Em bilhete apreendido pela PF, Fernandinho Beira-Mar revela relação com as Farc
Traficante foi transferido de presídio após operação que prendeu irmã e filhos
Rio de Janeiro|Do R7, com Record TV
Uma operação realizada nesta semana prendeu dez familiares do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, entre eles a irmã e cinco filhos. O esquema foi descoberto pela PF (Polícia Federal) após o traficante deixar um bilhete picotado dentro de uma marmita no presídio de segurança máxima de Rondônia. Segundo as investigações, ele comandava uma quadrilha de dentro do presídio. De acordo com a PF, o bilhete foi reconstituído e logo após a polícia encontrou e apreendeu cerca de 50 bilhetes redigidos para o traficante.
Em um bilhete divulgado pelo jornal O Dia, o traficante revelou planos de retomar comércio de armas com a Nigéria. Ele também admitiu que troucou drogas com traficantes nigerianos por 108 fuzis para abastecer as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia):
"Assim que a gente tiver caixa [dinheiro] vamos montar uma empresa nossa no Suriname e outra no Paraguai. Para a gente trazer tudo lá de fora a preço de custo. Como eu fazia para levar as armas para a guerrilha [Farc]. (...) Para comprar 108 armas na Nigéria (...) eu mandei a mercadoria no navio. Para cada quilo de pó [cocaína] eu pegava 4 bico [fuzil]", diz trecho de carta apreendida pela PF.
A quadrilha comandada pelo traficante foi desmantelada na quarta-feira (23), quando foi realizada a operação Epístolas, da PF. As investigações apontam que o grupo chegou a faturar cerca de R$ 9 milhões em dois anos. Ao menos 51 contas foram bloqueadas por serem suspeitas de de movimentar o dinheiro do grupo criminoso.
Imagens de câmeras de segurança mostram como o traficante fazia para se comunicar com o lado de fora. Beira-Mar passava os bilhetes por baixo da porta para seu vizinho de cela, que tinha direito a visita íntima. Dessa forma, os bilhetes chegariam aos seus comparsas.
Após a operação, Beira-Mar foi transferido do presídio onde estava há 11 anos para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
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