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Cresce número de chacinas e tiroteios durante intervenção

Rio de Janeiro registrou cerca de 25 confrontos diários, revela pesquisa; 92% dos cariocas têm medo de morrer em assalto ou bala perdida

Rio de Janeiro|Jaqueline Suarez, do R7*

Entre fevereiro e abril, foram registrados 1.502 conflitos com 284 mortos
Entre fevereiro e abril, foram registrados 1.502 conflitos com 284 mortos Entre fevereiro e abril, foram registrados 1.502 conflitos com 284 mortos

O número de tiroteios e chacinas cresceu no Rio de Janeiro desde o início da Intervenção Federal na Segurança Pública. A constatação faz parte de um relatório divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Observatório da Intervenção, a partir de dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) e dos aplicativos Fogo Cruzado, Onde Tem Tiroteio e Defezap.

O estudo revelou que nos dois meses seguintes ao decreto – 16 de fevereiro a 15 de abril – foram registrados 203 confrontos a mais do que nos dois meses anteriores – 16 de dezembro a 15 de fevereiro. Ao todo, foram 1.502 conflitos, que deixaram 284 pessoas mortas e outras 193 feridas.

Outro dado alarmante é o crescimento do número de chacinas, entendido pelos pesquisadores como evento único que resultaram na morte de três ou mais pessoas. Entre fevereiro e abril de 2017 foram registradas seis chacinas com 27 mortes. Já em 2018, o número praticamente dobrou, saltando para 12 chacinas com 54 mortos.

A pesquisa destacou que “a existência de vítimas múltiplas em episódios de intervenção policial e de confronto de facções criminosas pode estar-se tornando uma marca deste novo momento do Rio sob intervenção”.

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No período pós-intervenção, os pesquisadores monitoraram 70 operações policiais. Em 25 delas, houve registro de mortes. Outro dado levantado é a participação das Forças Armadas, acionada sete vezes no período de dois meses.

Nessas ações foram apreendidas 140 armas, sendo 42 fuzis, 77 pistolas, 20 revólveres e 1 espingarda. Os pesquisadores defendem que o volume de apreensões é baixo, se comparado ao número de agentes empregados. Foram mais de 44 mil militares, considerando apenas as 25 operações em que efetivo foi informado. Isso resulta em uma média de 1.631 agentes por ação.

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Violação de direitos é preocupação entre pesquisadores
Violação de direitos é preocupação entre pesquisadores Violação de direitos é preocupação entre pesquisadores

“Tudo indica que o comando da intervenção não tem um modelo de política de segurança que pretende implantar. Pelo contrário, parece deixar que as polícias “façam seu trabalho”, sem orientações definidas de buscar a preservação da vida, sem metas, sem mudanças nos paradigmas que vinham orientando as ações”, diz um trecho da pesquisa.

Os pesquisadores se mostraram preocupados com o modelo de trabalho adotado durante a intervenção no Rio, com aumento no número de confrontos armados e riscos aos direitos civis. O relatório relembra a atuação polêmica do Exército nas favelas Vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia, quando militares abordaram aleatoriamente os moradores e os fotografaram, junto aos seus documentos de identificação.

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Outra atitude polêmica, retomada no relatório, foi a revista de crianças uniformizadas durante uma operação na favela Kelson’s, na Penha, zona norte carioca.

O relatório é coordenado pelo Cesec (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) da Universidade Candido Mendes, com apoio entidades da sociedade civil e órgãos como a Defensoria Pública e a Anistia Internacional.

Medo da violência

Outra face da violência abordada pela pesquisa retrata a percepção da população carioca sobre a segurança na cidade. Em março deste ano, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto DataFolha realizaram em parceria com o Observatório da Intervenção uma pesquisa sobre medo e vitimização no Rio de Janeiro. O resultado também é discutido pela pesquisa lançada nesta quinta.

Entre as revelações mais surpreendentes do levantamento, está a constatação de que 92% dos entrevistados afirmam ter medo de morrer em um assalto, de ser vítimas de bala perdida ou de se ver em situação de fogo cruzado. Estar em meio a um confronto foi realidade para 30% dos cariocas no último ano e para 37% da população residente em favelas.

A pesquisa mostrou ainda que 70% dos entrevistados disseram temer a violência policial.

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa

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