Exclusivo: polícia reconstitui trajeto de Marielle e Anderson
Investigadores fotografam a calçada da rua dos Inválidos e fazem medições para identificar o local em que os carros aguardavam Marielle
Rio de Janeiro|Fabíola Perez, enviada ao Rio de Janeiro
A Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalha para apurar o posicionamento dos veículos que seguiram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes. Desde o início da tarde desta quarta-feira (21), investigadores fotografam a calçada da rua dos Inválidos e fazem medições para identificar o local em que os carros aguardavam Marielle.
"Estamos verificando as posições", afirmou um dos investigadores. "Daqui seguiremos até o local que a morte ocorreu."
Polícia adota sigilo na investigação da morte de Marielle e motorista
De acordo com a gerente de um estabelecimento ao lado da Casa das Pretas, local onde Marielle participava de um evento na noite em que morreu, os encontros na casa costumam não chamar a atenção dos vizinhos. "São sempre discretos. É uma rua muito movimentada", diz Bianca Marques Guimarães.
No dia seguinte à morte, a Polícia Civil esteve no prédio ao lado da Casa das Pretas para verificar as imagens do edifício. "Só vi as imagens no dia seguinte, a Policia chegou e pediu para olhar as imagens", afirma Carlos Daniel da Silva, responsável pelo monitoramento das câmeras de segurança do prédio.
‘O tempo da investigação não é o tempo da nossa angústia’, diz Freixo
Às 15h10, policiais civis chegaram a rua João Paulo I, na esquina com a rua Joaquim Palhares. A equipe deu sequência à medição para identificar o posicionamento dos carros. Isso porque, segundo depoimento da assessora que sobreviveu ao ataque, quando o motorista Anderson foi alvejado, as mãos teriam caído do voltante e ela teria puxado o freio até o veículo parar por completo.
Em frente ao local em que Marielle teria sido morta há diversas homenagens: flores, faixas, cartazes, pinturas e inscrições. "Vim aqui só para ver as homenagens. Conheço bem essa área", diz Marleide Monteiro. "As pessoas criticam o fato de que não há tantas homenagens a outras pessoas que morrem, mas Marielle trabalha justamente para isso, para que ninguém morresse injustamente."
Câmeras
A reportagem do R7 refez o possível caminho que Marielle, Anderson e a assessora que sobreviveu ao ataque teriam feito ao deixar a Casa das Pretas na quarta-feira (14). Ao longo do trajeto, foram verificadas 11 câmeras.
Questionada, a Prefeitura do Rio de Janeiro informou que nesse trajeto cinco dessa câmeras não estavam funcionando. Algumas dessa cinco (o órgão não soube informar a quantidade exata, segundo a assessoria de imprensa, seriam câmeras cuja função é quantificar o número de carros. O órgão informou ainda que espera que a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) do Rio forneça a informação.
Homenagem
A Casa das Pretas, local onde Marielle estava horas antes de ser morta, passou o dia trancada com cadeado. O R7 conversou com uma das funcionárias da casa. "Gostava de acompanhar esse trabalho da Marielle. Ela era uma pessoa muito feliz", afirma Assambé Monteiro, que disse ter deixado o local na noite da morte da vereadora por volta das 19h30.
A Casa prepara uma homanagem para Anderson e Marielle, que deve ocorrer na quinta-feira (21), a partir das 18h, na rua dos Inválidos.