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Estudantes de escolas públicas farão batalha de slam na Bienal do Rio

Gabriel Santos e Lívia Araujo escrevem e recitam poesia há mais de um ano e irão participar da IV Slam Colegial da Flup na Bienal do Rio 2019 

Rio de Janeiro|Vinícius Andrade, do R7*

Gabriel Santos começou na batalha de poesia através da escola
Gabriel Santos começou na batalha de poesia através da escola

“Veja só que hilário todo ano tem enquadro de aniversário”, dizem os versos do slam (poesia ritmada)do estudante Gabriel Santos, que, segundo ele, retrata a vida de muitos jovens que moram nas favelas cariocas e sofrem com a repressão policial. Outra estudante que mostra a visão das comunidades, através da poesia, é Lívia Araújo. Os dois vão participar da IV Slam Colegial da Flup na Bienal do Rio 2019 e levarão suas vivências para a competição.

Incentivadores da leitura mudam vidas de crianças nas favelas do Rio

Com 17 anos, Gabriel Santos estuda no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti no Largo do Machado, e foi na instituição que o jovem começou a praticar os primeiros slams (saiba mais no final da matéria).

Morador da Vila da Penha, ele recita poesia há mais de um ano e conta na maioria dos versos o cotidiano na favela. “É uma forma de me expressar, de mostrar o que sinto e principalmente o que acontece diariamente nas favelas. 90% do que escrevo é realidade.”


Além disso, a arte do jovem retrata o comportamento da sociedade. “População que não levanta para gestante, já não sei se acredito em vocês o bastante”, verso que foi composto por Gabriel no metrô, quando uma grávida estava em pé no vagão.

Lívia, de 16 anos, escreveu sua primeira poesia em uma das aulas de português no Ciep (Centro Integrado de Educação Pública) 241 Nação Mangueirense. Logo em seguida, foi apresentada ao slam, prática que ajudou a aluna no rendimento escolar. “Através dele fui perdendo a timidez e meus poemas evoluíram bastante”.


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A adolescente mora no Parque Arará, em Benfica, zona norte da capital fluminense, e, além de falar do cotidiano da favela, também escreve poemas sobre as lutas e conquistas femininas.

“Na história do mundo. Abaixo dos homens fomos postas. Culpadas pela expulsão do paraíso. Quando rainhas, descartadas sem a cabeça. E na fogueira, como bruxas fomos mortas”, diz o slam recitado por Lívia em um evento no Museu do Amanhã, zona portuária do Rio.


Slam: a arte da poesia falada

Slam é uma palavra em inglês que significa “batida”, mas nos anos 80 o termo ganhou outra definição em Chigaco, nos Estados Unidos. A palavra virou sinônimo de uma poesia falada, que de forma rápida e clara, transformou os versos escritos em rimas musicais.

No Brasil, o movimento surgiu em 2008, mas só ganhou aderência no país, especificamente no Rio de Janeiro, através da Flup (Feira Literária das Periferias). Em 2014, o evento contou com a primeira competição nacional, com poesias de mais de 16 países.

Dois anos depois, a Flup levou o slam para dentro das escolas públicas do estado. Segundo o organizador do evento, Julio Ludenir, a aderência dos estudantes com o movimento foi imediata. “Quando entendemos que os jovens tinham se identificado com aquele tipo de poesia , começamos a fazer o colegial. Os alunos vibravam igual a torcida do flamengo no Maracanã.”

*Estagiário do R7, sob supervisão de PH Rosa

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