina, ex-mulher de Jairinho, relata ter sofrido agressões do vereador no dia 29 de dezembro de 2013. Ela disse na época à polícia "que, por diversas vezes, foi agredida por ele e que, certa vez, Jairo tentou enforcá-la." Procurada pela polícia para explicar melhor o que houve na época, Ana Carolina decidiu voltar atrás na acusação e retirou o que disse.

“Desde que isso veio à tona na mídia, eu tenho apresentado o que a própria Ana Carolina tem dito. Na versão dela, ela conta que fez isso num acesso de raiva. E sabendo que não era verdadeiro, não deu nem prosseguimento”, diz França.

O advogado afirma que o vereador tem adotado uma postura colaborativa. Apresentou requerimentos, apontou testemunhas, cedeu acesso ao apartamento, às chaves.

“Não há como se falar, em hipotese alguma, em prisão preventiva”, avalia o defensor. “Essas pessoas que apresentam o perfil agressivo do Jairinho é uma minoria diante de centenas de outras pessoas que demonstram um Jairinho completamente dócil, amável, seja com relação aos três filhos dele, seja com enteado de uma ex namorada.”

França explicou ainda porque Monique e Jairinho deixaram de participar da reconstiuição do crime. ”Por que não foi concedido prazo que entendemos adequado e razoável pra que, tanto o perito pudesse se deslocar do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro, quanto que a Monique e o Jairinho, que estão sob uso de medicamentos, pudessem regular isso para participar plenamente do ato.

Até o momento, 19 pessoas foram ouvidas.

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