Ex-secretário de obras é suspeito de 47 atos de lavagem de dinheiro
Alexandre Pinto é acusado de receber propinas durante gestão na Secretaria Municipal de Obras do Rio e enviar dinheiro para contas no exterior
Rio de Janeiro|Jaqueline Suarez, do R7, com Record TV Rio
Cinco dos seis mandados de prisão expedidos na operação Mãos à obra foram cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira (23). Entre os alvos estão o ex-secretário de Obras do Rio, Alexandre Pinto, e o ex-subsecretário da pasta Vagner de Castro Pereira. A ação investiga um suposto esquema de propina envolvendo a antiga gestão da Secretaria Municipal de Obras.
Alexandre Pinto, Vagner de Castro e o doleiro Juan Luis Bertran Bitllonch foram alvos de mandados de prisão preventiva. O ex-secretário de obras prestou depoimento na sede da Polícia Federal, no Centro, e já foi encaminhado ao Presídio de Benfica, zona norte da cidade. Já o ex-subsecretário, ainda presta esclarecimentos na PF.
Foram expedidos ainda outros três mandados de prisão temporária de pessoas ligadas à empresa Dynatest Engenharia, dos quais apenas dois foram cumpridos. Além de quatro mandados de busca e apreensão cumpridos, entre os 18 expedidos.
Para o MPF (Ministério Público Federal), o esquema de cobrança de propina na Secretaria Municipal de Obras foi muito além de irregularidades nos contratos das empreiteiras com a Prefeitura. O depoimento de um colaborador revelou que o esquema alcançou empresas, prestadoras de serviços e fornecedoras de materiais para as contratadas.
R$ 6 milhões no exterior
O ex-secretário de obras, Alexandre Pinto, é acusado de 47 atos de lavagem de dinheiro. Ele é responsável, segundo as investigações, por um sofisticado esquema de envio de recursos ao exterior. Além de colocar as propriedades em nome de parentes, como já havia sido denunciado em agosto passado pelo MPF, ele também usava empresas offshore operadas por terceiros para retirar os recursos ilícitos do país.
Um dos colaboradores revelou ao Ministério Público que movimentava, a pedido de Alexandre Pinto, parte dos recursos em suas contas no exterior, cerca de R$ 6 milhões. O valor será objeto de restituição à Justiça Federal.
A função do ex-subsecretário, segundo o MPF, era recolher o pagamento de propina feito pelo Consórcio Dynatest-TCDI. O grupo foi contratado para realizar atividades de monitorização dos contratos de obras e serviços relacionados à implantação da Transbrasil, corredor exclusivo de BRT que ligaria o centro da cidade do Rio ao bairro de Deodoro, na zona oeste.
Foi identificada cobrança de propina também relacionas às obras de restauração da linha Vermelha; Programa Asfalto Liso; entorno do Maracanã; e corredores Transoeste e Transcarioca;
As investigações apontaram ainda que o consórcio contratado foi formado por indicação de Alexandre, que exigiu a inclusão da TCDI, de propriedade de Wanderley Tavares da Silva. Segundo o colaborador, o ex-secretário lhe informou que tal inclusão se devia à influência de Wanderley junto ao Ministério das Cidades.
O esquema ainda contava com a participação dos fiscais que supervisionavam o contrato com o Consórcio Dynatest-TCDI. No total, foram solicitadas ao consórcio vantagens indevidas correspondentes a 7% do valor do contrato, o que equivale a cerca de R$ 1,8 milhão.
As investigações, que resultaram na prisão do ex-secretário de obras, tiveram início na operação Rio 40 Graus. As duas ações fazem parte dos desdobramentos da Lava Jato no Rio.
O advogado Daniel Gerber que representa a defesa de Wanderley Tavares da Silva afirmou, por nota, que qualquer manifestação sobre o caso se dará somente dentro dos autos. O R7 não conseguiu contato com a defesa de outros citados na investigação.
*Sob supervisão de PH Rosa