Destaques na Bienal do Livro, jovens autores dão novo gás à literatura
Tiago Vilariño será o autor mais jovem a lançar uma publicação no evento; Clara Savelli e Ana Beatriz Bradão vão encontrar o público com novas histórias
Rio de Janeiro|PH Rosa, do R7
A paixão pelos livros pode despertar desde cedo a vontade de contar suas próprias histórias, principalmente em crianças e adolescentes. É o caso de Tiago Vilariño, que aos 5 anos já assina a autoria do livro O Menino Que Descobriu as Cores junto com sua mãe, Tais Faccioli, e será o mais jovem autor da Bienal do Livro.
A jornalista diz que sempre estimulou o gosto dos filhos pela leitura e sempre deixou livros pela casa, para que eles pegassem e manuseassem.
“Associado a isso, eu faço assessoria de imprensa para a escritora Isa Colli, e ele sempre me vê fazendo textos, conversando com ela, fazendo revisão de livros. A literatura permeia nossa vida”, contou.
A ideia para o livro surgiu de uma brincadeira do menino que, vendo a parceria da mãe com a escritora, pediu para que ela gravasse a história no celular e mandasse para Isa.
“Ela me disse que ele é muito criativo e que a história dele é ótima, curta, mas que ele tinha uma linha de raciocínio. Então ela falou que se eu quisesse fazer a história, ela mandava para a equipe da editora avaliar. Eu já tinha alguns áudios, peguei esse, passei pro papel e ambientei.”
Taís disse que sua única contribuição para a história foi acrescentar a personagem da avó Sofia, inspirada em sua mãe, que é professora, para que o personagem principal tivesse com quem compartilhar as experiências, mas toda a história surgiu da cabeça de seu filho.
Esta será a primeira vez que Tiago participa de uma Bienal do Livro, como leitor e como autor. Segundo ela, o menino está animado para assinar os livros no estande da Catavento, no dia 4 de setembro, às 16h. E ele já começou a se preparar.
"Quando a gente fez uma tarde de autógrafos aqui na Tijuca, ele ficou cansado, foram 60 e poucos livros que a gente assinou, mas no final ele ficou cansado. Ele é criança, quero que continue sendo criança. Quero que isso seja, para ele, uma coisa prazerosa. A preocupação de não estressar”.
Jovem veterana
Também tijucana, Clara Savelli, de 28 anos, já está no mundo dos livros há cerca de 12 anos. Sua primeira publicação foi Mocassins e All Stars, em 2014, com três edições (duas por editoras pequenas e uma especial bancada por financiamento coletivo) e 4.500 exemplares vendidos em feiras e no boca a boca. Agora ela lança As Férias da Minha Vida, seu segundo livro físico, primeiro por uma grande editora.
Ela começou o primeiro livro aos 16 anos, quando abriu uma comunidade no Orkut para publicar os capítulos da sua história. Depois que a rede social foi extinta e o livro já estava lançado, a autora migrou para o Wattpad (plataforma online de publicação de históras), onde publicou um livro digital e alguns contos.
“Meu livro mais famoso lá tem, sozinho, quase 3 milhões de leituras [Acampamento de Inverno para Músicos (nem tão) Talentosos]. Dois anos depois que eu terminei as postagens, eu e os leitores fizemos uma campanha de publicação pedindo para editoras publicá-lo.”
Foi a partir dessa campanha nas redes sociais que editoras entraram em contato com a jovem interessados na história. Apesar de gostarem do material, a maioria das editoras solicitou um livro inédito para a autora.
“A campanha para publicação do Acampamento foi em junho de 2017 e logo em seguida eu comecei a escrever o Férias. Escrevi o livro em vinte dias. Em novembro, eu já tinha o contrato com a [editora] Intrínseca. Foi uma coisa muito rápida e muito fora do padrão”, contou.
Atenta aos comentários dos leitores nas redes sociais, Clara diz que tem gostado da recepção e, apesar de ser veterana, está ansiosa para participar da Bienal, onde estará todos os dias no estande da editora.
“Participo da Bienal desde que lancei o Mocassins, mas agora vai ser a primeira vez que vou estar em uma editora grande e estou muito ansiosa. Não sei o que esperar porque o mundo independente é muito diferente na Bienal, a gente fica em um estande pequeno com vários autores e é difícil conseguir a atenção do leitor. E a Bienal é um mundo, é um fluxo muito grande. E agora vou estar num espaço que as pessoas vão até você, sem ter que ficar chamando no corredor. Tô muito animada e acho que vai ser bem legal.”
Escritora voraz
Ana Beatriz Brandão, de 19 anos, nunca pensou em ser escritora. Foi ao contar um sonho que teve para a mãe e para uma amiga que recebeu o incentivo para passar a história para o papel. “Comecei a escrever sobre ele achando que ia virar um conto, ou que não ia dar em nada, e aí virou um livro, dois, três e nunca mais parei de escrever.”
Mesmo sendo tão jovem, a autora lança este ano seu sexto livro, Entre a Luz e a Escuridão, segundo volume de uma trilogia política distópica. O lançamento também será na feira literária, no estande da editora Record, dia 7 de setembro, às 16h. Acostumada a lançar um livro por ano desde 2014, a jovem diz que sua produção é voraz.
“Quando eu comecei a escrever, ainda por hobby, eu fiz uma mega produção, escrevi um livro atrás do outro, e agora eu tô com 20 livros escritos e terminados, então acaba indo um atrás do outro, mas como o processo de publicação é demorado, a gente acaba publicando um por ano”, contou.
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Ana disse também que, mesmo começando muito nova, aprendeu a lidar bem com críticas e elogios. “No início eu acabava ficando triste com as críticas, pensava em desistir, mas depois que eu comecei a crescer, comecei a ver as críticas de um jeito mais construtivo, como uma forma até mesmo de melhorar. Até as mais cruéis dá pra você tirar alguma coisa. Já o apoio dos leitores me fazem querer continuar. Sempre falo que não existe escritor sem os leitores, é importante olhar pros dois lados, da crítica e do elogio, que os dois fazem a gente crescer igualmente”.
Também ansiosa para lançar mais um livro na Bienal, Ana disse ver o evento como "a oportunidade perfeita para conhecer e interagir com os leitores".